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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Viveremos Sempre-Francisco Cândido Xavier

 

Índice do Blog 

VIVEREMOS SEMPRE

CHICO XAVIER
ESPÍRITOS DIVERSOS



VIVEREMOS SEMPRE
Emmanuel

Se chorares a perda de entes queridos que te precedera, na Grande Mudança; se te sentes à margem do desespero, perdendo a alegria de viver; se mergulhas o próprio coração no poço da amargura; se te acreditas de alma atirada a um rio de lágrimas; se a ausência das pessoas amadas te ensombra os horizontes do futuro; se te admites sem coragem para facear as dificuldades e provações do presente; se te acreditas sem força para suportar as obrigações que te ficaram nos lances da existência; se julgas que a vida termina em cinza e poeira...

Levanta o próprio espírito para a fé em Deus, abraça os deveres que te foram entregues pelos seres amados que partiram para o Grande Além, honrando-lhes a memória e continua trabalhando e servindo na certeza de que todos nós viveremos sempre...

Uberaba, 12 de março de 1993.


 
FAMÍLIA AYRES PINHEIRO

CELSO AYRES PINHEIRO

Nascimento: 05 de fevereiro de 1963
Desencarnação: 11 de fevereiro de 1982
Idade: 19 anos.

Esclarecimentos:
Pais: Antenor Ayres Pinheiro e Judith Marins Pinheiros, residentes em São Bernardo do Campo – SP.
Irmã: Tânia Ayres Pinheiro.
Avô: Belarmine Ayres Pinheiro, paterno, desencarnado aos 70 anos.
Avó: Maria Júlia Freire Marins, desencarnada em 18.11.’972; materna.
Amiga: Célia Helena, professora de teatro, que lhe ministrou as aulas.

Comentários:
Celso, após ter conquistado o que mais desejava na vida, ser ator de teatro, completou o seu curso e, muito feliz, acertou uma viagem ao Rio de Janeiro para sindicalizar-se e colocar em prática o seu aprendizado.
Completar-se na sua vocação.
Muito afeiçoado à sua irmã Tânia que o apoiava nas suas intenções, através de uma amiga na cidade maravilhosa, consegue-lhe acomodações; em um apartamento vago de propriedade de um amigo dessa companheira.
Lá chegando, acomodou-se rapidamente.
Apesar de ter recebido convite para ficar em companhia dessa amiga, preferiu ficar sozinho no apartamento.
Procurou banhar-se, no chuveiro a gás, desconhecendo provavelmente o seu funcionamento. Abriu a torneira, ligou o gás e não acendeu o bico, deixando-o aberto. Sem perceber, envolvido e intoxicado, cai desacordado, desencarnando em seguida.
Esta amiga, depois de dois dias, estranhando a falta de notícias de Celso, preocupada, procurou visita-lo, encontrando-o no banheiro com a água a lhe cair sobre o corpo.
Esta situação era desesperadora e, para ameniza-la, Dona Judith passou a frequentar quase que diariamente a Escola de Teatro, no Bairro da Liberdade em São Paulo, porque lá se sentia mais perto de seu filho.
Célia Helena, professora que fora de Celso, compadecida daquela situação, convida Dona Judith para ir até a Federação Espírita do Estado de São Paulo e recomendou-lhe que frequentasse um Centro de sua confiança, apresentando-a a pessoa amiga.
Neste contato com a Doutrina Espírita, começa a entender. Suscita-lhe a vontade de ir a Chico Xavier, e assim o fez por várias vezes.
Em certa ocasião, em companhia do Sr. Orlando Moreno, do IDEAL – Instituto de Divulgação Editora André Luiz, viaja mais uma vez para Uberaba e nesse dia a misericórdia de Jesus a abençoa com a mensagem de seu filho, escrevendo com palavras esclarecedoras sobre o acontecido, tranquilizando-a e criando-lhe novas esperanças.

Mensagem de Celso Ayres Pinheiro

Querida Mãezinha Judith e querido papai Antenor, estamos reunidos na mesma certeza de presença e de amor. Certo de que me abençoam, peço-lhes me perdoem este noticiário inexpressivo.
Reconheço que as circunstâncias de minha despedida de nossa vivência familiar foram efetivamente as mais estranhas.
Depois do que me sucedeu, tive a impressão de que a própria existência na Terra é uma representação artística habilmente preparada por aqueles que se fazem agentes das Leis Divinas junto de nós no mundo habitual.
Imaginem que quando a nossa Tânia me conseguiu a gentileza do empréstimo de um apartamento vazio, pertencente a uma amiga, a fim de que a minha presença na cidade grande fosse facilitada, eu não poderia supor que estava recebendo a chave de minha própria transformação.
Demandei o lugar em que se me faria a matrícula no reino dos atores consagrados, com a minha esperança de menino e moço quase ingênuo, com a assistência da mossa estimada professora Célia Helena, e não sei porque os meus sonhos de trabalhar no palco ou na televisão começavam a me esquentar a cabeça...
Cheguei ao apartamento vago, tomando de inexprimível alegria, entretanto, sem qualquer instrução prévia, procurei o banho restaurativo, antes de entrar em contato com o novo ambiente, mas, inexperiente e desinformado, abro o bico do gás, que se derramou envolvente e caí desacordado no próprio banheiro em que me achava...
Aquilo, porém, não era sono, foi a desencarnação que me desligou prontamente do corpo físico.
Minhas fantasias de rapaz terminavam em tragédia, porque a morte não estava absolutamente em minhas cogitações.
Somente mais tarde vim, a saber, por meu avô Belarmino e por minha avó Maria Júlia, que por muitas horas o chuveiro bafejava com água farta o meu veículo inerme.
A dor dos pais queridos e dos irmãos se fez igualmente minha, e recebi o acontecimento por instrução da vida que me assinalava um papel tão curto em nossa família, quando esperava de minha parte um tempo longo que não chegaria a me pertencer.
Mãezinha Judith; peço dizer à nossa Tânia e à nossa professora Célia, para que não se impressionem negativamente com o acontecido. Tudo o que se faz ocorrência em nossa vida tem um motivo que nem sempre descobrimos de imediato...
Por isso, aguardo novas lições da vida, para deslindar o porquê de meu súbito regresso à Vida Espiritual.
Tudo agora vai seguindo bem e agradeço a todos o carinho que me dedicaram, amparando-me com os melhores pensamentos e com a luz de abençoadas orações que se erigiam em grande apoio em meu favor.
Envio muitas lembranças aos irmãos queridos e pedindo-lhe, querida Mamãe, para cessarmos as nossas lágrimas, de maneira a apaziguar o nosso íntimo na fé em Deus, reúno o seu amor o coração e o papai Antenor no grande abraço de muitas saudades e gratidão de quem se considera e se considerará sempre o filho e companheiro reconhecido.
Celso Ayres Pinheiro.
 
FAMÍLIA DELFINA REVERTE

TEREZA DELFINA REVERTE

Nascimento: 12 de outubro de 1932
Desencarnação: 28 de março de 1983
Idade: 51 anos

Esclarecimentos:
Esposo: Diogo Garcia Villar Reverte, residente em Barbosa Ferraz – Paraná.
Filhos: José Cláudio Garcia, desencarnado juntamente com a sua mãe no acidente.
           Dilma R. Quinteiro.
Mãe: Custódia Delfina Teodoro, desencarnada em São Paulo, em 03.03.1983.
Sogro: Diogo Garcia Villar, desncarnado em Maringá, em 28.11.1972.
Genro: Antonio Quinteiro.
2a. Esposa: Maria Aparecida Fernandes.

Comentários:
Em viagem para Marília para tratamento médico, desfrutando da rica paisagem pela estrada que o radioso dia oferecia, estavam Dona Tereza Delfina Reverte e seu filho José Cláudio Garcia.
Na altura de Arapongas acontece o inevitável. José Cláudio em seu Chevette; colide com um pesado caminhão, chocando-se de frente.
Nos detalhes pode-se observar na lindíssima mensagem de Tereza reverte que, apesar do pouco estudo, era muito inteligente, cuidava de todos os negócios da família. José Cláudio cursava a Escola Técnica.
Após o acontecido, Dona Dilma Lúcia Reverte Quinteiro, sua filha, relatora deste pequeno apontamento, passou a buscar consolo nos livros editados de mensagens psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier. Viajava mensalmente para Uberaba a fim de obter uma mensagem de sua mãe, pois achava ter a mesma chance de outras pessoas que lá obtiveram mensagens psicografadas de seus familiares e amigos.
Lamentavelmente, na maioria das vezes em que viajou, desencontrou-se do médium em Uberaba. Chico viajava muito por problemas de saúde.
Depois de 10 meses indo a Uberaba, conseguiu conversar com Chico Xavier e nesse primeiro contato recebeu a notícia de que a sua mãe estava amparada por um senhor de idade, estatura baixa, por nome de Diogo. Com esta notícia Dona Dilma começou a chorar e a tremer de emoção. Quando Chico lhe perguntou onde tinha sido o acidente, muito emocionada errou o nome da cidade dizendo ter sido em Londrina. Confusa ainda; retificou para Rolândia e em seguida ouviu da própria voz do Chico que sua mãe estava dizendo que o acidente havia sido ocorrido em Arapongas. Quase perdeu os sentidos. Foi convidada para que voltasse para a reunião evangélica da noite.
Assim foi feito.
Tereza Delfina Reverte comunica-se na reunião.
A mensagem foi para a família, remédio que curou a todos. Alegres ficaram por saber que a sua mãe e seu irmão estavam amparados. Vivos. Passou então a frequentar as reuniões espirituais.
Muito feliz ficou em poder participar com a mensagem de sua mãe em livro, porque para ela são de importância vital as mensagens publicadas. Entende o valor desses livros, principalmente nas cidades mais longínquas e interioranas.
Recomenda como aluna cristã, que hoje entende o que é a dor da perda de um ente querido, e aos que passam por essa provação, que tenham fé, paciência e resignação.
Aguardar, sempre aguardar com ternura nos corações, porque Deus não desampara a nenhum dos seus filhos.
Ela que não tinha nenhum conhecimento da Doutrina; agradece a Deus a oportunidade de ter conhecido Francisco Cândido Xavier, o amor em forma de pessoa.

