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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Diretrizes de Segurança-J.Raul Teixeira\Divaldo P Franco

 

Índice do Blog 

J. Raul Teixeira

Divaldo P. Franco

Diretrizes de Segurança

Um diálogo em torno das

múltiplas questões da mediunidade

Sociedade Espírita Fraternidade

Site: www.sef.org.br – Email: sef@sef.org.br

Editora Fráter Livros Espíritas Ltda.

Site: www.editorafrater.com.br

Email: editora@editorafrater.com.br

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Monet

O Palheiro

Conteúdo resumido

Esta obra traduz a longa experiência desses dois grandes tarefeiros espíritas, Divaldo Franco e Raul Teixeira, no sagrado exercício da mediunidade.

Reúne 104 perguntas, respondidas pelos autores, enfocando questões essenciais em torno do tema central, que é a atividade mediúnica. Destacam-se os cuidados básicos a serem observados pelos médiuns e pelos grupos mediúnicos, especialmente com relação à vivência evangélica que deve nortear a vida do tarefeiro mediúnico.


Divaldo P. Franco

Nascido em Feira de Santana, no Estado da Bahia, no dia 5 de maio de 1927, filho de Francisco Franco e de Ana Pereira Franco, desde muito jovem adotou a Doutrina Espírita como roteiro para sua vida, assumindo a tarefa mediúnica e associando-a aos relevantes labores da pregação da mensagem espírita, para os corações sequiosos de conhecimento e de consolação, em toda parte.

Fundou, em 7 de setembro de 1947, com um grupo de companheiros, o Centro Espírita “Caminho da Redenção”, em Salvador, e logo depois criou a Mansão do Caminho, obra modelar de educação de crianças socialmente órfãs, sob a égide do pensamento espírita.

Tendo viajado e levado a sua palavra, firme e empolgante, por todo o Brasil e a cerca de 45 países, avança Divaldo para mais notáveis realizações na Seara Espírita.

J. Raul Teixeira

Nascido em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, no dia 7 de outubro de 1949, filho de Raul dos Santos Teixeira e de Benedicta Maria da Conceição, a partir dos tenros anos da mocidade, ao travar contato com a Doutrina Espírita, entusiasmou-se com ela e iniciou seu caminho de pregação doutrinária, ao mesmo tempo em que a dedicação à mediunidade foi-lhe abrindo veredas e visão novas nos arraiais do Movimento Espírita.

Junto de alguns companheiros, fundou, em 4 de setembro de 1980, a Sociedade Espírita Fraternidade, em Niterói, desenvolvendo, a seguir, um trabalho de assistência a crianças faveladas e seus familiares, atividade hoje transferida para os labores do Remanso Fraterno, em fase de estruturação.

Conhecido por sua vibrante pregação em todo o Brasil e em diversos países estrangeiros, prossegue Raul, buscando atender aos objetivos do Espiritismo.

Sumário:

Nota dos Autores. 2

Diretrizes de Segurança. 2

Segura Diretriz. 2

I – Mediunidade. 2

II – Grupo Mediúnico. 2

III – Desenvolvimento Mediúnico. 2

IV – Comunicações. 2

V – Doutrinação. 2

VI – Mentores. 2

VII – Passes. 2

VIII – Alimentação. 2

IX – Estudos, Participação, Receituário. 2

X – Escolhos da Mediunidade. 2

XI – Usos e Costumes. 2


Nota dos Autores

Ao lançarmos o presente volume à atenção dos nossos irmãos, é válido assinalemos que das questões nele propostas, muitas não haviam sido publicadas antes, enquanto outras já eram do domínio público, por sua divulgação pelas imprensas espírita e leiga.

Na abertura de cada Unidade, a fim de permitir uma visão geral dos tópicos abordados nas perguntas e nas respostas, apresentamos um índice remissivo dos vários enfoques.

Neste volume estão as questões contidas no opúsculo Mediunidade, publicado pela AME - Belo Horizonte, em 1986, cujos diretores, gentilmente, nos concederam direito documental de utilização, aos quais agradecemos.


Diretrizes de Segurança

O homem moderno vive massificado por expressiva soma de informações que não consegue digerir emocionalmente.

Têm preferência as notícias que o agridem, atingindo-lhe o sentimento e perturbando-lhe a razão, graças à violência em alucinação e ao sexo em desgoverno, exibindo os mitos do prazer e do triunfo, como se a criatura fosse apenas um ser fisiológico, dirigido pela sensação.

Esmaecem a cultura e a ética no universo da atualidade comportamental, enquanto o despautério propõe modelos psicológicos alienados que passam a conduzir a mole que os alimenta e os atende com paixão.

As filosofias imediatistas surgem pela madrugada e desaparecem ao entardecer das emoções, deixando os vazios perturbadores na mente e no sentimento dos seus aficionados.

As doutrinas religiosas, esquecidas do homem e preocupadas com os grupos, associam Dionísio e Paulo, Cristo e Baco, realizando banquetes em favor dos seus deuses, enquanto os atiram às masmorras dos vícios e das degradações.

As conquistas científicas beneficiam as elites, enquanto o indivíduo, esquecido, encharca-se de rebeldia, contaminado pela desesperação que campeia.

Há também, inegavelmente, homens que são extraordinários exemplos de amor e de abnegação, como Instituições de beneficência e dignificação humana, de solidariedade e de progresso, quais florações de bênçãos nas terras áridas dos sentimentos individuais e coletivos.

Assim considerando, saudamos, neste pequeno livro, o esforço conjugado de dois obreiros do Cristo, interessados em esclarecer os companheiros da marcha evolutiva, em torno da vida e da sua finalidade, dos fenômenos existenciais e da morte física, da paranormalidade e da sobrevivência do Espírito, da obsessão e do serviço ao bem, nos encontros fraternos de estudos espíritas, nos quais foram sabatinados pelo desejo honesto e saudável, por parte dos seus interrogadores, ansiosos por aprenderem mais.

Não são conceitos novos, nem trazem nada de original, porquanto a Doutrina Espírita os explicita com admirável claridade, mas constituem uma contribuição louvável e prática para quem deseja uma vida pautada nas diretrizes da sadia moral e do bom tom.

Esperamos que estas páginas logrem oferecer segurança comportamental e discernimento mental a todos aqueles que, desconhecendo os temas abordados ou tendo deles uma informação apenas superficial, resolvam-se por meditá-los, incorporando-os ao seu cotidiano.

Exorando ao Senhor que a todos nos abençoe, formulamos votos de paz e plenitude para os nossos caros leitores.

Joanna de Ângelis

Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 30/08/1989, na sessão mediúnica do Centro Espírita “Caminho da Redenção”, em Salvador-Bahia.


Segura Diretriz

Meditando sobre as páginas fulgurantes da Boa Nova, identificaremos o questionamento, a pergunta, como elemento de capital importância, no relacionamento do Divino Amigo com os diversos indivíduos que o rodeavam, nos instantes mais variados dos caminhos.

“Senhor, que farei para conseguir a vida eterna?”,[1] perguntou-lhe o intérprete da lei, desejando obter a preciosa orientação.

“Por que dizem os escribas ser necessário que Elias venha primeiro?”,[2] indagaram os discípulos, que com Ele desciam do Tabor, após expressiva demonstração da imortalidade gloriosa.

“Que tenho eu contigo, Jesus, filho do Deus Altíssimo?”,[3] interrogou Legião, identificando a autoridade do Bem sobre a ilusão maléfica e perturbadora.

Essas e muitas outras questões foram respondidas pelo Mestre, buscando atender cada qual, de acordo com a necessidade e o entendimento dos questionadores.

Entretanto, Jesus, por sua vez, indagou aos que o cercavam, procurando fazê-los meditar, considerando-se que Ele sabia o que lhes ia nas almas, nos pensamentos, na condição de Celeste Zagal do rebanho humano.

“Quem dizem os homens que eu sou?”.[4] E fez ressaltar, junto aos discípulos, a crença popular no fenômeno da reencarnação.

“Mas, se falei bem, por que me feres?”.[5] Deu ocasião, assim, para que a exibição vaidosa e a cobardia fossem denunciadas e abatidas pela coragem e grandeza de espírito.

“Que queres que eu te faça?”.[6] E ensinou a importância de que tenhamos superiores e claros objetivos, em nossa fé, quando nos dirijamos às Supremas Fontes da Vida.

*

Perguntas, profundas ou simples, compuseram a pauta de formidáveis ocasiões de aprendizado feliz, ao longo de todo o Evangelho de Jesus Cristo.

Desse modo, quando, no Movimento Espírita, vemos os irmãos das lides terrenas se encontrarem para o estudo e, dentro dele, dedicarem algum tempo para dissiparem dúvidas, de modo honesto e salutar, vibramos com a possibilidade de que tais questões e suas respectivas respostas apareçam documentadas para a elucidação de muitos, em torno de diversos pontos da doutrina veneranda do Espiritismo.

Louvamos ao Senhor, frente a esse pequeno trabalho, que, com certeza, se não representa novidade no contexto espírita, será segura diretriz, para tantos que anseiam por entender melhor ou ampliar reflexões e conhecimentos sobre a prática espiritista.

Certo da bênção do Excelente Mestre para este singelo livro, anelamos por prosseguir estudando e avançando a serviço da Seara do Bem, na qual nos encontramos engajados, pela misericórdia de nosso Pai.

Camilo

Página psicografada pelo médium Raul Teixeira, em 04/09/1989, na sessão mediúnica da Sociedade Espírita Fraternidade, em Niterói-RJ. (Notas do médium)


Primeira parte
Mediunidade

1. finalidade da mediunidade na Terra;

2. informes e diretrizes no contato com os desencarnados;

3. superioridade de alguns médiuns sobre outros;

4. mediunidades mais importantes;

5. os “dons” e a mediunidade;

6. anseio de ser médium como os médiuns de destaque;

7. sobre os médiuns inconscientes;

8. responsabilidade dos médiuns inconscientes;

9. vida moral e intercâmbios;

10. defesas magnéticas do Centro Espírita;

11. dificuldade de concentrar-se no bem durante a prece;

12. recursos para médiuns conscientes;

13. controle do médium sobre as comunicações;

14. cacoetes e viciações dos médiuns;

15. bocejo e eliminação de toxinas;

16. requisitos necessários aos médiuns para as lides mediúnicas;

17. necessidade do estudo para os médiuns;

18. transferência da responsabilidade dos médiuns para os desencarnados comunicantes;

19. relação entre os fenômenos anímicos e mediúnicos;

20. sobre influências espirituais sobre os médiuns fora da reunião mediúnica;

21. importância da educação mediúnica;

22. necessidade de o médium estudar-se para conhecer-se;

23. assimilação ambiental por parte dos médiuns;

24. prática mediúnica e afinidades espirituais;

25. utilidade da vidência;

26. colaboração do médium vidente durante a sessão mediúnica;

27. precariedade da faculdade mediúnica;

28. diferentes percepções dos videntes;

29. descrições diferentes sobre a mesma visão mediúnica;

30. finalidade dos médiuns curadores;

31. o que representa o médium curador;

32. sobre o uso de instrumentos cirúrgicos e indumentárias entre médiuns curadores;

33. médiuns curadores e o Código Penal;

34. curandeirismo, superstição e exploração da ingenuidade popular;

35. perigo do endeusamento de médiuns;

36. perante o elogio danoso e o incentivo indispensável;

37. expressão mediúnica atual e sua vinculação com o pretérito reencarnatório;

38. troca da tarefa mediúnica por outra atividade doutrinária;

39. referência a Henrique Kemper Borges;

40. danos decorrentes da interrupção da tarefa mediúnica;

41. mediunidade e predisposição orgânica;

42. mediunidade é compromisso para toda a vida;

43. sobre sintonia, ressonância e vibrações compensadas;

44. compensação vibratória defluente da oração;

45. centros vitais e intercâmbio mediúnico;

46. centros: coronário, cerebral, laríngeo, cardíaco, gástrico, esplênico e básico;

47. correspondência entre veias e artérias do corpo físico e linhas de força do perispírito;

48. correspondência entre os plexos somáticos e centros de força perispirituais;

49. livro Painéis da Obsessão e a convivência do médium com cenas e episódios;

50. doença física e obsessão.


1. Qual a finalidade da mediunidade na Terra?

Divaldo – A mediunidade é, antes de tudo, uma oportunidade de servir, bênção de Deus, que faculta manter o contato com a vida espiritual. Graças ao intercâmbio, podemos ter aqui, não apenas a certeza da sobrevivência da vida após a morte, mas também o equilíbrio para resgatarmos com proficiência os débitos adquiridos nas encarnações anteriores. É graças à mediunidade que o homem tem a antevisão do seu futuro espiritual e, ao mesmo tempo, o relato daqueles que o precederam na viagem de volta à erraticidade, trazendo-lhe informes de segurança, diretrizes de equilíbrio e a oportunidade de refazer o caminho pelas lições que ele absorve do contato mantido com os desencarnados.

Assim, a mediunidade tem uma finalidade de alta importância, porque é graças a ela que o homem se conscientiza das suas responsabilidades de Espírito imortal. Conforme afirmava o Apóstolo Paulo, se não houvesse a ressurreição do Cristo, para nos trazer a certeza da vida espiritual, de nada valeria a mensagem que Ele nos deu.