Mensagem de: Tereza Delfina Reverte

Minha querida Dilma, Deus nos abençoe.
Sei que o seu carinho de filha urde naquela sede que também me senhoreia o pensamento, a sede de nosso intercâmbio.
Filha; agradeço o carinho que lhe trouxe a presença até aqui.
É verdade. As nossas notícias do nosso querido José Cláudio e minhas, são perfeitamente avaliáveis por você.
O choque das máquinas foi violento. Vínhamos pela estrada afora admirando o verde das margens, na estrada que o carro seguia com os melhores movimentos.
Seu irmão, sempre atencioso, me convidava a atenção para ver as flores e o Céu, no entanto, a movimentação nos arredores de Engenheiro Beltrão passou a ser muito ativa.
Tudo foi um mínimo de tempo. Não sei se os freios ficaram desobedientes. O que percebi é que o nosso veículo não tinha mais tempo para se distanciar da máquina pesada que nos colheu. Foi um tremendo conflito provocando atenção. De início me senti quebrada em todas as forças de meu corpo, mas você sabe que o instinto de mãe não hesita perante um filho necessitado. Quis abeirar-me do filho ali perto, necessitado de minha assistência, mas onde os recursos para mobilizar as mãos paradas e a boca imóvel?
Apenas meus olhos ainda viviam. Busquei cerra-los para entregar-me à oração e ainda encontrei energias para isso. Pedi a Deus nos socorresse, já que estávamos à frente do inevitável. Uma sensação de tristeza misturada de esperança me comandava os sentimentos. Repeti em pensamento todas as preces de que a memória ainda conseguia mentalizar e dormi, refletindo na extensão do acidente em casa.
Diogo, você e seus irmãos estavam em minhas lembranças que mergulhavam na inconsciência à maneira de barcos se afundando em águas profundas e, adormeci, pedindo a Deus nos valesse e nos acudisse da melhor forma possível.
A projetada viagem para Marília se interrompera de vez, porque reconheci que seu irmão não conseguiria sobreviver.
A minha luta para a rendição aos Desígnios de Deus não foi pequena. Depois veio o esquecimento.
Mãos benditas transportaram a mim e a meu filho para um recanto de paz, em que o repouso cobria as minhas inquietações. Tive o conforto de receber o carinho da mãezinha Custódia e encontrei um amigo em meu sogro, que se me revelou à feição de um pai cuidadoso e amigo.
Você compreende, o nosso querido José Cláudio não conseguiria escapar a uma recaída nos distúrbios mentais que atravessara e foi internado em Instituto adequado ao tratamento de que necessitava.
Posso vê-lo e visitá-lo, no entanto, não posso apagar de vez as aflições maternas que ainda me invadem o coração.
Filha querida; compreenderá você que sua mãe não a esqueceu, entenderá que as suas preces são Estrelas que brilham em meu caminho, mas, que mãe do mundo deixará sozinho o filho sofredor, transplantado compulsivamente para outra moradia de tratamento?
Você e seus irmãos me perdoarão se eu disser que tudo aconteceu da melhor maneira.
Se o nosso querido José Cláudio teria de vir para cá num acidente incontrolável, não foi melhor estivesse ele comigo?
Sinto saudades de vocês todos amores de minha alma; entretanto, ao vê-lo assustado e novamente neurotizado, reconheço que o meu lugar é aqui onde a bondade de Deus me localizou para assisti-lo. Graças a Deus, vejo você e o nosso prezado Quinteiro, felizes e seus irmãos preparando o futuro, e penso que se sentirão confortados ao saber que a mãezinha Tereza está junto do filho que lhe nasceu do coração e do ventre, ao modo de uma flor doente que a Divina Providência me confiou para abençoar e tratar, enquanto isso for necessário.
Peço a você compreender que o segundo casamento de seu pai. Era uma necessidade que não podíamos desconsiderar. O meu sogro me fez ver que o nosso Diogo não devia ficar só, e auxiliou para que a nora viúva me tomasse o lugar em casa. Compreendi suas dificuldades e que isso era justo e indispensável. Creio deva ser muito triste para qualquer esposa desencarnada, observar o esposo descontrolado e sem direção e, por isso, louvo ao nosso Pai Celestial por reconhecer a nossa Maria auxiliando a mim, doando a seu pai a assistência que não mais a ele posso dispensar.
Filha querida, você é a filha de meu coração na forma de mulher que me consegue compreender, continue ofertando ao papai Diogo tudo de bom que você puder e faça esperança e otimismo em nossa casa.
Não nos lastime, nem se sinta esquecida por Deus por haver perdido a minha presença no mundo físico. Isso é apenas impressão.
Quando as suas orações e lembranças se encontram com as minhas, ambas conversamos, como sempre, e trocamos as nossas idéias com fé em Deus. Um dia, que desejo esteja muito distante, pois desejo a você uma existência tão longa quanto possível, encontrar-nos-emos de novo para a continuidade de nossa vivência em comum. A saudade para mim é um caminho de volta ao passado que percorro, sentindo-a de novo em meu colo, a fim de falarmos das coisas de Deus. Bendita seja essa saudade que se nos faz ligação permanente.
Encoraja o papai nas tarefas da vida, não admita que ele se afogue em amarguras desnecessárias e agradeça a ele por mim, por não haver incomodado a ninguém, abstendo-se de processos contra o motorista, que não teve culpa de nossa máquina se haver derivado para incomodar-lhe o caminho direito.
Graças a Deus, o nosso Diogo ouviu as minhas petições, porquanto nas horas de sono, várias vezes, pedi a ele não nos fizesse incompreensivos e ingratos.
Dilma querida, aí estão as nossas notícias.
Perdoe-me se chorei ao escrevê-las, sou mãe e você não desconhece que as mães trazem sempre o coração derretido no calor do sofrimento, embora esse sofrimento seja emoldurado pela fé viva em Deus.
Abrace a todos os nossos por mim e receba muitos beijos da mamãe, sempre a sua mamãe.
Tereza


 
FAMÍLIA DEMATHÊ FILHO

JOSÉ DEMATHÊ FILHO

Nascimento: 19 de outubro de 1961
Desencarnação: 11 de dezembro de 1982
Idade: 21 anos

Esclarecimentos:
Pais: José Demathê e Iraides Camilo Demathê, residentes no bairro de Floresta, Joinvile – Santa Catarina.
Irmãs: Gérlia Demathê Teixeira e Leila Maria Demathê Schimitt.
Avó: Maria Nazária, materna, desencarnada em 27.05.1950.
Mário: Mário Kaisemodel – amigo desencarnado no mesmo acidente.
Ana Paula: Amiga da Família.

Comentários:
José Demathê Filho, moço de qualidades promissoras, comportamento exemplar, garantia no lar de dona Iraides e Sr. José Demathê a presença da felicidade com o amor e o respeito que a vida espera dos filhos de Deus.
Estudante; preparava-se para Administração em Empresas, quando lamentável acidente ceifa os seus dias na Terra.
Ao dirigir-se à Praia de Barra Velha em Joinvile, Santa Catarina, a passeio em companhia de amigos, sempre precavido que fora na direção de veículos observou, à distância, alguma irregularidade em outro veículo na ultrapassagem a uma carreta.
Saiu para o acostamento tentando facilitar-lhe a manobra, pois vinha em sentido contrário ao seu.
Não adiantou, no acostamento foi atingido pelo outro veículo que se perdeu nessa operação de ultrapassagem.
Do acidente resultou a sua desencarnação, de seu colega Mário Kaisemodel que estava em sua companhia e do motorista do outro veículo.
Para um coração de mãe que nunca ficou um instante seque sem ouvir a voz de seu filho, de repente tudo silenciou.
Aquela família alegre; enlutou-se. Dona Iraides, desanimada, não mais cuidava do lar, não saia de casa e os familiares se desesperavam ao ver o seu estado.
Com o choque emocional, adoecera a ponto de se ver impossibilitada de andar.
Pela leitura de livros de entes queridos de outras famílias, que partiram, psicografas por Francisco Cândido Xavier, e convidada por um jovem espírita que integrava a Caravana do Amor da Sociedade Joinvilense que ia para Uberaba, foi em sua companhia.
Nada conseguiu de concreto para satisfazer seus anseios em ter uma mensagem de seu filho.
Insistiu. Voltou mais vezes à presença de Chico Xavier e, na quarta viagem, consegue pelas abençoadas mãos desse mensageiro a carta de seu filho querido.
Desejando mais notícias e por agradecimento, quando possível, visita o Grupo Espírita da Prece em suas contínuas reuniões.
Aliviada, nas linhas que seguem, o seu recado reconfortante às famílias que se identificam nessa dor:

“Chico Xavier, essa criatura de coração tão puro, com o seu olhar tão meigo e sua voz tão calma, que expande tanto amor nessa missão linda de divulgar e exemplificar a Doutrina Espírita e a confortar os corações aflitos como instrumento de Jesus, a essas famílias aflitas, que orem e confiem em Jesus, porque em Chico Xavier está a esperança de se encontrar a paz em nossos corações por essas mensagens abençoadas dos entes mais queridos”.

Mensagem de: José Demathê Filho
Querida mamãe Iraides; abençoe-me, o que lhe peço lembrando a presença do papai que continua sempre vivo e ativo em minhas saudades.
Mãezinha Iraides; estou em companhia da vovó Maria Nazária que desejou vir até aqui, em minha companhia para abraça-la.
Sei que os seus pensamentos se conjugam nas mais variadas formas de indagação para reconstituir a cena última de minha passagem pela vida física.
Quando saímos de Joinvile, na direção de Barra Velha, mal sabíamos que estávamos ultimando o tempo de nossa alegria da vida em comum dentro de nossa casa feliz.
Quando o Mário e eu vimos à carreta pesada, no caminho que nos cabia transpor, retiramo-nos discretamente para longe da pista, não somente por nós, mas também por nossas companheirinhas.
Aconteceu o imprevisto. Um carro desgovernado, talvez buscando distância da carreta referida, se precipitou sobre nós, estabelecendo o salseiro em que o companheiro e eu encontramos a desencarnação.
Tentei, de minha parte, estender os braços na direção de nossas jovens companheiras, mas não mais possuía qualquer migalha de força. Compreendi que tudo para mim estava terminando, de vez que nem da voz dispunha para qualquer observação.
Pensei em Deus, voltei às orações dos dias de criança e, sem querer, dormi pesadamente.
Acordei, mais tarde, incapaz de precisar o tempo gasto naquela ausência de mim próprio e reconheci que uma senhora velava por mim num aposento diverso do nosso.
Voltar a mim mesmo foi um processo lento de recuperação de minhas faculdades que não sei descrever.
Entretanto, aos poucos, pude reaver a minha capacidade de conversar.
Perguntei quanto quis, porque a benfeitora que me protegia, com a melhor paciência, me recomendava chamá-la por avó Maria Nazária e fiquei sabendo, em minúcias, de todos os lances do acidente em que me vi de corpo trocado, embora estivesse informado por minha avó de que aquele corpo não era novo e, sim, o meu corpo de sempre, que usufruíra no Plano Físico, um engenho de tecidos carnais para chumbar-me à escola das experiências terrestres por tempo determinado. Indaguei do amigo Mário e fui esclarecido de que ele se reconstituía em outro ambiente e soube também que as nossas companheiras haviam ficado ilesas, o que me proporcionou grande satisfação, porque muito me doeria sabê-las em condições iguais às minhas.
Com o decurso de novos dias, pude voltar ao nosso ambiente e chorar consigo, fitando nossos retratos.
Mãezinha Iraides, a vida parece a mim que ainda sou tão pequeno em conhecimentos espirituais, um ir e vir sempre atuantes, em cujos movimentos assimilamos muitos conhecimentos quase que sem perceber.
Acompanho a nossa Gérlia Maria e a nossa Leila Maria, as queridas irmãs, desejando-lhes muita felicidade.
E quero, ou melhor; preciso solicitar-lhe comunicar à tia Izaildes que a nossa Nerci vai indo muito bem e que já consegue colaborar com a querida tia na solução dos problemas domésticos. Vejo todos os parentes e o meu pai José acoplados nas obrigações que abraçam e rendo graças a Deus por vê-los todos com as melhores disposições para agir e realizar.
Mãezinha Iraides; peço-lhe não se incomodar com os jovens embriagados que involuntariamente se plantaram sobre nós, arrasando-nos o carro e subtraíndo-nos a vida.
Pobres meninos! Estavam todos tisnados por alguma bebida forte porque na hora difícil não encontrei lucidez em nenhum.
Digo isso, mas entendendo que isso poderia também acontecer a seu filho, porque seria um prodígio irrealizável encontrar criaturas perfeitas na Terra.
Eles também estavam escapando ao perigo que suspeitamos para nós próprios e sei que um deles foi surpreendido pela morte, numa brincadeira de mau gosto na qual se desempenhavam.
Mãezinha; agradeço as suas preces e as preces da tia Izaildes em nosso benefício, pois esse amparo se reveste de grande significado em nosso auxílio.
Agradeço muito o seu carinhoso interesse em procurando as minhas notícias. Deus a recompense por toda a sua abnegação.
Abraços a meu pai e às querida irmãs com a nossa Ana Paula e, com o respeitoso afeto de sempre, beija-lhe a fronte querida o seu filho agradecido de sempre.
José.
 
FAMÍLIA ECCARD VOLLÚ

MÁRCIA REGINA ECCARD VOLLÚ

Nascimento: 15 de agosto de 1953
Desencarnação: 10 de dezembro de 1978
Idade: 25 anos

Esclarecimentos:

Pais: Elicê Wally Vollú e Edda Sardenberg Eccard Vollú, residentes em Niterói – RJ.
Irmãos: Marcos Luiz Eccard Vollú, Mara Rosângela Eccard Vollú, acidentada com traumatismo craniano, sobreviveu milagrosamente.
Maria: Vovó Maria Luiza – bisavó materna de Edda Sardenberg Eccard Vollú, falecida em 1938.
Horácio: Noivo de Márcia Regina, com casamento marcado para 20.01.1979.
Antônio José: Antônio José de Oliveira, namorado de Maria Rosângela.
Procópio: Procópio Eccard Salles, avô materno.
Juracy: Juracy Sardenberg Eccard, avó materna.
Edina: Edina da Silveira Vollú, avó paterna, madrasta de Elicê.
René: René da Mota, marido de Mara Rosângela. Na época ele não era conhecido da família. Mara casou-se 5 anos após o acidente.
Mariza Therezinha: Mariza Therezinha Vollú, irmã de Elicê, tia de Márcia Regina.
Tia Ruth: Ruth Eccard Salles, irmã do avô materno – Procópio Eccard Salles.
Tia Maria: Maria Eccard, irmã de Procópio Eccard Salles.

Comentários:
Fizemos algumas perguntas à Dona Edda, mãe de Márcia e como resposta obtivemos um relato que muito nos ensinará nos problemas da vida:
- O que aconteceu no dia do acidente? Descreva-nos.
“Viajávamos de volta da casa de meus pais em Santo Antônio de Pádua, onde fomos comemorar a data natalícia de papai e entregar alguns convites a amigos e familiares para o casamento de Márcia e Horácio.
Eram 19:40 horas e chovia muito. Os vidros do carro estavam totalmente embaçados e nós na travessia da linha férrea na estrada Magé-Manilha, cuja passagem não tinha farol de sinalização que orientasse os motoristas.
Não lembro de mais nada. Apenas ao recobrar os sentidos ouvi minha filha Márcia Regina pedindo socorro, sentada ao meu lado no banco dianteiro. Eu fiquei desacordada por muito tempo.
Fomos colhidos pela composição ferroviária.
Do lado de fora algumas pessoas tentavam abrir as portas do automóvel e não conseguiam.
Eu, com o pulso esquerdo quebrado e com fratura exposta no braço direito, a muito custo consegui destravá-la para que nos socorressem.
Olhei para o volante e Horário permanecia inerte. Faleceu na hora com violenta pancada no peito.
Soube mais tarde que minha filha Mara Rosângela, com o impacto, saiu pelo vidro dianteiro, ficando estirada no asfalto com o cérebro exposto.
Sentado atrás do lado esquerdo. Antonio José se esvaia em sangue.
Ao ser retirada, percebi que minhas pernas também estavam fraturadas. Notei que Márcia Regina e Antônio José ainda estavam vivos.
Socorridos e levados para um hospital na beira da estrada; pude então me comunicar com os familiares. Uma sobrinha médica e um amigo da família nos transferiu para o Hospital Universitário Antonio Pedro, em Niterói.
Em delírio constante, após muito tempo, soube que Mara Rosângela escapara com traumatismo craniano e estava em outro andar.
Márcia, Horário e Antônio José não conseguiram sobreviver.
Depois de muitas cirurgias em mim e em minha filha Mara Rosângela, continuamos lutando para manter o equilíbrio.
Como era a Márcia na sua convivência?
- Uma filha cumpridora dos seus deveres. Além da beleza física, trazia uma beleza interior que nos fazia admira-la. Era muito meiga.
Nos seus 4 anos de idade, meu marido, militar da ativa, foi transferido para Lages-Santa Catarina. Voltamos após 10 anos para Niterói. Por dificuldades escolares, Márcia foi para Santo Antônio de Pádua para terminar o 1o Grau. Morando na Vila Militar-Rio, no Meier, terminou o curso científico para em seguida, fazer o vestibular para medicina, ingressando na UFF, Universidade Federal Fluminense.
Como a Sra. Foi ao Chico?
No leito, com as pernas e braços engessados, pensava muito. Martelava minha cabeça com perguntas.
Por que a minha filha e não eu?
Por quê?
Qual a razão?
Por que acabou a paz e a alegria em minha família tão de repente?
Por quê?
Nos intervalos, nas pausas, projetava-se em minha mente a figura de Chico Xavier, serena, tranquila, transmitindo segurança, bondade e paz. Era isso o que eu precisava, não pensava em outra coisa a não ser em minha desgraça.
Com as operações em mim e minha filha, a difícil locomoção, não tinha condições de enfrentar uma viagem tão longa. Mesmo assim, o meu desespero era tanto, apesar de passados quase seis anos. Insistentemente, pedia ao meu marido que me levasse à Uberaba.
Não esperava obrigatoriamente uma mensagem de minha filha, mas a palavra de Chico, ele muito ajudaria no meu reconforto.
Sua bondade era a caridade de que eu precisava.
Suas palavras com certeza me fariam ressuscitar para a esperança.
Esse dia chegou.
Meu marido disse: “Querida; vou leva-la para Uberaba em julho. Marquei minhas férias”. Nesse mês, com a misericórdia de Jesus, estivemos em Uberaba.
A viagem levou 13 horas, o meu desconforto era abafado pela alegria em meu coração.
Chegamos em Uberaba numa quarta feira muito cedo e conseguimos localizar a sua residência e o Grupo Espírita da Prece.
No dia seguinte, ao passarmos em frente à residência do Chico, havia uma caravana de espíritas da cidade de São Paulo, pudemos acompanha-los a uns 30 quilômetros da cidade para uma sessão em Centro Espírita.
Nesse dia; tomamos um ligeiro chá, após a conclusão dos trabalhos e aí cumprimentamos o Chico ligeiramente.
Na sexta-feira fomos ao Grupo Espírita de Prece e soubemos por algumas pessoas que sábado também teria reunião espiritual.
Antes de principiar a reunião, convidada para tomar um passe, com dificuldade de locomoção, trouxeram-me uma cadeira onde fiquei sentada na varanda do Centro.
No final da reunião, anunciavam se havia alguém que fosse familiar da Márcia Regina.
Minha felicidade era tanta que minhas pernas perderam o pouco de forças que tinham para me locomover.
Meu marido buscou-me e fomos junto ao Chico para ouvir a carta de Márcia que nos deu imensa felicidade.
Ao voltarmos para casa, não éramos mais os mesmos. Nova vida recomeçava.
Chico Xavier é um nome que falamos com muito respeito. Por gratidão e reconhecimento, deveríamos imita-lo na sua dignidade, serenidade e caridade.
Seus livros representam a presença de Deus e de Jesus em nossos lares.
Os Amigos e Benfeitores Espirituais, os Arautos da Divindade, buscam nesse canal encarnado a pureza que a Doutrina Espírita representa. O Reino de Deus na Terra.
Se ontem protestávamos, hoje agradecemos a Deus o muito que recebemos pelo pouco que representamos na obrigação cristã.
Chico; continue por misericórdia, a ser para nós, o intermediário de Deus.