2. Há mediunidades mais importantes que outras? E médiuns mais fortes que outros?

Raul – Verdadeiramente não pode haver mediunidades mais importantes que outras, nem médiuns mais fortes do que outros. Existem médiuns e mediunidades. Segundo Paulo de Tarso, existem os "dons" e ele se refere à visão, à audição, à cura, à palavra, ao ensino, mas disse que um só é o Senhor.[7] Eles provêm da mesma fonte. Os indivíduos que psicografam, que psicofonizam, que materializam, poderão todos realizar um trabalho apostolar, na realidade em que se encontram.

Não é o número de possibilidades que dá importância ao médium. O que engrandece espiritualmente o médium é aquilo que ele faz com os dons que possua. Verificamos que a importância do médium se localiza na honra que tem de poder servir.

Não existem, na Doutrina Espírita, médiuns mais fortes que outros, mas, sim, os que são mais dedicados que outros, mais afervorados que outros, que estão renunciando à matéria e efetuando o esforço do auto-aprimoramento mais que outros. Isso ocorre. E é esse esforço para algo mais alto que confere ao médium, ou a outro servidor qualquer, melhores condições de estar à frente na lide. Mas isso não significa que o que venha na retaguarda não poderá alcançá-lo, realizando os mesmos esforços.

Conversando, oportunamente, com um grupo de amigos, o nosso venerável Chico Xavier dizia para os companheiros que o questionavam que o dia em que não chora, não viveu. Depreendemos disso que quanto mais se alteia a mediunidade, colocando aquele que dela é portador numa posição de destaque, numa posição de claridade, naturalmente, os que não desejam a luz mais atirarão pedras à “lâmpada”, tentando quebrá-la, quando não desejam derrubar o “poste” que a sustenta.

Daí, o médium mais importante ser aquele que mais disposto esteja para enfrentar essas lutas em nome do Cristo, Médium de Deus por excelência, e o mais importante Senhor da mediunidade que conhecemos.

Não caberá nenhum desânimo a nenhum de nós outros que ainda nos localizamos numa faixa singela de mediunidade, galgando os primeiros passos. Isto porque já ouvimos companheiros que gostariam de receber mensagens como o Chico recebe, desejariam receber obras daquele talante, desejariam ser médiuns da envergadura desse ou daquele companheiro que se projeta na sociedade, mas desconhecem a cota de sacrifícios diários, de lutas, de lágrimas, de renúncias a que eles têm de se predispor e se dispor. Por isso, em Espiritismo, não há médiuns superiores a outros, nem mediunidades mais importantes que outras; existem oportunidades para que todos nós tomemos a charrua da evolução sem olharmos para trás, crescendo sempre.

3. Existe mediunidade inconsciente?

Divaldo – Sem dúvida. Kardec classificava os médiuns, genericamente, em dois tipos: seguros e inseguros. Dentro dessa classificação, os seguros são aqueles que filtram com fidelidade a mensagem, aqueles que são automáticos, sonambúlicos, inconscientes portanto, por meio dos quais o fenômeno ocorre dentro de um clima de profundidade, sem que a consciência atual tome conhecimento.

Podem ser os médiuns conscientes, semiconscientes e inconscientes. Quanto às suas aptidões e qualidades morais, eles têm vasta classificação.

4. Tem o médium inconsciente responsabilidade pelo que ocorra durante as comunicações?

Divaldo – O fenômeno é sonambúlico, mas a comunicação está relacionada com a conduta moral do médium. Este é sempre responsável pelas ocorrências, assim como em muitas obsessões, quando o indivíduo entra numa faixa de subjugação e perde a consciência, ele parece não ser responsável pelo que se passa; no entanto, o é por haver sintonizado com aquele espírito que o dominou temporariamente. Está no Evangelho de Jesus o assunto colocado de uma maneira brilhante pelo Mestre quando diz aos recém-liberados: “Vai e não tornes a pecar, para que te não aconteça algo pior”.[8] Porque o indivíduo que não se modifica permanece numa faixa vibratória negativa e sintoniza com as entidades mais inditosas, portanto, semelhantes.

Colocando-nos no plano da mediunidade, a nossa vivência moral digna interdita o intercâmbio com as entidades frívolas.

As entidades malévolas dificilmente se adentram na Casa Espírita que tem um padrão vibratório nobre, porque as defesas impedem que tais espíritos rompam as barreiras magnéticas. Mas, a pessoa que se adentra sem o perseguidor deverá reformar-se enquanto está no ambiente espiritual. O que ocorre então? Tal indivíduo, ao invés de acompanhar o doutrinador, de observar e meditar a respeito das lições que lhe são ministradas, por uma viciação mental continua com os mesmos clichês que trouxe lá de fora, ficando dentro do Centro, porém ligado aos espíritos com os quais se afina, mantendo vinculação hipnótica, telepática.

Há pessoas que não conseguem orar, e, quando vão orar, ocorrem-lhes pensamentos de teor vibratório muito baixo. Na hora da prece são assistidas essas pessoas por lembranças de coisas desagradáveis vulgares, sensuais, e não sabem compreender como isso lhes sucede. É resultado de hábito mental.

Se nós, a vida inteira, jogamos para o inconsciente idéias depressivas, vulgaridades, criamos ideoplastias perniciosas. A nossa memória anterior ou subconsciente fica encharcada daquelas fixações. Na hora em que vamos exercitar um pensamento ao qual não estamos habituados, é lógico que, primeiro, aflorem os que são freqüentes. Ilustraremos melhor:

Imaginemos aqui um vaso comunicante em forma de letra “U” De repente vamos orar ou sintonizar com os espíritos nobres. Pelo superconsciente vem a idéia, passa pelo consciente e desce ao inconsciente. Ao passar por ali recebe o enxerto das idéias arquivadas e chega novamente à razão, influenciada pela mescla do que está em depósito. Se pegamos um vaso que está com fuligem, com poeira e colocamos água limpa, ela entra cristalina, porém sai suja, até que, se perseverarmos e continuarmos colocando água limpa, ela irá assear aquele depósito e sairá, por fim, como entrou. É necessário, então, porfiar na idéia, insistir nos planos positivos, permanecer nos pensamentos superiores.

Somos sempre responsáveis por quaisquer comunicações, desde que somos o fator que atrai a entidade que se vai apresentar, graças às nossas vibrações e conduta intelecto-moral.

5. De que dispõe o médium psicofônico consciente para distinguir seu pensamento do pensamento da entidade comunicante?

Divaldo – O médium consciente dispõe do bom senso. Eis porque, antes de exercitar a mediunidade deve estudá-la; antes de entregar-se ao ministério da vivência mediúnica é-lhe lícito entender o próprio mecanismo do fenômeno mediúnico. Allan Kardec, aliás, sábio por excelência, teve a inspiração ditosa de primeiro oferecer à Humanidade O Livro dos Espíritos, que é um tratado de filosofia moral. Logo depois, O Livro dos Médiuns, que é um compêndio de metodologia do exercício da faculdade mediúnica. Há de ver-se, no capítulo 3º, que é dedicado ao método, sobre a necessidade de o indivíduo conhecer a função que vai disciplinar. Então o médium tem conhecimento de suas próprias aptidões e de sua capacidade de exercitá-las.

Na mediunidade consciente ou lúcida o fenômeno é, a princípio, “inspirativo”.

Naturalmente os espíritos se utilizam do nível cultural do médium, o mesmo ocorrendo nas demais expressões mediúnicas: na semiconsciente e na inconsciente ou sonambúlica. O médium, no começo, terá que vencer o constrangimento da dúvida, em cujo período ele não tem maior certeza se a ocorrência parte do seu inconsciente, dos arquivos da memória anterior, ou se provém da indução de natureza extrínseca. Através do exercício, ele adquirirá um conhecimento de tal maneira equilibrado que poderá identificar quando se trata de si próprio – animismo ou de interferência espiritual – mediunismo. Através da lei dos fluidos, pelas sensações que o médium registra, durante a influência que o envolve, passa a identificar qual a entidade que dele se acerca. A partir daí, se oferece numa entrega tranqüila, e o espírito que o conduz inspira-o além da sua própria capacidade dando leveza às suas idéias habituais, oferecendo-lhe a possibilidade de síntese que não lhe é comum, canalizando idéias às quais não está acostumado e que ocorrem somente naquele instante da concentração mediúnica. Só o tempo, porém, pelo exercício continuado, oferecerá a lucidez, a segurança para discernir quando se trata de informação dos seus próprios arquivos ou da interferência dos bons Espíritos.

6. Pode o médium, em algumas comunicações, não conseguir evitar, totalmente, as atitudes desequilibradas dos espíritos comunicantes?

Divaldo – À medida que o médium educa a força nervosa, logra diminuir o impacto do desequilíbrio do comunicante. É compreensível que, em se comunicando um suicida, não venhamos a esperar harmonia por parte da entidade em sofrimento; alguém que foi vítima de uma tragédia sendo arrebatado do corpo sem o preparo para a vida espiritual apresentará no médium o estertor do momento final, na própria comunicação, algumas convulsões em virtude do quadro emocional em que o espírito se encontra.

Há, porém, certos cacoetes e viciações que nos cumpre disciplinar. Há médiuns que só incorporam (termo incorreto), isto é, somente dão comunicação psicofônica, se bocejarem bastante. Para dar um toque de humor: quando eu comecei a freqüentar a Casa Espírita, na minha terra natal, a primeira parte era um Deus-nos-acuda! Porque as pessoas bocejavam e choravam, demasiadamente. Eu, como era médium principiante, cria que também deveria bocejar de quebrar o queixo. A “médium principal”, que era uma senhora muito católica, iniciava as comunicações sempre depois de intermináveis bocejos e tosses que a levavam às lágrimas. Hoje não bocejo, nem no meu estado normal. Quando eles vêm eu cerro os dentes e os evito.

É lógico que uma entidade sofredora nos impregna de energia perniciosa, advindo o desejo de exteriorizar pelo bocejo. É uma forma de eliminar toxinas. Mas nós podemos eliminá-las pela sudorese, por outros processos orgânicos, não necessariamente o bocejo. Há outros médiuns que têm a dependência, em todas as vezes que vão comunicar-se os espíritos, de bater na mesa ou bater os pés, porque se não baterem não se comunicam. Lembro de uma vez em que tivemos uma mesa redonda. O presidente da mesa era um homem muito bom, muito evangelizado, mas não havia entendido bem a Doutrina, tendo idéias doutrinárias muito pessoais. Ele me perguntou quando é que o espírito incorpora no médium. Mas logo respondeu: “A gente chupa... chupa... até engolir! Não é verdade?“. São cacoetes, destituídos de sentido e lógica.

Os médiuns têm o dever de coibir o excesso de distúrbios da entidade comunicante.

Na minha terra, vi senhoras que se jogavam no chão, e vinham os cavalheiros prestimosos ajudá-las... Graças a Deus eram todas magrinhas...

O médium deve controlar o espírito que se comunica, para que este lhe respeite a instrumentalidade, mesmo porque o espírito não entra no médium.

A comunicação é sempre através do perispírito, que vai oferecer campo ao desencarnado. Todavia, a diretriz é do encarnado.

7. Quais são os requisitos necessários aos médiuns que militam na tarefa mediúnica?

Raul – Percebendo que a mediunidade é uma faculdade mental, ela independe de o indivíduo ser nobre ou devasso. Sendo a mediunidade essa luz do espírito que se projeta através da carne, admitiremos também poder encontrá-la representando a treva do espírito que escorre através do soma. E exatamente por isso, percebemos que o médium deverá ajustar-se, quando deseje servir com o Cristo. Atrelado às forças do bem, ajustar-se-á ao esforço de vivenciar as lições evangélicas, renovando, gradativamente, os panoramas da própria existência, domando as inclinações infelizes, inferiores, elevando o padrão mental para que sua mentalização se dirija para o sentido nobre, fazendo-o cada vez mais vibrátil nas mãos das Entidades felizes. Logo, os requisitos para o exercício da mediunidade no enfoque espírita serão o exercício da humildade, da humildade que não se converte em subserviência, mas que é a atitude de reconhecimento da grandeza da vida em face da nossa pequenez pessoal; o espírito de estudo, de apercebimento continuado das leis que nos regem, que nos governam. O médium espírita deverá estar sempre voltado para aumentar o seu patrimônio de conhecimento das coisas, dando-nos conta de que o Espírito da Verdade nos disse ser necessário o amor que assiste, que guarda, que renuncia, que serve, e, ao mesmo tempo, a instrução que de maneira alguma representará apenas o diploma acadêmico, mas que é esse engrandecimento do caráter, da inteligência, esse amadurecimento que, muitas vezes, o diploma não confere. Exatamente aí o médium deverá ater-se ao estudo, ao trabalho, à abnegação ao semelhante, e nesse esforço estará logrando também subir a ladeira para conquistar a humildade.

Numa colocação feita pelo espírito Albino Teixeira, através de Chico Xavier, no livro Paz e Renovação,[9] diz ele que o melhor médium para o mundo espiritual não é o que seja portador de múltiplas faculdades, mas é aquele que esteja sempre disposto a aprender e sempre pronto a servir.

8. O médium é responsável por toda e qualquer comunicação mediúnica?

Divaldo – Deve sê-lo, porque não é um autômato. Quaisquer comunicações que lhe ocorram são através do seu psicossoma ou perispírito. A conduta do médium é de sua responsabilidade e, graças a essa conduta, ele responde pela aplicação de suas forças mediúnicas.

É muito comum a pessoa assumir comportamentos contrários ao bom-tom e depois dizer que foram as entidades perniciosas que agiram dessa forma. Isso é uma evasão da responsabilidade, porque os espíritos somente atuam pelo médium, nele encontrando receptividade para as suas induções. É importante saber que o médium é responsável pela manifestação que ocorra através dele. Para que se torne um médium seguro, um instrumento confiável, é necessário que evolua moral e intelectualmente, na razão em que exercita a faculdade.

Gostaria de dar uma informação que nos transmitem os Amigos Espirituais: referem-se à seriedade com que as entidades que aqui trabalham estão encarando este encontro.[10] Um dos fatores mais importantes para a divulgação da Doutrina Espírita, além do estudo sério, é a mediunidade na vivência, no comportamento dos médiuns. Porque os neófitos atraídos para a Doutrina vêm, invariavelmente, ansiosos pelos fenômenos e por soluções para problemas que eles não querem equacionar. A invigilância de alguns aprendizes do Espiritismo, trabalhando na mediunidade, responde pela deserção dos inseguros, pelos desequilíbrios na comunidade mediúnica. Esses Mentores estão empenhados em nos ajudar para o bom discernimento das nossas realizações.

Registro, outrossim, a presença de vários desses amigos que prosseguem colaborando, vivamente empenhados no trabalho de educação e de iluminação das almas. Eles hoje aqui capitaneados pelo espírito Dr. Camilo Chaves, que também convidou um número muito grande de antigos colaboradores da Doutrina Espírita nesta cidade, tais como Pascoal Comanducci, Henriot, Bady Elias Guri, Dolores Abreu, professor Cícero Pereira, Virgílio Almeida, Célia Xavier, Schembri e outros trabalhadores afeiçoados ao bem, que se encontram empenhados em promover o Consolador em nossas vidas para que as mesmas sigam, por acréscimo de misericórdia, na direção de Jesus.

9. Há médiuns inconscientes que, após a manifestação do espírito, não se recordam do que o comunicante disse ou fez por seu intermédio?

Divaldo – Sim. Há e ocorre com uma boa parcela dos sensitivos. À medida que a faculdade se torna maleável, que os filtros se fazem mais fiéis, o médium não se recorda através da consciência plena, mas ele sabe algo, porque todo fenômeno mediúnico se dá mediante uma co-participação do espírito encarnado.

10. Essa co-participação seria um controle remoto do subconsciente?

Divaldo – Exatamente. O espírito encarnado é quem côa a mensagem da entidade desencarnada. Então, ao mesmo tempo, exerce a fiscalização, o controle, e coíbe, quando devidamente educado, quaisquer abusos, preservando o instrumento de sua reencarnação, que é o corpo.

11. Quer dizer que, no fundo, é sempre o médium o responsável, mesmo que tenha faculdade inconsciente, por aquilo que vem através dele?

Divaldo – Daí dizer-se que “em todo fenômeno mediúnico há um efeito anímico, assim como em todo fenômeno anímico há uma expressão mediúnica”. Por melhor que seja o pianista, o som é sempre do piano.

12. O que deve fazer o médium quando influenciado por entidades da reunião, no trabalho, no lar? Quais as causas dessas influências?

Divaldo – No capítulo 23º de O Livro dos Médiuns, Da Obsessão, o Codificador reporta-se à invigilância das criaturas. É natural que o indivíduo seja médium onde quer que se encontre. A mediunidade não é uma faculdade que só funcione nas reuniões especializadas. Onde quer que se encontre o indivíduo, aí estão os seus problemas. É perfeitamente compreensível que não apenas na oficina de trabalho, mas também na rua, na vida social, ele experimente a presença dos espíritos; não somente presenças positivas, como também perniciosas, entidades infelizes, espíritos levianos, ou aqueles que se comprazem em perturbar e aturdir. Cumpre ao médium manter o equilíbrio que lhe é proposto pela educação mediúnica.

Mediante a educação mediúnica pode-se evitar a interferência desses espíritos perturbadores em nossa vida de relação normal, para que não venhamos a cair na obsessão simples, que é o primeiro passo para a subjugação – etapa terminal de um processo de três fases.

Quando estivermos em lugar não apropriado ao exercício da mediunidade ou à exteriorização do fenômeno, disciplinemo-nos, oremos, volvamos a nossa mente para idéias otimistas, agradáveis, porque mudando o nosso clichê mental, transferimo-nos de atividade espiritual.

É necessário que os médiuns estejam vigilantes, porque é muito comum, graças àquele atavismo a que já nos reportamos, a pessoa se caracterizar como médium por meio de pantomimas, de manifestações exteriores.

Como querendo provar ser médium, a pessoa insensata faz caretas, toma choques, caracterizando-se com patologias nervosas. A mediunidade não tem nada a ver com essas extravagâncias muito ao gosto dos exibicionistas. O mesmo acontece com pessoas que, quando escrevem com a mão, também escrevem com a boca, retorcendo-se, virando-se. Não tem nada a ver uma coisa com outra. A pessoa para escrever assume uma postura correta, que aprendeu na escola.

De forma análoga, o médium deve também aprender a escrever e a “incorporar” sem esses transtornos nervosos. No exercício da mediunidade é preciso educar a postura do médium, para que ele seja intermediário equilibrado, não dando ensejo a distonias na área mediúnica.

13. É possível ao médium distinguir as alterações psíquicas e orgânicas que lhe são próprias das que estão procedendo dos espíritos desencarnados?

Divaldo – Um dos comportamentos iniciais do médium deve ser o de estudar-se. Daí ser necessário estudar a mediunidade. Eu, por exemplo, quando comecei o exercício da mediunidade, ia a uma festa e assimilava de tal forma o psiquismo do ambiente, que me tornava a pessoa mais contente dali. Se ia a um casamento eu ficava mais feliz que o noivo. Se ia a um enterro ficava mais choroso que a viúva, porque me contaminava psiquicamente, e ficava muito difícil saber como era a minha personalidade. Pois, de acordo com o local, havia como que um mimetismo, isto é, eu assimilava o efeito do ambiente.

Lentamente, estudando a minha personalidade, as minhas dificuldades e comportamentos, logrei traçar o meu perfil pessoal, e estabelecer uma conduta medial para que aqueles que vivem comigo saibam como eu sou, e daí possam avaliar os meus estados mediúnicos.

De início, o médium terá algumas dificuldades, porque o fenômeno produz uma interposição de personalidades estranhas à sua própria personalidade. Somando-se velhas dificuldades à sensibilidade mediúnica, o sensitivo passa a ter muito aguçadas as reminiscências das vidas pretéritas, não o caráter da consciência, mas o somatório das experiências.

Recordo-me que, em determinada época da minha vida, terminada uma palestra ou reunião mediúnica, eu tinha uma necessidade imperiosa de caminhar. Caminhar até a exaustão física. Naquele período claro-escuro da mediunidade, sem saber exatamente como encontrar a paz, os espíritos me receitaram trabalho físico, para que, cansado, fosse obrigado ao repouso físico, porque tinha dificuldades de dormir. A vida física era-me muito ativa e, mesmo quando o corpo caía no colapso, a mente continuava excitada, e eu me levantava no dia seguinte pior do que havia deitado. Então, às vezes, eu preferia não deitar.

Com o tempo fui formando meu perfil de comportamento, de personalidade, aprendendo a assumir a responsabilidade dos insucessos e a transferir para os Mentores os resultados das ações positivas que são sempre de Deus, enquanto os erros são sempre nossos. Estaremos sempre em sintonia com espíritos de comportamento idêntico ao nosso. Daí, o médium vai medindo as suas reações, suas mágoas, ciúmes, invejas, e irá identificando as reações positivas, a beleza, o desejo de servir. Por fim, aprende a selecionar quando é ele e quando são os espíritos que estão agindo por seu intermédio.

14. O que determinará a qualidade dos espíritos que, pela lei das afinidades, serão impelidos a se afinarem conosco nas práticas mediúnicas?

Raul – Compreendemos que todos nós renascemos com determinadas tarefas a realizar, e para esse entendimento, há aqueles que renascem com a tarefa da mediunidade. O chamamento da mediunidade na hora correta mostra ao seu portador o compromisso ajustado. Normalmente, as entidades que deverão trabalhar, que deverão atuar no campo mediúnico, dirigindo as lides entre os companheiros da Terra, já vêm ajustadas desde os seus contatos no mundo espiritual. Elas se posicionam como verdadeiros guardiães para que, em momento oportuno, o indivíduo se apresente diante do chamado.

Há outros espíritos que estão associados a essa programática reencarnatória e que se afinam com o encarnado fora do labor da mediunidade; e, à semelhança de alguém que se transfira de uma casa para outra, de um bairro para outro, vai surgindo a vizinhança nova e vão se mostrando os espíritos que se unem por afinidades, por sintonia de gosto com aqueles que são os médiuns.

O médium, desejoso de que a sua vizinhança espiritual seja do melhor naipe, deverá preparar-se para ser também de bom teor a sua vida.

Como nos ensina Emmanuel, deverá o médium ligar-se aos que estão na faixa do Cristo.[11] E, mesmo quando se manifestem entidades enfermas, o médium estará servindo à enfermagem espiritual, da mesma forma que um enfermeiro num hospital da comunidade. Embora atenda a diversos doentes, a vários pacientes de múltiplas características, nem por isso assimilará as mazelas do doente. Um médico que trabalhe com doenças contagiosas, nem por isso contrairá as moléstias das quais trata. Então, esses médiuns que estão laborando com os diversificados tipos espirituais procurarão ajustar-se aos Espíritos Benfeitores, unir-se pela vivência, pela prática do amor e da caridade, em suas várias dimensões.

Entendemos, com a Doutrina Espírita, que para nos ajustarmos aos Espíritos nobres será necessário enquadrar nossa romagem, pensamentos e hábitos ao bem e ao trabalho da caridade.

15. Que utilidade tem a mediunidade de vidência?

Divaldo – A utilidade é a de desvelar os painéis do mundo espiritual, sabendo observá-los, e, melhor ainda, mantendo discrição no traduzi-los, para não a transformar num informativo de leviandades.

16. Qual a colaboração que um médium vidente pode dar no transcurso de uma sessão mediúnica?

Divaldo – Fazendo observações, anotando pontos capitais e colaborando com o médium doutrinador, para que ele esteja informado da qualidade dos espíritos que ali se comunicam.

17. É sempre segura e permanente essa faculdade?

Divaldo – Como toda faculdade mediúnica, ela é transitória e oscilante, dependendo muito do estado moral do médium.

18. Por que dois médiuns enxergam, ao mesmo tempo, quadros diferentes?

Divaldo – Porque as percepções visuais são em faixas vibratórias, que oscilam de acordo com o grau de adiantamento do espírito do médium.

Um registra uma faixa, na qual se manifestam os espíritos, e outro registra um tipo de faixa diversa.

Ocorre, também, que a maioria dos médiuns videntes é clarividente e, nesse caso, a imaginação, quando indisciplinada, elabora construções e imagens que ele não sabe traduzir, perturbando-se com aquilo que capta.

19. Podem, simultaneamente, dois médiuns, em se referindo à mesma entidade, fazer descrições diferentes e serem verídicas, ambas?

Divaldo – Seria o mesmo que duas pessoas de graus de cultura diversos descrevendo uma tela. Cada uma informará os detalhes que lhe chamem a atenção, com as possibilidades da sua capacidade descritiva. Mas o conjunto geral será o mesmo.

20. Deverá ser?

Divaldo – Deve ser.

21. Qual a finalidade de médiuns curadores ?

Divaldo – A prática do bem, do auxílio aos doentes. O Apóstolo Paulo já dizia: “Uns falam línguas estrangeiras, outros profetizam, outros impõem as mãos...”

Como o Espiritismo é o Consolador, a mediunidade, sendo o campo, a porta por meio da qual os Espíritos Superiores semeiam e agem, a faculdade curadora é o veículo da Misericórdia para atender a quem padece, despertando-o para as realidades da Vida Maior, a Vida Verdadeira. Após a recuperação da saúde, o paciente já não tem o direito de manter dúvidas nem suposições negativas ante a realidade do que experimentou.

O médium curador é o intermediário para o chamamento aos que sofrem, para que mudem a direção do pensamento e do comportamento, integrando-se na esfera do bem.

22. É normal que médiuns dessa natureza se utilizem de instrumental cirúrgico, de indumentária, que os caracterizem como médicos?

Divaldo – Na minha forma de ver, trata-se de ignorância do espírito comunicante, que deve ser devidamente esclarecido, e de presunção do médium, que deve ter alguma frustração e se realiza dessa forma, ou de uma exibição, ou, ainda, para gerar maior aceitação do consulente que, condicionado pela aparência, fica mais receptivo. Já que os espíritos se podem utilizar dos médiuns que normalmente não os usam, não vejo porque recorrer à técnica humana quando eles a possuem superior.

23. Quais os cuidados que se deve tomar para que o médium curador não se apresente como um curandeiro e não esteja enquadrado no Código Penal, pela prática ilegal da medicina?

Divaldo – Primeiro, que ele estude a Doutrina Espírita, porque todo e qualquer médium que ignora o Espiritismo é alguém que caminha em perigo.