Mensagem de: Márcia Regina Eccard Vollú

Querida Mãezinha Edda e querido papai Elicê, um momento surge em que os filhos se reencontram com os pais e creio que o melhor a fazer, de meu lado, é imaginar-me novamente criança e pedir-lhes a bênção. Quase seis anos se passaram, mas os sinais do acidente ficaram conosco.
Vejo Mãezinha, graças a Deus, em plena recuperação, depois das cirurgias que acompanhamos com atenção e notamos a nossa Mara bem disposta e refeita.
Tanto a dizer depois do desastre que nos surpreendeu por dolorosa provação. Sinceramente, na condição de protagonista da ocorrência, nada sei porque a amnésia me obscureceu totalmente os raciocínios. Nada pude fazer senão entregar-me aos fatos que se verificaram acima de nossa vontade. Não tive cérebro, senão para um aligeira oração, na qual rogava o amparo de Jesus.
Depois, mais nada. Acordei na Boa Esperança, respirando o ar puro que me alcançava os pulmões. Quis gritar de felicidade, supondo-me segura e restabelecida, depois de algum tratamento que me haveria escapado à observação, mas duas senhoras se abeiraram de mim e me pediram reserva e silêncio. Uma delas me recomendou chama-la por vovó Maria e a outra me solicitou identifica-la por irmã Juliana e partiram para o diálogo em que me reconheci desencarnada, na condição de pessoa ausente de qualquer serviço de identificação na experiência física.
Diante de meu assombro as duas me conduziram em carro simples para um parque hospitalar, onde adquiri forças para efetuar as perguntas para mim necessárias e inevitáveis. Vim, a saber, que o nosso Horário e o amigo Antônio José se encontravam internados em casa de absoluto descanso mental, já que se recusavam a aceitar a realidade da própria desencarnação, à maneira de alienados e, somente mais tarde, consegui os primeiro contatos com ambos, tentando rearmoniza-lhes os pensamentos. Sabem os pais queridos que não me seria possível tão grande transformação sem lágrimas que me levassem o coração partido de dor.
Através das benfeitoras a que me referi, fiz as primeiras visitas à família e observei o que sofreram a Mãezinha e a nossa Mara com os bisturis dos cirurgiões, entretanto, ao passo que me reconfortavam ao vê-las em vagaroso reajustamento, sofri ao notar a revolta que lavrava entre os nossos.
Encontrei a oração por luz acesa no coração da Mãezinha Edda, mas ouvia as imprecações do Marcos e da Mara, dos meus avós e tios com imensa amargura. A filosofia do vovô Procópio, a dor da vovó Juracy e as reclamações da vovó Edina me espantavam.
Sei que a bondade de Deus desceu sobre nós e sobre a nossa casa e, mais consolada, registro a felicidade de havermos encontrado no Renê e na Mariza Terezinha excelentes irmãos que nos prestaram valioso auxílio junto à Mara e ao Marcos Luiz e, por isso, estou mais animada para prosseguir no trabalho de restauração da fé em Deus no coração de nossa gente. As preces da tia Ruth e da tia Maria começaram a me fornecer sólidos alicerces à própria renovação e, por isso, Mãezinha Edda; venho rogar-lhe a sustentação de seu ânimo firme para a vitória sobre as provações que as Leis da Vida nos impuseram, naturalmente com razões que mais tarde conheceremos. Estou quase feliz, não fossem as saudades que me senhoreiam os sentimentos.
Para tristeza minha; o Horácio e o Antônio José ainda se entregam à rebeldia, dificultando as melhoras que tanto lhes desejo, no entanto, confio na intervenção da Bondade Divina, em favor deles e em nosso benefício. Precisamos lembrar os acidentados e mutilados que não encontraram qualquer socorro e saibamos agradecer a Deus as bênçãos recebidas.
Nunca nos faltou o amparo do mundo e a proteção dos Mensageiros de Jesus e, por isso, não posso esquecer a nossa dívida de profunda gratidão aos Poderes do Céu. Lutando pelas melhoras dos amigos a que me referi, ainda fixados em difíceis processos de inconformação, ainda não pude tratar de mim própria, em matéria de progresso espiritual, mas não perco a esperança e venho abraça-los com o meu carinho e reconhecimento.
Querido papai Elicê e querida Mãezinha Edda, não consigo escrever mais. A emoção é uma trave na garganta e as lágrimas me impediriam a coordenação das idéias que, porventura, eu quisesse manter para continuar neste relatório familiar. Por isso, peço aos dois, papai e mamãe; recebam o imenso amor e o carinho imenso, nos muitos beijos da filha sempre mais reconhecida.
Márcia Regina.


 
FAMÍLIA ELISEI

CARLOS ALBERTO ELISEI

Nascimento: 05 de junho de 1957
Desencarnação: 18 de dezembro de 1977
Idade: 20 anos

Esclarecimentos:
Pais: Edson Elisei e Elvira Martins Elisei, residentes em São Paulo – SP.
Centro Espírita “A Caminho da Luz” – São Paulo – SP – Creche Nosso Lar – São Paulo, SP
Centro Juventude Nosso Lar – São Paulo.
“Há oito anos encontramos nesses Núcleos de Trabalho, a oportunidade abençoada de servir. Queira Deus possamos dar sempre o nosso amor em benefício de nossos irmãos em desespero, auxiliando-os a encontrar a paz e a canalizarem todo o carinho e fraternidade a outros irmãos”.
Edson Elisei e Elvira Martins Elisei.

Comentários:
“Amigo por que não te preparaste ante os imperativos do Céu?”.
Esta frase encontra-se no livro do espírito Neio Lúcio, “JESUS NO LAR” – Ed. FEB, psicografado por Francisco Cândido Xavier, página 32, no capítulo “O Servo Inconstante”.
Muito nos diz quanto ao preparo em nossas vidas para os imperativos divinos.
A perda de pessoas amadas; traz a dor nos corações comprometidos com os desígnios de Deus. O desespero e as lágrimas chegam, a tristeza se instala e o logo se está no chão da desesperança.
Assim acontece porque somos humanos e cheios de amor aos que nos são caros.
A realidade de Deus, porém é outra. Lutar, trabalhar e aplicar-se no bem comum, esta é a Lei.
Ama a teu semelhante como a ti mesmo, na razão e no equilíbrio do amor resignado.
Esta é a imagem que Edson Elisei e Elvira Martins Elisei, procuraram entender e buscar no trabalho da caridade, preparando-se para os imperativos do Céu.
Carlos Alberto, na intimidade Cacá, filho único, sem vícios, brincalhão e amoroso em todos os momentos preenchia de alegria o lar de seus pais.
Como podia imaginar que uma verruga congênita pudesse ser a causa de sua partida para o Plano Espiritual. Ao extirpá-la, originou-se daí um processo de metástase cerebral de melanoma. A ocorrência para seus pais e familiares representou um enorme choque.
Católicos, desconheciam totalmente o trabalho de Chico Xavier. Após algum tempo da partida de Carlinhos, por comentários de pessoas condoídas pelo sofrimento do casal, resolveram procurar Chico Xavier. Hoje, com algumas cartas recebidas de seu filho, o desespero e as saudades transformaram-se em esperança e alegria. A paz começou a florescer e, com o estudo da Doutrina Espírita na qual hoje estão integrados, trabalhando junto de Carlinhos, procuram levar benefícios de reconforto e conhecimentos sobre a continuidade da vida a outras famílias que vivem esses momentos de sofrimento.
Integrados nessa tarefa, encontraram a verdadeira fé e, conforme suas próprias palavras, antes isso, a morte para eles tinha um aspecto terrível e assustador. Após esse drama e por tudo o que receberam da misericórdia de Deus, entenderam que a morte é lei natural do corpo e que a sobrevivência do espírito é que prevalece.
Carlinhos continua vivo e, mais junto do que antes, trabalham na mesma seara de Jesus e sentem, em todas as tarefas das quais participam no Centro Espírita “A Caminho da Luz”, a sua atual casa de caridade, o filho a lhes assessorar juntamente com outros espíritos jovens, levando às crianças carentes o seu amor e carinho na Creche de Juventude Nosso Lar. Participam também da equipe de Evangelho no Lar e, com outros companheiros visitam os lares para a implantação do Culto do Evangelho no Lar. Sentem que a verdadeira vida se resume em buscar Jesus através do trabalho e, assim, estão constantemente junto de seu filho Carlinhos.
Desponta aí um mundo novo de realizações e de novos conceitos. O que antes não viam, passaram a enxergar, entendendo as palavras do Mestre: “Aquele que tiver olhos de ver, verá”, bem como a grandeza e dedicação de Francisco Cândido Xavier que, com amor e disciplina possibilitou a presença dos ensinamentos de Jesus através dos Benfeitores Espirituais à esta humanidade sofrida”.