Por que é alguém que caminha em perigo? Porque aquele que ignora os recursos que possui, que se desconhece a si mesmo, é incapaz de realizar um trabalho em profundidade e com equilíbrio. Se estuda a Doutrina, fica sabendo que a faculdade de que se encontra revestido é temporária, é o acréscimo de responsabilidade, também uma provação, na qual ele estará sendo testado constantemente e deve sempre, em cada exame, lograr um resultado positivo.

Depois de se dedicar ao estudo da Doutrina, deve se vincular a um Centro Espírita, porque um dos fatores básicos do nosso comportamento é a solidariedade, em trabalho de equipe. Estando a trabalhar num Centro Espírita, ele estará menos vulnerável às agressões das pessoas frívolas, irresponsáveis, dos interesseiros; terá um programa de ação, em dias e horas adrede estabelecidos. Então, não ficará à mercê da mediunidade, em função dela, mas será um cidadão normal, que tem seus momentos de atender, trabalhando para viver com dignidade e renunciando às suas horas de descanso em favor do ministério mediúnico.

Para que ele se poupe de ficar incurso no Código Penal, deve fazer o exercício da mediunidade sem prometer, sem anunciar curas retumbantes, porque estas não podem ser antecedidas, e a Deus pertencem, e não retire da mediunidade nenhum proveito imediato, porque o curandeirismo implica em exploração da ingenuidade do povo, da superstição e da má-fé. Se ele é dotado de uma faculdade mediúnica, seja qual seja, dentro de uma vida regular e equilibrada, preservar-se-á a si mesmo. Se, eventualmente, for colhido nas artimanhas e nas malhas da Lei, isto será conseqüência da Lei Divina.

Que ele saiba pagar o preço do ministério que executa, que lhe foi confiado pelo Senhor.

24. O endeusamento do médium constitui perigo para a mediunidade? Por quê?

Raul – Evidentemente que tudo aquilo que constitui motivo de tropeço na estrada de qualquer criatura naturalmente poderá levá-la à queda. Em se tratando de médium e de mediunidade, todo e qualquer endeusamento é plenamente dispensável, mesmo porque entendemos que o médium não fala por si próprio. O que ele apresenta de positivo, de nobre, de engrandecedor, deve-se à assistência e à misericórdia dos Espíritos do Senhor, não havendo motivo, portanto, para que se vanglorie de uma virtude, de uma grandeza que ainda não lhe pertencem.

Por outro lado, se o fenômeno ao qual ele serve de intermediário não constitui essa grandiosidade, se são fenômenos modestos, ou se houve algum equívoco ou alguma fragilidade nas colocações que alguma entidade apresentou, também não é motivo para que o médium se atormente, se entristeça, porque terá sido apenas o filtro. Necessita, sim, a partir de então, de ter o cuidado de estar cada dia mais vigilante, para que esse empobrecimento não se amplie, para que não seja co-participante dessa deficiência e para que ele, cada vez mais, se dê conta de que a vaidade poderá ser-lhe prejudicial.

Por isso, qualquer endeusamento é desnecessário, é improfícuo. Isso não dispensa que os companheiros, que estejam lidando com o médium, o possam incentivar para que ele cresça, para que ele se desenvolva cada vez mais e melhor, para que estude, para que sirva, para que trabalhe. Assim afirmamos porque temos visto oculta por trás desse broquel do não-endeusamento uma parte muito considerável de um personalismo infeliz, de um despeito torturante.

Muitas vezes, diz-se que não se deve elogiar o médium, porque não haveria necessidade para tanto. Porém, não se lhe diz nenhuma palavra que o impulsione para a frente, determinando uma posição de despeito, ou de indiferença. Se não precisamos dizer à criatura que ela é um médium melhor que Chico Xavier, e todos saberão que é uma inverdade, poderemos dizer: prossiga, meu irmão ou minha irmã, vá adiante... O Chico também começou nas lutas das suas experiências iniciais, claro que estamos deixando de lado aquela continuidade de tarefas que ele vem fazendo desde reencarnações anteriores, mas, de qualquer maneira, mesmo em encarnações anteriores ele iniciou pelo simples, pelas coisas mais modestas, e se hoje ele é esse filão de grandiosa mediunidade, é porque esforçou-se, devotou-se nesse anelo da perfeição espiritual.

O endeusamento, então, será sempre dispensável, mormente para aqueles médiuns que estejam começando, mas não deveremos deixar de incentivá-los, doutrinariamente, para que não sejam desanimados pela onda terrível que agride médiuns e mediunidades, nesses dias, que lança descrédito e tenta jogar desdouro por sobre a tarefa mediúnica.

25. O médium pode trocar a tarefa mediúnica por outra atividade doutrinária?

Divaldo – A tarefa mediúnica estará presente na vida do instrumento, onde quer que ele se localize. É óbvio que a tarefa mediúnica foi por ele elegida e não seria lícito que a abandonasse a meio do caminho, num mecanismo de fuga à responsabilidade, para a realização de outra que, certamente, não levará adiante. O indivíduo, por exercer a mediunidade, pode e deve assumir outras tarefas que dizem respeito ao labor da Casa Espírita, mesmo porque a mediunidade não irá tomar-lhe o tempo integral, de modo que o impeça de vivenciar a programática da Doutrina Espírita em outros níveis.

Neste momento, eu vejo aqui um médium desencarnado, que viveu em Belo Horizonte. Era militar e se chama Henrique Kemper Borges. Entregou-se à mediunidade, trabalhando por longos anos a fio, sem que isso lhe perturbasse o labor da vida militar, social e doutrinária abraçado, porque a educação da mediunidade, diz ele, “faz parte do Evangelho de Jesus e, à luz da Codificação Espírita, é uma diretriz de equilíbrio no culto do dever que o espírito encarnado assume, para liberar-se do passado comprometido com aqueles a quem prejudicou e que ainda se encontram na erraticidade inferior, necessitando de sua ajuda e de seu apoio. Qualquer motivo que objetive desviá-lo da tarefa abraçada é mecanismo de fuga para acumpliciamento com a ociosidade”.

26. Se o médium interrompe sua tarefa mediúnica, pode isto lhe causar danos? Por quê?

Divaldo – O êxito de qualquer atividade depende do exercício da aptidão de que se é objeto. A mediunidade, segundo Allan Kardec, “é uma certa predisposição orgânica” [12] de que as pessoas são investidas. A faculdade mediúnica é do espírito. A mediunidade é-lhe uma resposta celular do organismo. Apresenta-se como sendo uma aptidão. Se a prática não é convenientemente educada, canalizada para a finalidade a que se destina, os resultados não são, naturalmente, os desejados. A pessoa, não conduzindo corretamente as suas forças mediúnicas, não logra os objetivos que persegue. Abandonando a tarefa a meio termo, é natural que a mesma lhe traga os efeitos que são conseqüentes do desprezo a que está relegada. Qualquer instrumento ao abandono é vítima da ferrugem ou do desajuste. Emmanuel, através da abençoada mediunidade de Chico Xavier, afirmou com lógica: “Quanto mais trabalha a enxada, mais a lâmina se aprimora. A enxada relegada ao abandono vai carcomida pela ferrugem.”

Quando educamos a mediunidade, ampliando a nossa percepção parafísica, desatrelamos faculdades que jaziam embrionárias.

Se, de um momento para outro, mudamos a direção que seria de esperar-se, é óbvio que a mediunidade não desaparece e o intercâmbio que se dá muda de condutor. O indivíduo continua médium, mas já que ele não dirige a faculdade para as finalidades nobres vai conduzido pelas entidades invigilantes, no rumo do desequilíbrio.

Daí dizer-se, em linguagem popular, que a mediunidade abandonada traz muitos danos àquele que dela é portador. Isso ocorre porque o indivíduo muda de mãos. Enquanto está no exercício correto de suas funções, encontra-se sob o amparo de entidades responsáveis. Na hora que inclina a mente e o comportamento para outras atividades, transfere-se de sintonia, e aqueles com os quais vai manter o contato psíquico são, invariavelmente, de teor vibratório inferior, produzindo-lhe danos.

Também seria o caso de perguntarmos ao pianista o que acontece com aquele que deixa de exercitar a arte a que se dedica no campo da música. Ele dirá que perde o controle motor, que as articulações perderam a flexibilidade, a concentração desapareceu e ele vai, naturalmente, prejudicado por uma série de temores que o assaltam, impedindo-lhe o sucesso. A mediunidade é um compromisso para toda “a vida” e não apenas para toda a reencarnação. Porque, abandonando os despojos materiais, o médium prossegue exercitando a sua percepção parafísica em estágios mais avançados e procurando chegar às faixas superiores da Vida.

27. Em mediunidade, o que seriam sintonia, ressonância e vibrações compensadas?

Divaldo – A sintonia, como o próprio nome diz, é a identificação. Estamos sempre acompanhados daqueles que nos são afins. A emissão de uma onda encontra ressonância num campo vibratório equivalente. Aí temos a sintonia, como numa rádio que emite uma onda e é captada por um receptor na mesma faixa vibratória. A sintonia de Chico Xavier com o Espírito Emmanuel dá essa ressonância maravilhosa, que é a obra abençoada que o Instrutor mandou à Terra. A ressonância seria o efeito que decorre do mecanismo de sintonia. E as vibrações compensadas são aquelas que oferecem, como o próprio nome coloca, a resposta dentro do padrão de reciprocidade. Quando Chico sintoniza com Emmanuel recebe a compensação do benefício que decorre daquela onda provinda do Benfeitor, que lhe responde ao apelo através do bem-estar que lhe proporciona. Essa compensação pode ser positiva ou negativa. Se elaboramos idéias infelizes somos compensados pelas respostas das entidades afins, que se comprazem em nos utilizar na viciação toxicômana, alcoólica, tabagista ou no exagero em qualquer função ou hábito.

Quando oramos ao Cristo, ou oramos a Deus, recebemos imediatamente a compensação do bem-estar que decorre de estarmos sintonizados com o Alto.

28. Qual o papel dos centros vitais no intercâmbio mediúnico?

Raul – Encontramos os centros vitais como sendo representações do corpo psicossomático ou perispírito, correspondendo aos plexos no corpo físico.

São verdadeiras subestações energéticas.

À proporção que encontramos no mapa fisiológico do indivíduo os diversos entroncamentos nervosos, de vasos, de veias, temos aí um foco de expansão de energia.

O nosso centro coronário, que é a porta que se abre para o cosmo, é a “esponja” que absorve o influxo de energia e o distribui para o centro cerebral, para o centro laríngeo, e, respectivamente, para outros centros que se distribuem com maior ou menor intensidade, através do corpo. Sabemos que tais energias, antes de atingir o corpo físico, abrigam-se no corpo espiritual. Do mesmo modo como se tivéssemos uma grande cisterna de água abastecendo uma cidade, tendo em cada residência a nossa particular, verificamos no organismo a grande “cisterna” que absorve as energias de maior vulto, que é o citado centro coronário, e as pequenas “cisternas” que vão atendendo às outras regiões: o centro cerebral, atendendo às funções intelectivas do homem, acionando as funções da mente; o centro laríngeo, responsável pela respiração, pela fala e todas as funções importantes do aparelho fonador; temos o centro cardíaco, que ativa as emoções, as emissões do sentimento do homem, atuando sobre o músculo cardíaco. Conhecemos o centro gástrico, responsável pela digestão energética e naturalmente achamos aí, no campo da mediunidade, uma contribuição muito grande, porque os médiuns invigilantes, ou que estão nas lides sem o devido policiamento, sem as devidas defesas, quando entram em contato com atormentados, sentem as tradicionais náuseas, absorvendo energias que os alimentam de maneira negativa e provocam mal-estares de repercussão no soma, no corpo físico; a dor de cabeça, tão comum aos médiuns, são energias atingindo o centro cerebral. Lembramos, ainda, o centro esplênico, responsável pela filtragem de energia, atuando sobre o baço, do mesmo modo que este é responsável pelo armazenamento do sangue, pela filtragem; e, achamos o centro básico ou genésico, por onde absorvemos a energia provinda dos minerais, do solo, o chamado pelos jogues de “kundalini” ou “fogo serpentino”.

Esses centros espalhados são tidos como os mais importantes, mas, ao longo do corpo, temos vários outros centros por onde as energias penetram ou por onde elas são emitidas. Dessa forma, os centros de força são distribuidores de energia ao longo do corpo psicossomático que têm a função de atender ao corpo somático. Identificamos a correspondência das veias, das artérias e dos vasos no corpo físico com as “linhas de força” do corpo perispiritual. Eis porque, quando recebemos o passe, imediatamente, sentimos bem-estar, nos sentimos envolvidos numa onda de leveza que normalmente provoca-nos emoção.

Porque as energias penetram o centro coronário e são distribuídas por essas “linhas de força”, à semelhança de qualquer medicamento, elas vão atingir as áreas carentes. Se estivermos com uma problemática cardíaca, por exemplo, não haverá necessidade de aplicarmos as energias sobre o músculo cardíaco, porque em penetrando nossa intimidade energética, aquele centro lesado vai absorver a quantidade, a parcela de recursos fluídicos de que necessita. Do mesmo modo, se temos uma dor na ponta do pé e tomamos um analgésico, que vai para o estômago, a dor na ponta do pé logo passa. Então, o nosso cosmo energético está, como diz a Doutrina Espírita, ligado célula por célula ao nosso corpo somático. Por isso, os centros de força do perispírito têm seus correspondentes materiais nos plexos do corpo carnal, ou, diríamos de melhor maneira, os plexos do corpo carnal são representantes materiais, são a expressão materializada dos fulcros energéticos ou dos centros de força, ou, ainda, dos centros vitais do nosso perispírito.

29. Considerando os vários casos mediúnicos abordados no livro Painéis da Obsessão, perguntamos: durante a recepção do livro o irmão desdobrou-se e conviveu com o ambiente espiritual?

Divaldo – Durante o trabalho de psicografar o livro romanceado, os espíritos permitiram-me acompanhar o que grafavam. Como são psicografias feitas em horas específicas, adrede reservadas para esse mister, registramos cenas, à medida que os espíritos iam escrevendo, através dos clichês mentais que me projetavam. Certa vez, quando psicografava o Párias em Redenção,[13] que foi o nosso primeiro romance mediúnico ditado por Victor Hugo, observamos toda a paisagem que ele mostrava enquanto meu braço escrevia.

Para minha surpresa, notei, quando li as páginas, que havia visto muito mais do que ali estava escrito. Ocorreu-me a idéia de explicar aos confrades de nossa Casa, que era o mesmo que ir ao cinema acompanhado por um cego e estar explicando-lhe as cenas que se projetam na tela. A capacidade visual é muito maior do que a palavra ou a grafia.

Assim, quando Manoel Philomeno escreveu a obra Painéis da Obsessão,[14] eu acompanhei o que estava anotando, havendo sido levado à Colônia onde se realizavam as duas intervenções cirúrgicas na personagem central de nome Argos, que havia contraído a enfermidade física, graças a um processo obsessivo que, atuando por meio de vibrações viciosas nos centros vitais, a que se referiu Raul, terminou por matar as defesas imunológicas do organismo, dando margem a que o bacilo de Koch, que se encontrava no organismo, viesse a formar colônias em seus pulmões.


Segunda parte
Grupo Mediúnico

1. conceito de grupo mediúnico;

2. tipos de participantes;

3. sobre o número de participantes;

4. objetivo da sessão mediúnica;

5. ajuda recíproca entre médiuns e desencarnados;

6. prontidão dos médiuns;

7. estado geral do médium à hora da reunião;

8. ação dos integrantes da sessão mediúnica, após seu término, no mundo espiritual;

9. avaliação da reunião mediúnica;

10. comportamento dos integrantes do grupo, antes e depois da sessão;

11. preparo íntimo dos integrantes da sessão mediúnica;

12. hábitos mentais e comportamentos morais;

13. ação dos perturbadores desencarnados nos dias das tarefas;

14. sobre prece e leitura antes da sessão mediúnica;

15. sobre a exigência da manifestação do Mentor para a abertura da sessão;

16. condicionamentos prejudiciais no início das sessões;

17. uso de fórmulas faladas para a abertura das sessões mediúnicas;

18. ausência de comunicações nas sessões mediúnicas;

19. conseqüências da queda do padrão vibratório das sessões;

20. atitude do dirigente das sessões quando não ocorram manifestações;

21. procedimento dos dirigentes para que alcancem seus objetivos doutrinários;

22. alvitre para os dirigentes e candidatos à direção de sessões;

23. identificação de fenômenos anímicos e mistificadores;

24. função do grupo mediúnico;

25. necessidade do fluido animal;

26. reunião mediúnica pública;

27. êxito da reunião depende da equipe;

28. privacidade da reunião mediúnica;

29. influência da equipe sobre o médium em transe;

30. grupos fechados em torno de si mesmos;

31. sobre o encaminhamento de pessoas com perturbações mediúnicas para as sessões;

32. importância e necessidade do estudo para os médiuns;

33. atendimento a quem chegue com problemas mediúnicos;

34. perturbação mediúnica como chamamento moral;

35. freqüência do médium a reuniões e solução de problemas;

36. ansiedade de muitos médiuns e o trabalho por fazer;

37. reuniões mediúnicas domiciliares;

38. evangelho no lar com atividade mediúnica;

39. lugar ideal para as sessões mediúnicas;

40. programação dos benfeitores desencarnados para as sessões;

41. sessões mediúnicas fora do Centro Espírita;

42. para identificar a natureza dos espíritos nas sessões mediúnicas;

43. idade mínima para o serviço mediúnico;

44. importância da maturidade espiritual;

45. não é suficiente o conhecimento teórico para a participação mediúnica;

46. sobre psicofonias múltiplas, uma atrás da outra, por um mesmo médium;

47. número de manifestações por médium;

48. problema do sono nas sessões mediúnicas;

49. sugestões para os tarefeiros cansados da lide diária, contra o sono;

50. sono como adversário terrível do aprendizado.


30. O que é um grupo mediúnico e qual o número adequado de pessoas que deve constituí-lo?

Divaldo – Entendemos por grupo mediúnico a associação de pessoas que têm conhecimento da Doutrina Espírita e que pretendem dedicar-se ao estudo da fenomenologia medianímica e, simultaneamente, praticar a excelente lição do próprio Espiritismo, que é a caridade.

O número de pessoas oscila de acordo com as possibilidades dos que dirigem o grupo. Ideal é que este seja constituído de elementos, como diz Allan Kardec,[15] simpáticos entre si, que persigam objetivos superiores, que desejem instruir-se e que estejam dispostos ao ministério do serviço contínuo; entretanto, merece considerar que todo grupo de experiências mediúnicas fundamentado num número excessivo de membros está relativamente fadado ao fracasso. Os espíritos prescrevem um número em torno de 15 (quinze), no máximo 20 (vinte), ou não inferior a 6 (seis), para que haja a equipe dos que trabalharão na mediunidade propriamente chamada, bem como a equipe dos que atenderão no socorro dos passes e através da mediunidade de doutrinação, e, ao mesmo tempo, o grupo dos que poderão atender como assessores para qualquer outra cooperação necessária.

31. Qual o objetivo de uma sessão mediúnica?

Divaldo – É acima de tudo uma oportunidade de o indivíduo auto-reformar-se; de fazer silêncio para escutar as lições dos espíritos que vêm a nós, depois da morte, chorando e sofrendo, sendo este um meio de evitarmos cair em seus erros. É também para fazer-nos esquecer a ilusão de que nós estejamos ajudando os espíritos, uma vez que eles podem passar sem nós. No mundo dos espíritos, as Entidades Superiores promovem trabalhos de esclarecimento e de socorro em seu favor; nós, entretanto, necessitamos deles, mesmo dos sofredores, porque estes são a lição de advertência em nosso caminho, convidando-nos ao equilíbrio e à serenidade. Assim, vemos que a ajuda é recíproca.

O médium é alguém que se situa entre os dois hemisférios da vida. O membro de um labor de socorro medianímico é alguém que deve estar sempre às ordens dos Espíritos Superiores para os misteres elevados.

À hora da reunião, devem-se manter, além das atitudes sociais do equilíbrio, a serenidade, um estado de paz interior compatível com as necessidades do processo de sintonia, sem o que, quaisquer tentames nesse campo redundarão inócuos, senão negativos.

Depois da reunião é necessário manter-se o mesmo ambiente agradável, porque, à hora em que cessam os labores da incorporação, ou da psicografia, o fenômeno objetivo externo, em si, não cessam os trabalhos mediúnicos no mundo espiritual. Quando um paciente sai da sala cirúrgica, o pós-operatório é tão importante quanto a própria cirurgia. Por isso, o paciente fica carinhosamente assistido por enfermeiros vigilantes que estão a postos para atendê-lo em qualquer necessidade que venha a ocorrer.

Quando termina a lide mediúnica, encerra-se, momentaneamente, a tarefa dos encarnados, a fim de estes recomecem-na, logo mais, no instante em que penetrem a esfera do sono, para prosseguir sob outro aspecto, ajudando os que ficaram de ser atendidos e não puderam, por uma ou outra razão. Então, convém que, ao terminar a reunião mediúnica seja mantida a psicosfera agradável, em que as conversas sejam edificantes. Pode-se e deve-se fazer uma análise do trabalho realizado, um estudo, um cotejo no campo das comunicações e depois uma verificação da produtividade; tudo isto em clima salutar de fraternidade, objetivando dirimir futuras inquietações e problemas outros.

32. Como se devem portar os médiuns e os demais membros de um grupo, antes e depois do trabalho mediúnico?

Divaldo – Como verdadeiros cristãos.

Devem manter a probidade, o respeito a si mesmos e ao seu próximo; ter uma vida, quanto possível, sadia, sabendo que o exercício mediúnico não deve ser emparedado nas dimensões de apenas uma hora de relógio, reservada a tal mister.

33. Os participantes de uma sessão mediúnica devem fazer algum tipo de preparo íntimo durante o dia, antes mesmo do início da reunião?

Divaldo – O espírita deve fazer um preparo normal, porque é um dever que lhe compete, uma vez que nunca sabe a hora em que será convocado ao retorno à consciência livre.

O espírita que freqüenta o labor mediúnico, além de espírita, é peça importante no mecanismo de ação dos espíritos na direção da Terra. Ele deve fazer uma preparação, não somente nos dias da reunião, mas sempre, porque tal preparação seria insuficiente e ineficaz, já que ninguém muda de hábitos, apenas por alterar sua atitude momentânea.

Nos trabalhos mediúnicos, são exigíveis hábitos mentais de comportamento moral enobrecido, e estes não podem ser improvisados. Então, os membros de uma sessão mediúnica são pessoas que devem estar normalmente vigilantes todos os dias e, em especial, nos reservados ao labor, para que se poupem às incursões dos espíritos levianos e adversários do bem, que, nesse dia, tentarão prejudicar a colaboração e perturbar-lhes o estado interior, levando distúrbios ao trabalho geral, que é o que eles objetivam destruir. Então, nesse dia, a vigilância deve ser maior: orar, ler uma página salutar, meditar nela, reflexionar, evitar atitudes da chamada reação e cultivar as da ação, pensar antes de agir, espairecer e se, eventualmente, for colhido pela tempestade da ira, pela tentação do revide, que às vezes nos chega, manter a atitude recomendada pelo Evangelho de Jesus.

34. Uma sessão mediúnica espírita deve ser sempre iniciada com uma prece, e logo passar-se à leitura de O Evangelho Segundo o Espiritismo? Agindo sempre assim, não se estará criando um ritualismo?

Divaldo – Pode-se estar criando um hábito, não um ritual, porque aí não chega a ser um dever inadiável.

Nós, por nossa vez, fazemos ao revés. Lemos uma boa página de esclarecimento, comentamo-la e fazemos a prece posteriormente, depois do que a reunião tem início.

35. Alguns grupos mediúnicos exigem a manifestação dos Mentores Espirituais para declararem iniciados os trabalhos. É isto necessário?

Divaldo – Exigir a manifestação do Mentor é inverter a ordem do trabalho. Quem somos nós para exigir alguma coisa dos Mentores? Quando o trabalho está realmente dirigido, são os Mentores que, espontaneamente, quando convém, se apressam em dar instruções iniciais, objetivando maior aproveitamento da própria experiência mediúnica.

Ocorre que, se o início do trabalho for condicionado a incorporações dos chamados Espíritos guias, criar-se-á um estado de animismo nos médiuns que, enquanto não ouçam as palavras sacramentais, não se sentirão inclinados a uma boa receptividade. Isso é criação nossa, não é da Doutrina Espírita.

36. Há necessidade de se abrir um trabalho mediúnico usando expressões como: aberto com a chave de paz e amor, aberto com a proteção da corrente do Himalaia ou outras do gênero?

Divaldo – Pessoalmente, não utilizamos nenhuma fórmula, porque, na Doutrina Espírita, não existem chavões, rituais, palavras cabalísticas.

Normalmente, dizemos que os trabalhos estão iniciados como sendo uma advertência para as pessoas saberem que já estamos em condições de entrar em sintonia. Penso mesmo que seja desnecessário dizer que a sessão está aberta ou iniciada. Feita a prece, evocada a proteção divina, automaticamente está iniciado o labor. Desse modo, acrescentar quaisquer palavras que façam relembrar mantras, condicionamentos, é conspirar contra a pureza doutrinária, criando certas manifestações circunstanciais, que somente cultivam a ignorância e a superstição.

37. Por que acontece, às vezes, nas sessões mediúnicas, não haver nenhuma manifestação? O que determina ou impede as manifestações?

Divaldo – O baixo padrão vibratório reinante no ambiente. A sintonia psíquica dos membros da reunião responde pelos resultados da mesma.

38. E a justificativa que é dada, às vezes, de que durante esses trabalhos a movimentação dos Espíritos utiliza os fluidos dos encarnados presentes para realização de tarefas somente no campo espiritual?

Divaldo – Para que eles realizem as tarefas no campo espiritual, não necessitam da nossa presença. Retiram os fluidos em outras circunstâncias.

É que quando ocorre a queda do padrão vibratório, e como os Espíritos são trabalhadores, eles aproveitam o tempo da nossa ociosidade para produzirem.

Então, diante de um possível dano que poderia ser grave, eles diminuem as conseqüências realizando trabalhos espirituais, conquanto os homens não sintonizem-se com eles.

39. Seria justo, então, se encerrasse a reunião depois de alguns minutos, desde que não se obtenha comunicação nenhuma?

Divaldo – Não, porque esta é uma forma de disciplinar os membros da sessão a terem responsabilidade e prepararem-se para o trabalho, que assumem espontaneamente.