Mensagem de: Carlos Alberto Elisei
Querido papai Edson e querida Mãezinha Elvira; estamos unidos na seara do bem, procurando os caminhos novos da ascensão espiritual.
O sentimento manda que eu lhes fale de saudade, mas o coração me solicita que lhes reafirme a confiança de sempre no trabalho em que nos achamos imanizados uns aos outros.
Refiro-me aos serviços do “A Caminho da Luz”, o núcleo de atividade que nos fala sempre muito alto aos corações.
Recebamos as tarefas com que fomos honrados, com a certeza de que Jesus nos protegerá.
Papai Edson, os nossos planos na cada de trabalho a que servimos, são extensos e nos exigirão muito tempo de esforço, mas é preciso caminhar em frente e admira-lo na condição de promessas e sementeiras da alegria e do progresso de amanhã.
Não me suponham esquecido.
A Mãezinha Elvira frequentemente me recomenda proteção para determinados companheiros, e confesso-lhe que me esforço para satisfazer a todas as solicitações.
Querida Mãezinha, o trabalho é a nossa bênção maior.
Não temamos dificuldades imaginárias, porque os empreendimentos são do Cristo e o Divino Benfeitor saberá encontrar os caminhos justos para lhe doar a precisa concretização.
Unido ao esforço do papai Edson e da Mãezinha Elvira para o bem de nossos semelhantes, que sempre redunda no bem para nós mesmos, abraça-os; no carinho e na gratidão de todos os momentos, o filho sempre reconhecido.
Carlos Alberto.


 
FAMÍLIA LEAL FERNANDES

MARCELO LEAL FERNANDES

Nascimento: 13 de julho de 1969
Desencarnação: 24 de julho de 1985
Idade: 16 anos

Esclarecimentos:
Pais: Fernando Leal Fernandes e Jurcelina Leal Fernandes, residentes em Santo André – SP.
Irmãos: Fernando Leal Fernandes Júnior e Agnaldo Leal Fernandes.
Bisavó: Jurcelina Penha, materna, nascida na cidade de São Tomé das Letras, Minas Gerais, em 31.08.1880, desencarnada em 07.05.1944.

Comentários:
Chamados, vozes, pressentimentos, são avisos ou preparação para os tristes ou alegres acontecimentos?
Pois é, D. Jurcelina, na madrugada de 24 de julho de 1985, ouviu claramente o seu filho Marcelo chamar-lhe, achando que estivesse à porta de entrada de sua residência.
Estranhou e comentou o fato com o seu marido que lhe respondeu que seria impossível, pois o seu filho estava viajando para São Sebastião, cidade praiana no litoral paulista. Mesmo que estivesse à porta, não iria chamar porque tinha a sua própria chave para quando quisesse entrar.
Ainda assim, D. Jurcelina não se conformou, abrindo um precedente ao seu pressentimento, pois sentia que naquele dia algo de triste estava para acontecer.
De fato, por volta das 12:00 horas, Marcelo se encontraria com os desígnios de Deus a cobrar-lhe à volta para a residência espiritual.
Convém ressaltar que seus familiares tiveram a notícia por volta das 20:30 horas, isto é, oito horas depois do acidente, que motivou a sua desencarnação por afogamento.
Um colega que participou do passeio; ligou para a sua residência dizendo que logo ali estaria com as notícias de Marcelo. Isto feito; comunicou a Fernando Júnior, seu irmão mais velho, que Marcelo tinha se afogado, mas que seu corpo estava desaparecido.
D. Jurcelina e Sr. Fernando, nesse momento encontravam-se em auxílio a um parente que precisou de internação hospitalar de urgência.
Sentados em banco ali existente para um rápido repouso, à espera de notícias, depararam com José Reinaldo, irmão do Sr. Fernando, que se dirigia a eles com expressão de tristeza, fazendo-os crer que algo havia acontecido. A mãe de D. Jurcelina não estava bem de saúde. Levantaram-se rapidamente, trêmulos e, às pressas, foram ao seu encontro.
Imediatamente ele lhes dirige a palavra dizendo:
- Celina, o Marcelo está viajando, não é?
- Sim – respondeu-lhe. E perguntou:
- Por quê?
- Porque ele morreu afogado.
Na hora sentiu-se anestesiada com o impacto da notícia, pedindo que a levassem para casa. Lá chegando seu filho Fernando Júnior a esperava com os amigos que viajaram com Marcelo, expondo-lhe em detalhes o ocorrido.
Nos diz D. Jurcelina:
- Não perdi a fé em Deus, aguardando ansiosamente notícias do encontro do seu corpo ocorrido após seis dias, sendo reconhecido pelo seu avô Gerônimo e o seu tio Jacinto, que trasladarampara Santo André, ao Cemitério de Vila Pires.
Nessa noite mesmo, pedi ao meu marido que me levasse ao Chico Xavier na primeira oportunidade.
Em agosto de 1986, em Uberaba-MG, recebemos o que tanto esperávamos e desejávamos: a mensagem de Marcelo.
Nesse dia, por volta das 10:00 horas fomos à casa do Chico Xavier, onde a sua misericórdia nos recebeu e pudemos ter a alegria de lá almoçar, juntamente com outras famílias necessitadas e alguns outros amigos.
Ao terminarmos o almoço, prontifiquei-me, com outras senhoras, de juntar a louça e levar para a cozinha. Chico, nesse momento, lá se encontrava.
Ao voltar para a sala, ele segurou-me delicadamente pelo braço e disse:
- Mamãe do Marcelo,, ultimamente a senhora anda muito preocupada, pensando no sofrimento do seu filho, infelizmente, nos papéis aqui da Terra consta que foi afogamento, mas ele manda dizer que nada disso aconteceu. Teve uma dor fulminante no coração e, ao cair, não conseguiu mais levantar.
Sem saber o que dizer, presa pela forte emoção, lhe disse:
- Chico, vá almoçar!
- Ele continuou dizendo:
- Minha filha, o telefone está tocando. A sua avó e bisavó do Marcelo se chamavam Jurcelina também?
- Respondi-lhe que sim.
- Ela veio ao encontro do Marcelo ao passar para o lado de lá.
Isso tudo aconteceu por volta das 11:30 horas.
Chico; percebendo a minha aflição, consolou-me:
- Vamos deixar estes acontecimentos para misericórdia de Jesus, logo mais à noite.
Marcelo vem comprovar esse diálogo, revela o amor dos seus familiares na proteção dos seus entes queridos quando diz que:
“... Não sofri as asfixias do afogamento, porque, ao começar minha incursão nas águas, o coração se me destrambelhou no corpo... Caí com todo o meu peso, porque o espírito se desligou para longe do corpo, atendendo ao apoio da bisavó Jurcelina, que fez questão de me acompanhar no processo de minha liberação do veículo físico. Tão somente por isso é que meu pobre corpo não boiou nas águas...”.
Isto esclarece os seis dias de sofrimento e ansiedade. Hoje, mais calma, mesmo que não tivesse recebido a mensagem, a presença e os esclarecimentos do Chico Xavier, satisfizeram plenamente os meus anseios de mãe, revelando-me verbalmente a presença de todos os entes queridos que partiram nos diversos resgates, como o enviado de Jesus, em favorecer-nos com as suas dádivas.

Mensagem de: Marcelo Leal Fernandes
Querida mãezinha Jurcelina e meu querido pai Fernando, Jesus nos inspire e proteja sempre.
Sei que não será possível um comunicado de longa extensão, em vista do trabalho que se desenvolve nesta casa de Paz e Amor.
Apraz-me trazer-lhes as minhas notícias para que se esclareçam quanto ao acontecimento que me retirou da Vida Física.
Não sofri as asfixias do afogamento, porque, ao começar a minha incursão nas águas, o coração se me destrambelhou no corpo e quando caí no mergulho, aparentemente voluntário, desci sem qualquer reação para o fundo das águas, à feição de uma carga pesada que não conseguiria retornar à superfície.
Caí com todo o meu peso, porque o espírito se desligou para longe do corpo, atendendo ao apoio da bisavó Jurcelina, que fez questão de me acompanhar no processo de minha liberação do veículo físico.
Tão somente por isso é que meu pobre corpo não boiou nas águas, porque mergulhei ao modo de objeto pesado, ante a ausência de mim esmo, na condição de espírito, que, sob a caridosa colaboração de minha bisavó, foi guindado com o auxílio de enfermeiros seguros para o lugar que lhe serve de residência onde me encontro até agora, refazendo forças.
Minhas saudades dos pais queridos e dos queridos irmãos Fernando Júnior e Agnaldo são muito grandes, no entanto, espero aplicar-me aqui onde me encontro no trabalho e à renovação de que necessito para ser-lhe útil.
Com o serviço, compreendo que as minhas saudades se me farão mais toleráveis e peço à mãezinha querida continue me auxiliando com as suas orações.
Envio muitas lembranças ao Júnior e ao Agnaldo e peço-lhes receber com as bênçãos da bisa Jurcelina, o carinho e a gratidão do filho e irmão que lhes será sempre reconhecido.
Marcelo.