40. Como deve proceder o dirigente das sessões mediúnicas para alcançar os objetivos superiores do trabalho?

Raul – A fim de atingir a meta proposta pelos Dirigentes Espirituais das sessões, será de bom alvitre que o dirigente encarnado atenda a tarefa com a máxima seriedade, considerando-a como o seu encontro mais íntimo com a Espiritualidade.

Na condição de condutor encarnado do cometimento mediúnico, deverá preparar-se para filtrar as inspirações do Invisível Superior, por meio das indispensáveis disciplinas do caráter, de uma vida enobrecida pelo cumprimento do dever, pela renúncia aos vícios de todos os tipos, que enodoam tanto seu psiquismo quanto seu organismo físico.

Será de grande valia, tanto para o dirigente quanto para aqueles que se candidatam a tal direção de trabalhos mediúnicos, o gosto por estudar as obras literárias do Espiritismo, assim como o hábito das meditações em redor do que haja lido, facilitando a identificação das diversas ocorrências que poderão se dar nas sessões, como permitindo interferências indispensáveis nessas ocasiões, com conhecimento de causa.

O fenômeno do animismo, assim como o das mistificações, somente às custas de muita reflexão em torno de muito estudo e amadurecimento, com o conseqüente conhecimento do ser humano, poderão ser identificados satisfatoriamente.

41. Qual a função da mesa mediúnica em uma reunião?

Raul – Entendemos que o agrupamento de companheiros de uma reunião mediúnica se destina a fomentar maior vinculação entre as mentes.

Disse Nosso Senhor Jesus Cristo que onde estivessem duas ou mais criaturas trabalhando em Seu nome, entre elas ou com elas estaria. A dita mesa mediúnica permite maior envolvimento dos encarnados médiuns com os Benfeitores da Vida Mais Ampla, que terão uma vibração mental de boa qualidade, quando os médiuns estão sintonizados na atividade do bem, para que eles possam dela se utilizar.

As entidades que se comunicam em estado de necessidade carecem do chamado fluido animal, ou fluido magnético animal, como afirma Allan Kardec em O Livro dos Médiuns,[16] e essa sintonia faz com que se aprimore a assistência, facilita o serviço do bem na mediunidade, e é essa a oportunidade que os Céus concederam a nós outros, os homens da Terra, para que, ao mesmo tempo em que estejamos crescendo, cooperemos também para o crescimento dos outros, enxugando as nossas lágrimas com o mesmo lenço que enxugamos as lágrimas alheias. Então, a mesa mediúnica, ou grupo mediúnico, se destina a fomentar a formação de um corpo vibratório.

A reunião mediúnica é uma reunião energética por excelência, em que as energias dos dois campos, encarnado e desencarnado, se fundem para que se elevem as criaturas da Terra na conquista da felicidade interior.

42. As reuniões mediúnicas devem ser públicas? Por quê?

Divaldo – O Codificador recomenda pequenos grupos, graças às dificuldades que há nos grandes grupos, em relação à sintonia vibratória e harmonia de pensamentos.

Uma reunião mediúnica de caráter público é um risco desnecessário, porque vêm pessoas portadoras de sentimentos os mais diversos, que irão perturbar, invariavelmente, a operação da mediunidade. Afirmam os Benfeitores que uma reunião mediúnica é um grave labor, que se desenvolve no campo perispirítico, e se a equipe não tem um conhecimento especializado, é compreensível que muitos problemas sucedam por negligência da mesma. A reunião mediúnica não deve ser de caráter público, porque teria feição especulativa, exibicionista, destituída de finalidade superior, atitudes tais que vão de encontro negativamente aos postulados morais da Doutrina.

Mesmo nas reuniões mediúnicas privativas deve-se manter um número ideal de membros, não excedente a 20 pessoas, para que se evitem essas perturbações naturais nos grupamentos massivos.

Onde haja um grupo mediúnico com grande número, que seja dividido em dois trabalhos separados (porque, em Movimento Espírita, na ordem do bem, dividir é multiplicar o benefício daqueles que se repartem). Igualmente é necessário que as pessoas sejam afins entre si no grupo. Por motivos óbvios, se estamos numa reunião mediúnica e não somos simpáticos a um indivíduo, toda a comunicação que por ele venha, os nossos recalques e conflitos põem-nos carapuças, acreditando serem indiretas a nós dirigidas. Se, por acaso, alguém não nos é simpático, quando ele entra em transe ficamos bombardeando: “Imagine o fingido; vê se eu vou acreditar nele!” Formamos assim, uma antena emissora de dificuldades para o companheiro que está sendo agredido pela nossa mente, porque desde que o indivíduo é médium, ele não o é exclusivamente dos espíritos desencarnados, mas também dos encarnados.

O êxito de uma reunião mediúnica depende da equipe que ali comparece e não apenas do médium.

Os Mentores programam, mas aquela equipe em funcionamento responderá pelos resultados.

Nunca é demais recomendar que as sessões mediúnicas sejam de caráter privado.

43. Recebe o médium, em transe, a influência mental do grupo de que participa?

Raul – Aprendemos em O Livro dos Médiuns,[17] com Allan Kardec, que a reunião é um ser coletivo.

Todos aqueles que dela participam, com qualquer função que seja, estão automaticamente vinculados às suas ocorrências, de maneira que, muitas vezes, o grupo não estando bem sintonizado e realizando um trabalho de alta envergadura, os médiuns que são filtros dos espíritos encarnados e desencarnados estarão filtrando, encharcando-se daquelas nuances vibratórias que o ambiente lhes permite fruir. Dessa maneira é que se justifica a desnecessidade de reuniões mediúnicas com público que não esteja sintonizado com a realidade do estudo doutrinário, porque os médiuns ficam à mercê desses influxos de dardos mentais de indiferença, de descrença e de petitórios e, muitas vezes, a mensagem que eles veiculam sairá com o sabor dessas insinuações, desses desejos e perturbações.

O grupo participa, também, das comunicações com esse suporte energético apoiando ou desequilibrando o médium, porque a reunião é um corpo coletivo.

44. E aqueles grupos que se fecham em torno deles mesmos e seus membros não freqüentam palestras, reuniões doutrinárias e se dedicam tão somente ao fenômeno em si, ao intercâmbio mediúnico? Estarão procedendo corretamente?

Divaldo – O mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei e que façais ao próximo quanto desejardes que o próximo vos faça, equivalendo a dizer que todo aquele que se isola perde a oportunidade de evoluir, porque todo enquistamento degenera em enfermidade.

45. Uma pessoa com problemas mediúnicos deve ser encaminhada, sem risco, para uma reunião mediúnica?

Divaldo – A pergunta já demonstra que a pessoa, tendo problemas, deve primeiro equacioná-los, para depois estudar e aprimorar a faculdade que gera aqueles problemas. Como na mediunidade os problemas são do espírito e não da faculdade mediúnica, é necessário que primeiro se moralize o médium.

Abandonando as paixões, mudando a direção mental, criando hábitos salutares para sua vivência, reflexionando no Evangelho de Jesus, aprendendo a orar, ele equaciona na base, os problemas que inquietam o efeito, que é a faculdade mediúnica. Somente após o quê, lhe é lícito educar a mediunidade.

No capítulo 1 de O Livro dos Médiuns o Codificador examina o assunto na epígrafe: Há Espíritos?. Explica Allan Kardec que ninguém deve levar a uma sala de química por exemplo, alguém que não entenda das fórmulas e das composições químicas. Explico-me: um leigo chega numa sala e vê vários vidros, com água branca e uma anotação que lhe parece cabalística: HNO3 + 3HCI.[18] Para ele a anotação não diz nada. Mas, se misturar aqueles líquidos corre perigo. Assim, também é necessário primeiro que o indivíduo conheça no laboratório do mundo invisível as soluções que vai manipular, para depois partir para as experiências.

É de bom alvitre, portanto, que alguém que tenha problemas de mediunidade seja encaminhado às sessões doutrinárias de estudos, para primeiro evangelizar-se, conhecendo a doutrina, a fim de que, mais tarde, canalize as suas forças mediúnicas num bom direcionamento.

Há uma praxe entre as pessoas pouco esclarecidas a respeito da Codificação Espírita, que induz se leve o indivíduo a uma sala mediúnica para poder equacionar problemas, como quem tira uma coisa incômoda de cima da pessoa.

O problema de que a criatura se vê objeto pode ser o chamamento para mudança de rota moral. A mediunidade que aturde é um apelo para retificação das falhas. E é necessário ir-se às bases para modificar aqueles efeitos perniciosos.

Daí, diante de uma pessoa com problemas mediúnicos, a primeira atitude nossa será encaminhar o necessitado à aprendizagem da Doutrina Espírita, que é a terapêutica para seus problemas. A mediunidade será educada a posteriori como instrumento de exercício para o bem, mediante o qual granjeará títulos para curar o mal de que se é portador.

46. Basta ao médium freqüentar as reuniões para resolver seus problemas?

Raul – A questão de resolver problema se torna relativa.

Os problemas que o médium resolve no trabalho dedicado à Doutrina Espírita são de ordem moral, porque ele passa a entender porque sofre, passa a compreender porque enfrenta dificuldades na família, na saúde, mas isto não quer dizer que a mediunidade seria o suporte, o apoio para que ele possa vencer, vitoriar a etapa de lutas. Aí percebemos que, se estivermos pensando nestes tipos de problemas físicos, a mediunidade não vai conseguir alijá-los do médium. Mas, não somente aí vamos achar a necessidade do médium, pois deverá ser levado ao trabalho de assistência aos que precisam, à renovação através dos estudos continuados, à participação efetiva, ao ato da caridade, que, conforme nos diz um Espírito Benfeitor, terá que iniciar-se pelo dever, tornando-se um hábito, até que isso se lhe penetre na alma em nome do amor, para que se torne um médium sério, sensível, e não um médium que apenas freqüenta a reunião, recebe seu guia, seu espiritozinho e depois volta para casa, sem ligar para o sofrimento da humanidade (não é da humanidade do Vietnã, do Camboja) a humanidade da sua rua, do seu bairro, dessa gente que sofre e que geme à volta de todos nós.

Vemos tantos médiuns preocupados em ouvir o gemido dos espíritos desencarnados e não ouvem os gemidos dos encarnados. Temos outros ansiosos por ver espíritos, sem notarem os que sofrem à sua volta; vários desejosos de materializar entidades, sem a preocupação de espiritualizar-se. Então, para o médium será importante que ele se ajuste à dinâmica da Doutrina Espírita, no trabalho da caridade, no esforço da renovação, sua e daqueles que o cercam.

47. Seria desaconselhável o desempenho mediúnico isolado, bem como em reuniões domiciliares ou recintos estranhos aos Centros ou locais similares?

Divaldo – É desaconselhável esse comportamento como hábito, o que não impede que, excepcionalmente, ocorra o fenômeno com a anuência do médium sob a inspiração dos bons Espíritos.

Não chegaremos ao absurdo de supor que, no lar, periodicamente, não venham os Benfeitores Espirituais para o diálogo de emergência, para uma palavra fraternal, para um encontro de estímulo entre aqueles que se reúnem para orar.

É desaconselhável que se transforme o estudo espírita e evangélico realizado em família em reunião mediúnica, porque, como o nome diz, trata-se de uma oportunidade para estudar e meditar e não para o exercício da mediunidade. Mas, vez que outra, dependendo dos Instrutores Espirituais, pode ocorrer comunicação de Entidade Benfeitora para trazer um conteúdo que, no entendimento desse Benfeitor, pareça relevante. Não se deve permitir, entretanto, que tal se transforme num hábito.

É desaconselhável que, em lugares não preparados para o mister mediúnico, venha a ocorrer fenômeno com anuência do sensitivo. Perguntar-se-á por quê? Responderemos: pelos danos que poderão advir. Se o meio for hostil, leviano e de recursos psíquicos negativos, podem ocorrer mistificações, distonias, aberturas vibratórias para espíritos que não tenham propósitos superiores. Seria o mesmo que requisitar determinada cirurgia num consultório médico onde não haja requisitos da assepsia, do instrumental, etc.

Portanto, a Casa Espírita é o lugar ideal, porque ali os Benfeitores instalam equipamentos de socorro de emergência; nesse local encontram-se entidades zelosas que se postam para defender o recinto, além de trabalhadores especializados que vêm para o ministério previamente programado. Porque se na Terra, que é o mundo dos efeitos, são tomados cuidados antes das realizações, é compreensível que no mundo espiritual as realizações mereçam um tratamento muito especializado, no que tange ao progresso da criatura e da humanidade.

Os Benfeitores programam as tarefas mediúnicas e aqueles que se vão comunicar, para que tudo ocorra em clima de ordem e de paz. O médium que se submete a fenômenos de ocasião está sujeito a graves perigos, porque seria o mesmo que colocar instrumentos de alta sensibilidade nas mãos de pessoas inescrupulosas ou desconhecedoras de seu mecanismo. Concluindo, é desaconselhável.

48. O que pensar do costume de fazer-se sessões mediúnicas fora dos Centros Espíritas?

Divaldo – É um hábito muito perigoso. Seria o mesmo que se levar pacientes para serem operados em qualquer lugar, só porque há boa vontade, mas não se dispondo de conveniente assepsia nem dos requisitos necessários que se encontram nos hospitais. Nesse caso, os êxitos seriam raros. Além disso, ocorre que, realizada a sessão em qualquer lugar, este fica marcado pelos Espíritos sofredores, que vão sendo informados uns pelos outros, e começam a freqüentá-lo. Se for um lar, como aí não existem as defesas necessárias para as incursões de tais Espíritos, transforma-se em um pandemônio.

Indagar-se-á: e antes de haver os Centros Espíritas? Enquanto ignoramos, temos uma responsabilidade menor. Mesmo quando não se entendia de assepsia, faziam-se operações, mas o número de óbitos era muito maior.

Já que temos o Centro, por que desrespeitá-lo, fazendo sessões mediúnicas noutro lugar, se ele é o determinado para tal? Se o problema é ir-se a um lugar, por que não ao ideal?

49. De que recursos dispõe o participante de uma reunião mediúnica para identificar a natureza dos Espíritos?

Divaldo – Pelos frutos conhecem-se as árvores, pelas ações o caráter dos homens, pela qualidade das comunicações aqueles que as trazem. Em O Livro dos Médiuns,[19] o Codificador estabelece um critério quase infalível.

Em primeiro lugar, examinemos o que dizem os Espíritos. Depois, reflexionemos em torno do instrumento do qual eles se utilizam. E, por fim, vejamos quem assina o conteúdo do que eles apresentam.

Os participantes observarão a qualidade da mensagem, o caráter do médium e, depois, o mensageiro que se apresenta.

50. A partir de que idade o jovem espírita pode participar de trabalhos mediúnicos?

Divaldo – Desde quando esteja disposto a assumir responsabilidades. As jovens médiuns que colaboraram com Kardec oscilavam entre 12 e 15 anos de idade, mas há muita gente de 40 anos que não sabe manter perseverança nem responsabilidade. O problema não é de idade cronológica e sim de maturidade espiritual.

51. Não basta que o jovem espírita tenha conhecimento teórico da Doutrina?

Divaldo – Tudo aquilo que fica reduzido a palavras carece de fundamentos, de atos. Se ele tem conhecimento teórico da Doutrina, necessita pôr à prova esses conhecimentos através da boa prática do Espiritismo.

52. Que pensar dos médiuns psicofônicos que recebem Espíritos durante a sessão, um atrás do outro? Será indício de grande mediunidade?

Raul – A mediunidade amadurecida não é identificada pelo número de desencarnados que se comuniquem por um único médium, numa mesma sessão, mas será identificada pelo teor das comunicações, pela qualidade do fenômeno, que demonstrará a maior ou menor afinação do médium com as responsabilidades da tarefa.

Cada médium, quando devidamente esclarecido e maduro para o desempenho dos seus compromissos, saberá que o número avultado de comunicações por sessão poderá indicar descontrole do instrumento encarnado e não a sua pujança mediúnica. Há médiuns que prosseguem dando passividade a entidades durante a prece de encerramento, sem qualquer disciplina, quando não justificam que tais entidades estavam programadas, como se os Emissários do Além, responsáveis por lides tão graves, tivessem menor grau de bom senso do que nós, os encarnados.

Um número de até duas comunicações, ou até três, em caso de grande necessidade e carência de outros médiuns, parece bastante coerente.

Todos os médiuns, assim, terão chance de atender aos irmãos desencarnados, sem desgastes desnecessários.

53. Quais as causas do sono de que muitos companheiros se queixam quando participam de uma reunião mediúnica? Como evitá-lo?

Raul – As causas podem ser várias. Desde o cansaço físico, quando o indivíduo vem de atividades muito intensas e, ao sentar-se, ao relaxar-se, naturalmente é tomado pelo torpor da sonolência. Também, pode ser causado pela indiferença, pelo desligamento, quando alguém está num lugar, fisicamente, entretanto pensando em outro, desejando não estar onde se acha. Compelido por uma circunstância qualquer, a pessoa se desloca mentalmente.

O sono pode, ainda, ser provocado por entidades espirituais que nos espreitam e que não têm nenhum interesse em nosso aprendizado para o nosso equilíbrio e crescimento.

Muitas vezes, os companheiros questionam: “– Mas nós estamos no Centro Espírita, estamos num campo protegido. Como o sono nos perturba?” Temos que entender que tais entidades hipnotizadoras podem não penetrar o circuito de forças vibratórias da Instituição, ficam do lado de fora. Mas, a pessoa que entrou no Centro, na reunião, não sintonizou-se com o ambiente, continua vinculada aos que se conservam fora, e através dessa porta, desse plug aberto, ou dessa tomada, as entidades que ficaram lá de fora lançam seus tentáculos mentais, formando uma ponte. Então, estabelecida a ligação, atuam na intimidade dos centros neuroniais desses incautos, que dormem, que se dizem desdobrar: “– Eu não estava dormindo... apenas desdobrei, eu ouvi tudo...” Eles viram e ouviram tudo o que não fazia parte da reunião. Foram fazer a viagem com as entidades que os narcotizaram.

Deparamos aí com distúrbios graves, porque quando termina a reunião o indivíduo está fagueiro, ótimo e sem sono, e vai assistir à televisão até altas horas, depois de se haver submetido aos fluidos enfermiços. Por isso recomendamos àqueles que estão cansados fisicamente, que façam um ligeiro repouso antes da reunião, ainda que seja por poucos minutos, para que o organismo possa beneficiar-se do encontro, para que fiquem mais atentos durante o trabalho doutrinário. Levantar-se, borrifar o rosto com água fria, colocar-se em uma posição discreta, sempre que possível ao fundo do salão, em pé, sem encostar-se, a fim de lutar contra o sono.

Apelar para a prece, porque sempre que estamos desejosos de participar do trabalho do bem, contamos com a eficiente colaboração dos Espíritos Bondosos. Faze a tua parte que o céu te ajudará.

Temos, então, o sono como esse terrível adversário de nossa participação, de nosso aprendizado, de nosso crescimento espiritual. Não permitamos que ele se apodere de nós. Lutemos o quanto conseguirmos, e deveremos conseguir sempre, para combatê-lo, para termos bons frutos no bom aprendizado.


Terceira parte
Desenvolvimento Mediúnico

1. etapas da educação mediúnica;

2. necessidade do estudo espírita;

3. atendimento ao médium atormentado;

4. aplicação de passes para facilitar o transe mediúnico;

5. efeitos dos passes sobre os médiuns na realização mediúnica;

6. sensações psíquicas e orgânicas durante o transe mediúnico;

7. desenvolvimento de médiuns principiantes;

8. tempo médio para o estabelecimento e para o desfazimento do transe mediúnico;

9. número máximo de manifestações para médiuns principiantes.


54. Quais seriam as etapas a serem percorridas pelo médium na sua educação mediúnica?

Raul – Segundo Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns,[20] a mediunidade não deverá ser explorada antes que venha a eclodir. Dever-se-ia esperar que ela brotasse e, a partir de então, se lhe daria o devido trato. Sendo assim, embora encontremos muitos companheiros que se candidatam ao exercício da mediunidade, sem que jamais hajam sentido coisa alguma que lhes demonstre serem portadores desse grau ostensivo de mediunidade, as nossas Instituições Espíritas devem estar sempre em guarda cuidadosa, para que não inaugurem o sistema de fabricação mediúnica destituída de qualquer valor doutrinário, uma vez que há companheiros que se aproximam das Instituições Espíritas, portando tais peculiaridades mediúnicas já em processo de desabrochamento.

A Instituição orientada pela Doutrina deverá aproximá-los dos estudos doutrinários, das reuniões doutrinárias, do trabalho assistencial em favor de necessitados, daqueles labores que possam gradativamente disciplinar a criatura. Não é oportuno que ela chegue ao Centro e seja, de imediato, encaminhada à mesa de trabalhos mediúnicos, mas, sim, introduzida no campo de estudo, de conhecimento doutrinário espírita.

Se a pessoa estiver com a mediunidade atormentada será encaminhada para tratamento através de passes, explicações doutrinárias e da participação nas reuniões de estudos, para que possa, gradualmente, ir assentando essas energias revoltas, equilibrando-se até que possa chegar à atividade propriamente mediúnica. Isto porque, se aproximarmos a criatura, sem nenhum conhecimento espírita da mediunidade, aquilo não lhe sendo compreensível poderá afastá-la ou perturbá-la ainda mais. Não sabendo o que ocorre consigo mesma, a pessoa, ao invés de entregar-se ao labor, procura fugir, procura criar empecilhos de maneira consciente ou inconsciente. E é exatamente por isso que, não oferecendo a mediunidade nenhum espetáculo, sendo um fenômeno natural, exigirá que o companheiro tenha, pelo menos, as primeiras noções basilares do que a Doutrina Espírita nos fala a respeito desse tentame. Por isso, aqueles que se aproximam da mediunidade deverão encontrar, nas Instituições Espíritas, a orientação para o tratamento, para o trabalho e para o estudo, conforme Allan Kardec nos preceitua.

55. No desenvolvimento da faculdade em médiuns principiantes, há alguma utilidade em se lhes aplicar passes para facilitar, por exemplo, a psicofonia?

Divaldo – Este exercício é, às vezes, positivo, porque estando o médium com os centros psíquicos ainda não disciplinados durante a hora da concentração, entra em conflito, por não saber distinguir as suas próprias sensações e emoções daquelas que ele registra e que pertencem ao espírito desencarnado. Experimenta taquicardia, há o resfriamento corporal, colapso periférico, a ansiedade, que são típicos da presença dos espíritos que padecem, mas que muitas vezes são devidas à sua própria expectativa. No caso da aplicação do passe objetivando ajudar, aumenta no médium a carga vibratória e isso facilita-lhe o fenômeno. Mas, por outro lado, não deve ser habitual, para não lhe criar condicionamentos. Por isto, deve-se aplicar passes só esporadicamente.

56. Em trabalhos de desenvolvimento mediúnico com médiuns principiantes, haverá necessidade de mais de uma comunicação ou uma seria suficiente?

Divaldo – Para exercitar a mediunidade, o que importa não é o número de comunicações, mas a qualidade delas. O médium deve esperar sentir-se dominado pela vontade do hóspede, que o vai controlando, a fim de que consiga registrar, em plenitude, a mensagem. Esse processo demora uns cinco minutos, antes do ato de falar, e perdura por uns dez a quinze minutos, depois do silêncio, quando as energias vão retornando ao estado primitivo e reequilibrando o psiquismo do médium. No caso de desenvolvimento de um médium principiante num grupo expressivo, recomenda-se no máximo duas comunicações de sofredores por sessão.


Quarta parte
Comunicações

1. número de comunicações por sessão;

2. manifestação do espírito-mentor, após a do espírito sofredor;

3. comunicações de pretos-velhos e de outras entidades;

4. linguagem dos comunicantes;

5. reflexos condicionados e manifestações;

6. importância da educação mediúnica;

7. interferência anímica nociva.


57. Quantas comunicações um mesmo médium pode receber durante a sessão mediúnica de atendimento a espíritos sofredores?

Divaldo – Um médium seguro, num trabalho bem organizado, deve receber de duas a três comunicações, quando muito, para que dê oportunidade a outros companheiros de tarefas, e para que não tenha um desgaste exagerado.

Tenho tido o hábito de observar, em médiuns seguros, conhecidos nossos, que eles incorporam, em média, três entidades sofredoras ou perturbadoras e o mentor espiritual; raramente ocorrem cinco manifestações pelo mesmo instrumento, principalmente num grupo.

58. Há necessidade, após uma comunicação de um espírito infeliz, sofredor, de imediata incorporação do espírito mentor ou guia, para que haja a limpeza psíquica do médium?

Divaldo – Absolutamente, não há.

59. Por que é que, comumente, não vemos comunicações de pretos-velhos ou de caboclos, nas sessões mediúnicas espíritas? Isso se deve a algum tipo de procedimento?

Raul – A expressão da pergunta está bem a calhar. Realmente, a maioria dos participantes não vê os espíritos que se comunicam, mas eles se comunicam.

O Espiritismo não tem compromisso de destacar essa ou aquela entidade, em particular. Se as sessões mediúnicas espíritas são abertas para o atendimento de todos os tipos de espíritos, por que não viriam os que ainda se apresentam como pretos-velhos ou novos, brancos, amarelos, vermelhos, índios, ou caboclos, e esquimós?

O que ocorre é que tais espíritos devem ajustar-se às disciplinas sugeridas pelo Espiritismo e só não as atendem quando seus médiuns, igualmente, não as acatam.

Muitos espíritos que se mostram no Além como antigos escravos africanos, ou como indígenas, falam normalmente, sem trejeitos, embora as formas externas dos perispíritos possam manter as características que eles desejam ou as quais não lograram desfazer.

Talvez muitos esperassem que esses desencarnados se expressassem de forma confusa, misturando a língua portuguesa com outros sons, expressando-se num dialeto impenetrável, carecendo de intérpretes especiais, que, na maior parte das vezes, fazem de conta que estão entendendo tal mescla. Se o espírito fala em nagô, que seja nagô de verdade. Se se apresenta falando guarani, que seja o verdadeiro guarani. Entretanto, não sendo o idioma exato do seu passado reencarnatório, por que não falar o médium em português, pois que capta o pensamento da entidade e reveste-o com palavras?

Não há, portanto, preconceito nas sessões espíritas. Entretanto, procura-se manter o respeito às entidades, à mediunidade e à Doutrina Espírita, buscando a coerência com a verdade que já identificamos.

60. Qual a interferência dos reflexos condicionados na manifestação mediúnica?

Raul – Carregando múltiplas experiências de um passado remoto ou próximo, é natural que num momento de exacerbação da mente, quando temos o inconsciente mais à tona, coisas e fatos nele repousantes tendam a se apresentar.