 
FAMÍLIA MARIA CARDOSO

NERCI MARIA CARDOSO

Nascimento: 03 de março de 1963
Desencarnação: 13 de fevereiro de 1983
Idade: 20 anos.

Esclarecimentos:
Pais: Atahir de Deus Cardoso e Izaildes Camillo Cardoso, residentes em Joinvile – SC.
Irmãos: Nerian José Cardoso; Nerli Celso Cardoso; Nerceli Cardoso; Nerlici Santa Cardoso e Cláudio Luiz Cardoso.
Maria Nazária: – Avó Materna, desencarnada em 27.05.1950.
Mário Baumer: – Noivo, desencarnado cinco dias após o acidente.
Vani Baumer –Mãe de Márcio Baumer.

Comentários:
Esta mensagem de Nerci é uma demonstração da vida real, como ponto vital das crenças religiosas.
Como aceita-las e dimensioná-las na vida humana?
Enquanto Nerci era esclarecida por sua avó Maria Nazária, que ela não conhecera em vida, da sua situação espiritual o mesmo não acontecia com o seu noivo Márcio, encaminhado a uma Instituição Evangélica Espiritual.
Acreditava estar vivo e que nada sofrera, apenas estava em recuperação.
Para o seu esclarecimento, foi preciso ser encaminhado às reuniões de perguntas e respostas para, em grupo, compreender a sua nova realidade.
Nesta carta de Nerci, encontramos pontos de esclarecimentos espirituais importantes.
Mostra que devemos preparar-nos para a volta ao Mundo Espiritual, não só os que já estão na Doutrina, mas, também, a orientação familiar, mesmo aos que não aceitam as palavras como verdadeiras.
Na hora do acerto de contas com os débitos assumidos, servirão esses pequenos momentos como lembranças para o alívio e a confirmação das palavras de que foram objetos.
Nerci e Márcio desencarnaram quando voltavam de uma festividade carnavalesca. Não que fossem assíduos foliões, mas naquele ano desejaram conhecer de perto esse tipo de alegria.
Dos cinco ocupantes do veículo, Nerci e Márcio nos bancos dianteiros sofreram todo o impacto da colisão ocasionada pela pista escorregadia, descontrolando o mesmo, direcionando-o de encontro a um poste ali existente.
Nerci desencarnou no local e Márcio cinco dias após. Os outros três ocupantes nada sofreram.
Dois meses antes, seu primo José Demanthê Filho desencarnou também em acidente automobilístico em 11.12.1982.
Sua tia, dona Iraides Camillo Demathê, mão de José, por ter recebido pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, em 13.12.1985, a mensagem do seu querido filho, com a felicidade e a compreensão adquirida e, solidária à dor da sua irmã, convidou-a para irem até Uberaba.
Lá com certeza encontrará a paz, mesmo sua irmã sendo católica praticante.
Assim fizeram e, por sua vontade, dona Izaildes chegou ao Chico Xavier em 25.4.1986, quando amenizou o seu desespero.
Recebeu o lenitivo para as suas dores.
Nervi lá estava presente.
Pode-se notar que os nomes citados nesta mensagem, não são comuns, fáceis de ser ouvidos, no entanto, estão citados como prova inconteste e que fez dona Ixaildes compreender que a vida continua, estando sua filha no aconchego familiar espiritual e, nos momentos possíveis, com a família terrestre.
Nova vida, outro ânimo.
Para os familiares de Dona Izaildes, Chico Xavier é o novo marco em suas vidas.
Um ser humilde, simples, um anjo de bondade.
Um instrumento enviado a Terra pelas mãos do Mestre Jesus para alívio dos sofrimentos alheios e, grande benfeitor da humanidade. Este Ser que está entre nós para nos ensinar o Evangelho de Jesus.

Mensagem de: Nercia Maria Cardoso
Querida mãezinha Iza, sempre querida mãezinha Izaildes, apesar do tempo decorrido ainda me vejo sob incrível saudade e sob o enorme espanto com que vi o Márcio e eu; desligados do corpo naquela noite. No entanto, eu mesma estava inerme, quebrada, vencida e não conseguia sequer mover os dedos.
Uma sensação esquisita se apoderou de mim e reconheci que havíamos, pelos Desígnios de Deus, encontrado a estação terminal de nossas existências e, mentalizando as minhas orações nos restos de lucidez com os quais poderia contar, caí num desmaio, embora desenvolvesse todos os potenciais de minha vontade de Carnaval. Antes de sair procurava eu em seus olhos aprovação necessária, entretanto, psicologicamente lhe conservava apenas a inquietação que eu trazia no íntimo.
Notei que a senhora e meu pai consentiram que eu fosse, mas pelo Márcio, sempre correto nas atitudes, do que por mim mesma que trazia comigo muita inexperiência. Era a primeira vez que eu me ausentava de casa para uma festa daquela natureza e não me sentia satisfeita comigo própria.
Despedi-me buscando-lhe ansiosamente a alegria que eu mesma não experimentava e vesti-me com sobriedade, tal qual a senhora desejava.
Tudo, porém, estava sem graça para mim e, se mostrava algum contentamento, era pelo noivo querido que não merecia qualquer nota de pessimismo em meu procedimento.
Não consegui encontrar significação em quadro algum que me caía sob os olhos e, com isso, foi com satisfação que aceitei o caminho da volta para a casa.
A marcha do carro era regular, mas eu não sei se o Márcio, habilitado às reuniões elevadas pelo sentido evangélico que os pais imprimiam às escolhas para os encontros com os amigos, observei-o entristecido e como que, intimamente insatisfeito com ele próprio.
Amigos vinham em nossa companhia, mas não conseguiram a nossa adesão aos diálogos que mantinham. Chegou o momento que considero de supremo testemunho de fé.
O Márcio sentia que se amontoavam obstáculos à frente e, num instante em que se viu em apuros para governar a máquina, vi que ele pisou no acelerador, um tanto nervoso e diferente, e o resultado é o que não precisamos recordar minuciosamente.
Estávamos ambos à frente e fomos os primeiros e depois vim, a saber, que fomos os únicos a ser colhidos ou defrontados pelo poste que, de certa forma, nos esmagou de maneira irremediável.
Compreenderá o seu coração materno que fiz quanto possível para socorrê-lo e para não me enfraquecer. De nada mais tomei conhecimento, pois me via reduzida a um trapo de criatura sem qualquer recurso para me preservar ou me defender...
Percebi que o melhor para mim seria entregar-me àquela inconsciência que me invadia a cabeça e à insensibilidade que me tomava o corpo de assalto e rendi-me à intimação daquele sofrimento com a minha confiança em Deus.
Não sei como classificar o fenômeno que me envolvia, mas, para simplificar, sigo-lhe que dormi e conformei-me.
Não tive tempo de pensar nos pais queridos e nos queridos irmãos, por que fora conduzida, de inesperado, à triste situação dos que se sentem claramente despojados de tudo quanto supõem possuir,
Desconheço a conta dos meus dias de descanso ou de inércia enfermiça. Não sei bem, mas acordei num dia claro, guardando o meu coração escuro e magoado pela incerteza que me acorrentava espiritualmente a uma dor, cuja força não supera existir.
Aproximou-se de mim a generosa protetora que me disse ser nossa parenta e chamar-se Maria Nazária. Ela se inclinou, abraçou e beijou-me no leito em que me achava prostrada, entendendo decerto que eu não dispunha de qualquer energia para movimentar-me.
Minha voz jazia como que escondida na garganta, mas a audição continuava firme.
Ouvi-lhe as palavras de bênçãos e comovi-me quando me chamou por “neta do coração”.
Ela compreendeu que a palavra ainda não me fora restituída e não insistiu em dialogar comigo.
Apenas me solicitou calma e repouso, e acentuou que chegaria a ocasião de conversarmos livremente.
Este dia apareceu quando meus órgãos vocais me pareceram reconstituídos e, só então, tive as informações desejadas acerca do acidente de que fôramos os frágeis protagonistas.
Perguntei por Márcio e a vó Maria Nazária me esclareceu que ele se encontrava num Instituto Evangélico para tratamento das sequelas que lhe ficaram intensas quanto ao desastre havido. Pedi para que me permitissem uma visita ao nosso lar de Joinvile, mas a benfeitora me explicou que isso levaria tempo, de vez que os processos emocionais negativos poderiam, talvez, me visitar o cérebro combalido, mas, consentiu em acompanhar-me para rever o nosso Márcio que se achava sob proteção segura, mas durante várias visitas que lhe fiz não demonstrou reconhecer-me e, com grande assombro para mim, não acreditava que houvéssemos passado pela morte do corpo.
Afligi-me por tudo isso, no entanto, apareceu o momento em que ele me reconheceu, como quem acordava de uma estranha alucinação.
Revelou alegria e pareceu-me seguro de si, entretanto, persistia admitindo que não havíamos passado pela desencarnação e sim que fôramos internados em casas especializadas para recuperação de acidentados. Isso perdurou por meses, até que compareceu em minha companhia a reuniões dedicadas a perguntas e respostas, e, achando-nos em grupo, viu-se com mais facilidade para abrir-se à realidade espiritual.
Nesse ponto de minhas experiências já havia visitado a nossa casa por várias vezes, abraçando os pais queridos e, registrando-lhe a dor, ao lado dos irmãos que permaneciam em minha saudade incessante. Nerian, Nerli, Nerceli, Ci e o Cláudio Luiz, todos os irmãos queridos me pressentiam a presença, no entanto, não me viam, nem escutavam.
A vovó Maria Nazária me proporcionou esclarecimento sobre a nova dimensão vibratória em que nos achávamos e tenho procurado aprender a trabalhar e a servir com ela, tentando o esquecimento de mim própria e aceirando o Márcio, sempre que se nos faz possível a reaproximação, com as dúvidas dele acerca dos destinos da alma.
Felizmente, agora estou com os pés no chão da realidade e agradeço as preces e os pensamentos carinhosos de meus pais e de meus irmãos, dos amigos e pessoas estimadas que ainda me recordam.
Peço-lhe dar as minhas notícias à dona Vania, que considero igualmente por mãe do coração e conto com as suas preces em favor e em benefício do Márcio.
Creiam que as pessoas submetidas à provação de acidentes semelhantes ao que sofremos, despertam aqui nem sempre concordes umas com as outras.
Parece-me que aí na Vida Física é fácil aparentar uma condição íntima que não é precisamente a nossa, sem qualquer idéia de fingimento.
Trata-se de um problema de personalidade, porque, por aqui, pelo menos na região que nos oferece moradia à minha avó Nazária e a mim, não conseguimos ocultar qualidade alguma do que somos, porque tenho a impressão de que em qualquer encontro o pensamento voa, ou se derrama dentro de nós. Isso alterou um tanto meu relacionamento com o querido Márcio, mas espero que ele se reajuste e que sejamos duas pessoas pensando pelos mesmos prismas.
Querida Mãezinha Isaildes; perdoe-me a carta longa, mas a Vovó julgou necessário que me exprimisse sem qualquer omissão de mim mesmo.
Esperando que o seu coração de Mãe e meu Pai estejam tranqüilos a meu respeito; beija-lhes as mãos queridas, com muito afeto aos irmãos, a filha saudosa, mas sempre confiante na proteção de Deus.
Sempre sua.
Nerci.


 
FAMÍLIA RODRIGUES BACCI

SÉRGIO TADEU RODRIGUES BACCI

Nascimento: 22 de fevereiro de 1962
Desencarnação: 23 de dezembro de 1983
Idade: 21 anos.

Esclarecimentos:
Pais: José Rodrigues Bacci e Magdalena Rodrigues Bacci, residentes em São Paulo – SP.
Irmãos: José Rodolfo Bacci e Marcos Rodrigues Bacci
Avós: Magdalena Carranza Maturano, bisavó materna, desencarnada em 22.09.1951.
Namorada: Katia.

Comentários:
Após sessenta dias de Vida Espiritual, Sérgio Tadeu acalma os corações dos pais.
Saudosos, sofridos e amargurados recebem, em tão pouco tempo, a presença do filho por meio da mão caridosa e abençoada de Francisco Cândido Xavier, o médium que, em 63 anos de mediunidade repletos de sofrimento, suor e lágrimas; como Obreiro do Senhor, jamais deixou que uma réstia de desânimo destruísse a força do seu trabalho cristão.
Por intermédio da mensagem, das palavras e muito especialmente de sua presença as famílias que o procuram sentem e recebem em seus atos de amor e reconhecimento aos irmãos em Deus, a paz que o envolve.
Sérgio Tadeu foi atropelado por um carro quando pilotava sua motocicleta. Seus pais, seguidores da Doutrina Espírita, tinham grande interesse em conhecer Chico Xavier pessoalmente, mas, nunca podiam imaginar que essa vontade fosse ser satisfeita com a desencarnação de seu filho.
O que esperavam não acontecesse, aconteceu.
Informados por amigos que seria muito cedo para uma mensagem, foram a Uberaba, não com intuito de recebê-la, mas, para ouvir as palavras confortadoras do querido médium.
Contou-nos o casal Bacci. “Estávamos em pequeno salão, aguardando o Chico. A sua chegada alegrou a todos e os semblantes transpareciam muita esperança. Nesse momento, um perfume de rosas invadiu o salão. As pessoas que se encontravam no local, admiradas, se entreolhavam e sussurravam a felicidade ali reinante”.
Cada um entusiasmado; buscava assinalar em pequenos pedaços de papel os seus nomes na expectativa de receberem mensagens, e entregavam a uma senhora sentada numa mesa no lado oposto daquela em que Chico estava. O interessante e que mais chamou a atenção foi que ficaram intactos exatamente no local onde foram depositados, por todo o tempo em que lá estivemos.
Nessa noite, Chico psicografou cinco longas cartas, num período de mais ou menos três horas, numa velocidade incrível.
O lápis deslizava no papel como se estivesse em superfície escorregadia.
Qual não foi a nossa surpresa quando Chico recebe a carta de nosso filho.
Irradiantes de felicidade encontramos, naquele momento, o sentido para uma nova caminhada; a misericórdia de Deus da qual, às vezes, nos supomos esquecidos. O que parecia perdido, hoje está mais vivo dentro de nós e é a razão do nosso viver. Confortou-nos saber que à partida dos entes queridos sucede-se o reencontro com a família espiritual, a mesma com a qual compartilhamos na Terra e que nos espera em nosso retorno.
Paralelamente o nosso entendimento e adesão ao trabalho da caridade em favor dos menos felizes.
Tudo isso é a manifestação de Deus entre nós, através de Chico Xavier, necessitado dos trabalhadores de Jesus “”.

Mensagem de: Sérgio Tadeu
Querida Mãezinha Magdalena e querido papai José Rodolfo, estou aqui, naquela de penetra, conquanto os amigos me convençam, de que não me vejo em ambiente estranho, mas, num círculo de família que aprenderei a estimar.
Não sei o que lhes dizer. Apenas concordarão comigo que a ocorrência que me desmontou da Vida Física não era o que eu esperava.
O meu avô Rodolfo me assistiu no despertar aqui em novo campo de experiência, no qual ainda me reconheço abatido e sem muita coragem para recomeçar.
Do que me sucedeu, não consigo rememorar minudências. É muito difícil pensar com um cérebro que observo completamente novo; aquilo que nos marcou o cérebro vestimenta em que julgávamos estivesse o centro da própria vida.
Quero tão somente anotar, para nosso reconforto, que a morte do corpo é uma espécie de dona da bola. A bola; somos nós e somos chutados por ela, conforme lhe dê na telha.
Creio que por isso é que temos vários transportes e conduções para que a sigamos par aonde nos leva. Motos, carros, aviões, comboios, carroças e até mesmo asas modernas, dessas que descem o morro, tocadas pelo vento. Tudo serve de veículo ou pretexto para que sejamos erradicados do mundo, à maneira de plantas que ela muda de lugar e de clima, à vontade, sem que o sujeito possa reclamar.
Ditadura e poder discricionário são com essa dama que se fantasia na imaginação e ninguém vê, porque, parece que ela não precisa de nosso voto ou de nosso veto para agir como quiser, quando se trate de arrancar-nos para o que chamamos por outra vida.
Apesar da minha câmara lenta na memória para enumerar pessoas e fatos, não estou ainda tão tomado de amnésia que possa esquecer o desgosto que lhes deu estragando-lhes o Natal.
Perdoem-me. De todos os meus, creio que o mais inconformado; sou eu mesmo, conquanto, esteja disciplinado pelas preces de minha avó Magdalena que me ensina, de novo, as orações da infância para ser uma criatura nova. Minha avó deve ter razão porque esse bálsamo da confiança em Deus me retempera as energias.
Quisera continuar vivendo em nossa casa e feliz como sempre pelos pais queridos que recebi de Deus, mas é preciso exercitar aceitação com se pratica algum costume diferente que nos torne aptos a desempenhar grandes papéis no teatro do mundo. O halterofilismo, por exemplo.
A prece me auxilia a suportar os pesos da saudade que ainda trago comigo e olhem que essa prática, no campo da alma, não é menos agradável do que a bola de ferro erguida nas mãos, a fim de nos candidatarmos a campeonatos de força.
Tudo isso, queridos pais, é saudade que assume por aqui a função de sombra compacta, capaz de ser cortada aos quilos. Pelo menos para mim, a saudade aqui é assim, uma condensação de emoções e pensamentos amargos que não é fácil de manejo. Entretanto, em matéria de tratamento e assistência, de nada posso me queixar.
O vovô Rodolfo e a vovó Magdalena me revigoram as energias, quando isso se lhes faz possível e estou melhorando.
Envio, antes que a memória me falhe, muitas lembranças ao José Rodolfo, ao Marcos e a nossa querida Katia, com quem tanto desejei aproximação e encontro total.
Que a nossa Katia me perdoe por tê-la deixado, entretanto, já me expliquei suficientemente para destacar a impossibilidade de nos desvencilharmos da morte que é conhecida por aqui sob o nome desencarnação.
Estou muito bem assistido, qual se me visse restituído ao lar de parentes ricos, muito ricos e generosos, mas não tão ricos e tão generosos quanto os pais queridos aos quais me dirijo.
Rogo-lhes aceitarem comigo a situação em que me vejo e peço-lhe não chorarem ao lembrar-me. Já sei que escondem as lágrimas um do outro, quando se trate de rememorarem minha presença.
Estamos juntos, como sempre.
Nessa certeza me baseio para rogar-lhes calma e coragem.
A vida é um fio cujo novelo deve estar com Deus, porque não se ouve por aqui ninguém a falar de morte e sim de vida.
Continuem, por favor, a me lembrar nas orações, pois isso me faz grande bem.
Diz a vovó Magdalena que já me externei o bastante para que me compreendam. Voltarei melhorado, algum dia, com a Bênção de Deus. Peço-lhes sorrir para a vida e confiem sempre em Deus; fazendo o melhor que pudermos o que devamos fazer.
Queridos pais; com todos os meus sentimentos à mostra, peço aos dois receberem muitos beijos do ilho sempre grato.
Sérgio Tadeu.


 
FAMÍLIA TEREZA FRANCHINI

MARIA TERESA FRANCHINI

Nascimento: 16 de dezembro de 1951
Desencarnação: 01 de fevereiro de 1974
Idade: 22 anos

Esclarecimentos:

Pais: Domingos Franchini e Philomena C. Franchini, residentes em São Paulo – SP.
Irmãos: Luiz Antonio, Celso, Ana Paula e João, irmão por adoção.
Avós: Philomena Alagia Cantisani, desencarnada há 36 anos.
          José Cantisano, desencarnado há 72 anos.

Comentários:
Viajando para Campinas, o casal Franchini, despreocupado seguia para um compromisso habitual.
Quando em viagem, muito raro ouviam rádio.
Dona Philomena, premiada por forte desejo, liga-o e a emissora sintonizada nesse instante noticia que um prédio em São Paulo estava em chamas. Imediatamente ligou-se ao edifício em que sua filha trabalhava. Seu esposo, percebendo a sua preocupação, tentou desviar-lhe a atenção para uma bela paisagem.
Mais adiante, na altura da cidade de Jundiaí, a emissora tornava a informar com mais precisão, divulgando o nome do prédio em chamas. Tratava-se do Joelma. Sobressaltados com a informação; retornaram imediatamente.
Nesse retorno, em retrospectiva de horas antes, o Sr. Domingos lembrava:
Com problemas no seu automóvel, pediu à Maria Tereza, sua filha que de passagem alertasse a oficina mecânica da urgência no conserto, pois precisavam viajar.
Nessa rememoração nos relatou que, raramente, voltava o seu olhar para acompanhar seus filhos. Nesse dia, lembra muito bem, voltou e ficou olhando Maria Tereza afastar-se, até dobrar a esquina da via pública, com um sentimento muito forte de amor para a sua filha.
Estranhou muito essa sua atitude.
Em casa, Sr. Domingos e seu filho; começaram as buscas sem nada de positivo sobre Maria Teresa, pois as informações sobre o incêndio eram as mais desalentadoras.
Das relações dos hospitais fornecidos, todos foram percorridos, deixando-lhe como derradeiro final o necrotério.
Lá chegando, aproximou-se dos primeiros corpos divisando o de sua filha de longe.
Desmaiou com o choque e lembra apenas esta sendo socorrido por pessoas.
Em comentário, narra o Sr. Domingos as informações obtidas:
“Naquele dia, por qualquer razão, o” Office boy “encarregado da correspondência não pode distribuí-la. Maria Tereza, como secretária na Crefisul, empresa de financiamentos, primava para chegar sempre antes do horário, principalmente nesse dia 1o de fevereiro de 1974, quando haveria, às 9 horas, uma reunião de diretoria”.
Sua sala de trabalho ficava próxima à porta de saída do referido edifício.
A pedido do seu encarregado, foi levar uma carta de importância para a referida reunião que se realizaria em andar superior.
Ao retornar, no elevador, foi alertada por uma companheira de que nos andares abaixo, havia princípio de fogo e muita fumaça.
Mostrou-se muito preocupada e logo se interessou pelos demais funcionários, principalmente aqueles que estavam trabalhando com as portas fechadas e não percebiam o que estava acontecendo.
Embora alertada para que não saísse do elevador, desvencilhou-se e saiu a avisar esses companheiros. Muitas pessoas testemunharam suas ações, quando tentava ajudar a acalmar os aflitos e desequilibrados.
As razões da existência humana; nos faz pensar em porque a desencarnação é tão diferente de uma pessoa para outra.
Depois desse acontecido, os dias se tornaram mais longos e encharcar o travesseiro com lágrimas de fogo, tornou-se rotina para nós.
Procurados por Dona Maria Odila Nunes Cardeal (Didi), ela apresentou-nos o casal Juracy Balbino e Tânia Castro Balbino, que nos auxiliaram muito, incentivando-nos à procura de Chico Xavier em Uberaba.
O desejo de estar frente a ele e a esperança de receber a mensagem, era a chama que nos alimentava. Em 24.5.1974, quase quatro meses após a desencarnação, recebemos a referida mensagem.
De encontro com as nossas constantes indagações, a mesma informou e esclareceu pensamentos íntimos, descobrindo o véu da incerteza.
Esta confirmação está configurada nas palavras de nossa filha e, o que nos chamou a atenção, foi o fato de serem mencionados parentes há muito tempo desencarnados e que naquele momento a estavam auxiliando muito.
Quem seria Ernesto, do qual não tínhamos conhecimento?
Chico verbalmente nos esclarecia as dúvidas e dizia: - Ernesto é da família Simioni. Vocês conhecem alguém com esse sobrenome?
Ficamos espantados coma informação: - Simioni é o sobrenome de nosso filho João Simioni, que trouxemos par ajunto de nós ainda muito pequeno. Por isso, nosso espanto, nome desconhecido para o Chico.
Eis a razão por que carinhosamente Maria Teresa o chamava de “tio” e que a ajudava.
Em pesquisa, depois de algum tempo, viemos a descobrir que “Tio Ernesto” era realmente familiar de João, desencarnado em Belo Horizonte.

Mensagem de: Maria Tereza
Minha querida Mamãe, meu Pai, bênção peço ainda e sempre.
Estou ainda muito abatida, muito doente mesmo. Embora o que aconteceu não fosse enfermidade, mas refiro-me aos resultados.
Tudo foi assim igual a um pesadelo.
Não creio que um de nós possa contar o que sucedeu. Cada um teria um modo diverso de se expressar.
Mas tantas coisas aconteceram de uma vez, que estou sem a possibilidade de separar os fatos e as lembranças.
Provavelmente, saberei mais tarde.
Quero apenas pedir aos meus pais queridos consolo e resignação.
Não sei. Vim par onde estou, sem experiência da vida. Mas penso que devíamos ter mais preparo a fim de suportar àquelas horas de provação.
Estamos na estaca zero, Mãezinha. Vocês choram e eu também. Vocês se prendem à filha que precisa libertar-se, e, de minha parte, prendo-me à família querida que não devo e nem posso prender a mim.
Ajudem-me, peço! Peço lembrando a nossa fé em Deus. As lágrimas de casa me fazem viver uma tempestade. Tudo por dentro de mim, nos meus pensamentos e sentimentos.
Fui recolhida por um grande amigo que disse ser meu avô Cantizani e um anjo, que é minha avó Philomena, me ampara como sendo a continuidade de minha querida Mãe. Entretanto, por mais me esforce, acabo esbarrando em casa.
Isso quase sempre.
Penso muitas saídas e só encontro um lugar para me recolher, nosso lar feliz que se transformou num lugar de imensa tristeza.
Venho pedir-lhes amparo. Preciso sair de mim mesma e compreender o que se passou. E preciso ajudar para ser ajudada.
Papai e Mãezinha, a hora é dos que ficaram. Penso em nosso Luiz Antonio, em nosso Celso, no João, em todos.
Sinto Ana Paula em meus braços, quero falar, consola-los, dizer que o fogo não destruiu nenhum de nós, mas, e, as lágrimas que choramos?
Tenho ouvido muitos amigos e visto muitos outros, todos buscando refazimento... Entretanto, creio que a maioria estará qual eu mesma, guardando fé em Deus e confiança na vida, mas atormentados pela dor e pela aflição dos entes queridos.
Mãezinha; ore como no outro tempo, com aquela certeza ardente de que Deus existe e de que nada acontece por acaso.
Não me pergunte mais porque sucedeu o que vimos. Eu não saberia dizer, mas posso afirmar que ninguém teve culpa. Quem teria coragem e mesmo poder para articular aqueles quadros?
Estamos debaixo de leis que não conhecemos e só a compaixão uns pelos outros conseguirá melhorar-nos. Digo assim, porque ouço todos os dias daqueles que nos procuram nas celas de recuperação em que nos achamos, auxiliando-nos as forças. Auxílio aos que ficara, para que haja auxílio aos que vieram.
Por isso, queridos, meus queridos pais, rogo para que me venham a enxugar o pranto que nos corre do coração. Lembro-me de todos, mas estou ainda insegura. Tenho receio de falar o que não devo e exceder-me em palavras que não conduzam reconforto e esperança. É muita coisa para pensar e estou assim dominada pela angústia dos meus.
Não me procurem nas lembranças materiais. Nem fiquem recordando a forma que teria ficado.
Preciso da imagem do que fui e do que sou para ser eu mesma, em vocês, porque as figurações que fazem me alcançam e me obrigam a pensar em deformação.
Perdoem—me se peço isso. Se não fosse verdade o que vejo e sinto em mim pelo que vocês sentem e procuram ver a meu respeito, eu não diria.
Compreendo que tudo agora pesa muito no que eu possa falar e devo falar somente no melhor que deve ser dito e ouvido.
Mãezinha querida, meu querido papai, meus amigos abençoados, auxiliem-me com as orações e com as boas lembranças. Estamos num dia novo e, mais tarde, estaremos mais unidos na compreensão verdadeira de tudo.
Meu pai e minha mãe; abençoem-me. Procurem vier com alegria e paz. Lembremo-nos da bondade infinita de Deis sobre nós e saibamos ser agradecidos.
Meu tio Ernesto ajuda-me escrever e outros amigos me amparam.
Preciso esquecer o que sucedeu para criarmos um futuro sempre mais belo. Com Deus seremos sempre felizes.
Querida Mãezinha, meu querido papai; recebam um beijo com as muitas saudades e com muito carinho da filha agradecida.
Maria Teresa.