Os nossos reflexos incondicionados, cuja região de localização é a área do subcórtice, abaixo da parte cinzenta, quando são acionados pela interferência da mediunidade, que atua sobre o sistema nervoso central, deixam-nos a facilidade de reexperimentar uma série de situações psíquicas condicionadas nos dias passados em outras reencarnações. É na educação mediúnica, na educação doutrinária espírita, que vamos nos apercebendo de como somos, do modo como agimos e daquilo que é necessário ao desempenho feliz da mediunidade. Começaremos por dar menos vazão aos aspectos do reflexo negativo do passado, dos que possam empanar a expressão mediúnica; quanto aos reflexos positivos, pois que fazem parte do conjunto de experiências nobres, deixaremos que se intensifiquem em nossa vida, porque o nosso aprendizado atual é feito por sobre registros de passagens próximas ou distantes, permitindo que as conquistas se incorporem ao nosso patrimônio espiritual.

Com a prática da auto-análise, do autoconhecimento, evitaremos que se insurja a apavorante sombra da desproporcional interferência anímica que nada mais é do que a exacerbação de certos reflexos que permitem a eclosão da própria personalidade ou de personalidades vividas no passado.

Valorizemos, então, a influência dos reflexos passados em nossa atuação mediúnica, quando os mesmos forem positivos e expressivos, capazes de nos conduzir para o enobrecimento espiritual.


Quinta parte
Doutrinação

1. processamento da doutrinação de desencarnados;

2. lógica da doutrinação;

3. sobre o anúncio da desencarnação ao comunicante;

4. habilidade e carinho do doutrinador;

5. doutrinação e empatia;

6. doutrinação como diálogo fraternal;

7. sobre a responsabilidade dos médiuns e doutrinadores;

8. o “ser coletivo” de Allan Kardec.


61. Como deve processar-se a doutrinação dos desencarnados nas reuniões mediúnicas?

Raul – A doutrinação, ou esclarecimento, dirigida aos companheiros desencarnados que se apresentam nas reuniões de intercâmbio mediúnico, deve ser processada dentro de um clima de entendimento e respeito, estando certo o doutrinador, ou esclarecedor, de estar dialogando com um ser humano, cuja diferença mais notável é a de estar o espírito despojado do corpo físico.

Refletindo sobre tal verdade, o doutrinador não ignorará que o desencarnado continua com possibilidades de sentir simpatia ou antipatia, de nutrir amor ou ódio, alegria ou tristeza, euforia ou depressão.

Que ele pode ainda ser lúcido ou embotado, zombeteiro, leviano, emotivo ou frio de sentimentos.

A doutrinação, a partir dessa reflexão, se desenvolverá como um diálogo com outro ser humano, quando pelo menos um dos conversadores é nobre e atencioso. Assim, evitar-se-ão, por parte do doutrinador, ameaças, chantagens, irritação ou desdém.

Em tudo, o bom senso. O doutrinador deixa a entidade falar, dizer a que veio, o que deseja, e, daí, vai conversando, perguntando sem agressão, chamando o desencarnado à meditação, à compreensão, admitindo, contudo, que nem sempre será tarefa muito fácil ou imediata, como entre pessoas encarnadas que têm dificuldade de entender as coisas, por múltiplas razões, e passam longos meses ou mesmo anos, às vezes, para reformar uma opinião ou abrir mão de determinados costumes ou procedimentos.

62. No atendimento a espíritos sofredores, o doutrinador deve, antes de tudo, fazer o comunicante conhecer a sua condição espiritual?

Divaldo – Há que perguntar-se: quem de nós está em condições de receber uma notícia, a mais importante da vida, como é a da morte, com a serenidade que seria de se esperar?

Não podemos ter a presunção de fazer o que a Divindade tem paciência em realizar. Essa questão de esclarecer o espírito no primeiro encontro é um ato de invigilância e, às vezes, de leviandade, porque é muito fácil dizer a alguém que está em perturbação: Você já morreu! É muito difícil escutar-se esta frase e recebê-la serenamente.

Dizer-se a alguém que deixou a família na Terra e foi colhido numa circunstância trágica, que aquilo é a morte, necessita de habilidade e carinho, preparando primeiro o ouvinte, a fim de evitar-lhe choques, ulcerações da alma.

Considerando-se que a terapêutica moderna, principalmente no capítulo das psicoterapias, objetiva sempre libertar o homem de quaisquer traumas e não lhe criar novos, por que, na Vida Espiritual, se deverá usar uma metodologia diferente ?

A nossa tarefa não é a de dizer verdades, mas, a de consolar, porque, dizer simplesmente que o comunicante já desencarnou, os Guias também poderiam fazê-lo. Deve-se entrar em contato com a entidade, participar da sua dor, consolá-la e, na oportunidade que se faça lógica e própria, esclarecer-lhe que já ocorreu o fenômeno da morte, mas somente quando o espírito possa receber a notícia com a necessária serenidade, a fim de que disso retire o proveito indispensável à sua paz. Do contrário, será perturbá-lo, prejudicá-lo gravemente, criando embaraços para os Mentores Espirituais.

63. Será plausível que se desenrole a doutrinação de desencarnados por meio de uma pequena palestra, em que o doutrinador possa expressar-se como quem faz uma conclamação?

Raul – O doutrinador dispensará sempre os discursos durante a doutrinação, entendendo-se aqui discurso não como a linha ideológica utilizada, mas, sim, a falação interminável, que não dá ensejo à outra parte de se exprimir, de se explicar.

Muitas vezes, na ânsia de ver as entidades esclarecidas e renovadas, o doutrinador se perde numa excessiva e cansativa cantilena, de todo improdutiva e enervante.

O diálogo com os desencarnados deverá ser sóbrio e consistente, ponderado e clarificador, permitindo boa assimilação por parte do espírito e excelente treino lógico para o doutrinador.

64. Pode-se dizer que a responsabilidade do doutrinador é do mesmo nível da dos demais médiuns participantes da sessão?

Raul – É quase o mesmo que se indagar se a responsabilidade do timoneiro é a mesma da tripulação de um navio.

O Livro dos Médiuns, no seu item 331 (capítulo 29º), na palavra esclarecida de Allan Kardec, assevera que “a reunião é um ser coletivo”. Em sendo assim, não poremos dúvida de que todos são grandemente importantes no desenrolar da sessão.

Sem laivos de dúvida, as responsabilidades se equiparam, sendo que cada qual estará atendendo às suas funções, mas todas são do mesmo modo importantes.

Se o timão estiver bem conduzido e a casa de máquinas mal cuidada ou relaxada, poderão decorrer graves acidentes. O contrário também ensejaria sérias conseqüências. Assim, médiuns, doutrinadores, aplicadores de passes precisarão estudar e renovar-se, para melhor atender aos seus deveres.


Sexta parte
Mentores

1. comunicações dos mentores dos médiuns no início das sessões;

2. médiuns dependentes dos mentores;

3. mentores superprotetores;

4. expressão fisiopsicológica da mediunidade;

5. cada qual deve cumprir seu dever;

6. lutas e sofrimentos como condecorações cristãs;

7. sobre comunicações exclusivas de mentores em detrimento do atendimento a sofredores;

8. objetivo das comunicações dos mentores;

9. sobre a possibilidade de se fazer interpelações ou dirigir perguntas aos mentores;

10. interesse que têm os mentores de ajudar;

11. características dos Espíritos Superiores.


65. Haverá necessidade de que, no início das sessões mediúnicas, todos os médiuns recebam seus mentores particulares, para garantirem suas presenças ou para deixar cada qual sua mensagem?

Raul – Não há, evidentemente, essa necessidade. As leituras e meditações feitas na abertura da sessão, seguidas pela oração contrita e objetiva, assim como a predisposição positiva dos participantes, dão-nos a garantia da presença e da conseqüente assistência dos Espíritos-Guias, sem necessidade de que cada médium receba o seu mentor em particular.

Há circunstâncias em que o espírito responsável pelo labor a desenrolar-se comunica-se, após a abertura da sessão, para alguma mensagem orientadora, comumente versando sobre as lides a se processarem, concitando à atenção, ao aproveitamento, etc. Doutras vezes, vem ao final das tarefas para alguma explicação, conclamação ao encorajamento e à perseverança, desfazendo quaisquer temores em função de alguma comunicação mais preocupante. Contudo, a comunicação de todos os guias, no mínimo, é desnecessária e sem propósito.

66. O que pensar do médium que espera tudo do seu guia e do guia que faz tudo para o seu médium?

Divaldo – Deve-se concluir que esse médium está desinformado a respeito da Doutrina Espírita. A mediunidade não é uma faculdade de que o Espiritismo se fez proprietário. A mediunidade, sendo uma faculdade do espírito, expressa na organização somática do homem, é uma função fisiopsicológica.

O Espiritismo possui a metodologia da boa condução da mediunidade. Por isso, há médiuns não-espíritas e espíritas não-médiuns.

O fato de alguém dizer-se médium não significa que esse alguém seja espírita. Quando se espera que os guias assumam as nossas responsabilidades, nós nos omitimos do processo de crescimento, de evolução. Porque se os Espíritos Superiores devessem equacionar os nossos problemas, seria desnecessária a nossa reencarnação. Isto facultaria a esses espíritos o progresso e não a nós. Se o professor solucionar todos os problemas dos alunos, estes não adquirirão experiência nem conhecimento para um dia serem livres e lúcidos. A tarefa dos Benfeitores é a de inspirar, guiar, de apontar os caminhos. E a do homem é a de reconquistar a Terra, vencer os empeços, discernir e aprimorar-se cada vez mais.

Quando alguém diz que o seu Guia lhe resolve os problemas, esses são Guias que necessitam ser guiados. São entidades terra-a-terra, mais preocupadas com as soluções materiais, em detrimento das questões relevantes, que são as questões do espírito.

Referiu-se Raul às lágrimas diárias de Chico Xavier,[21] demonstrando que os Benfeitores não lhe resolvem os problemas. Ensinam-no a solucioná-los mediante sua autodoação, que lhe exige o patrimônio das lágrimas.

O médium que não haja chorado por amor, por solidariedade, que não haja padecido o escárnio da incompreensão e ainda não tenha sido crucificado no madeiro da infâmia é apenas candidato, ainda não tem as condecorações do Cristo, isto sem qualquer masoquismo de nossa parte, mas fruto de observações e experiências.

67. O que dizer dos médiuns que só recebem Espíritos mentores e jamais sofredores? Seria uma mediunidade mais aprimorada?

Raul – Pautando-nos no pensamento de Jesus, que afirma não serem os sãos que carecem de médicos, e sim os doentes, podemos ver grande incoerência nesse fenômeno questionado.

Há que desconfiar-se sempre desses médiuns que só recebem guias ou mentores. Na Terra, a mediunidade deverá ser socorrista para que tenha utilidade de fato.

Médiuns espíritas destacados por suas vivências e realizações doutrinárias, como a saudosa Yvonne Pereira, Chico Xavier, Divaldo Franco e outros tantos, sempre afirmaram e afirmam que o que lhes garantiu sempre a assistência dos nobres mentores foi o atendimento aos sofredores, aos infelizes dos dois hemisférios da vida, ou seja, encarnados e desencarnados.

Os guias se comunicam sim, sem que, contudo, impeçam-nos de atender os caídos como nós ou mais do que nós. Comunicam-se justamente para nos fortalecer a fé e nos impulsionar à perseverança no bem. É pelos caminhos da caridade, do serviço do amor prestado aos espíritos sofredores que a mediunidade e os médiuns se aprimoram. Fora dessa diretriz, os fenômenos, por mais impressionantes, deixam no ar um odor de impostura, de presunção, de exibição vaidosa, alimentado por tormentosa e disfarçada fascinação.

68. A comunicação de um mentor é indiscutível? Se houver dúvida, o espírito pode ser interpelado? Pode-se pedir esclarecimentos ao Guia em relação às suas palavras? Isso não demonstraria falta de respeito?

Divaldo – Pelo contrário, não é o que se pergunta ao Espírito-Guia que traduz desrespeito, mas, como se pergunta. Os Espíritos Superiores funcionam como pedagogos, como mestres, com o objetivo de ensinar-nos, de iluminar-nos, de esclarecer-nos. O que fica nebuloso eles têm o maior prazer em elucidar, porque, às vezes, na filtragem mediúnica ocorrem registros falsos, deturpando a tese. Se não voltarmos ao esclarecimento, ficaremos com idéias equivocadas, por terem ocorrido num momento em que o médium não estava com a recepção melhor.

O pedido de esclarecimento é sempre bem recebido pelos bons Espíritos, e se eles notam que não lhes estamos acreditando, não se sentem magoados com isso, nem pretendem impor-se, mas têm interesse de ajudar.

O que caracteriza um Espírito bom, um Espírito Superior, são a sabedoria, a bondade, a paciência, a forma com que estão sempre dispostos a ajudar-nos, em quaisquer circunstâncias.


Sétima parte
Passes

1. conceito de passe;

2. aplicação de passes e mediunização;

3. passe magnético;

4. passe espiritual;

5. necessidade de fluido material;

6. diminuição da claridade dos ambientes para os passes;

7. conselhos, estalidos de dedos, gemidos e sopros ruidosos durante os passes;

8. lavar as mãos após os passes;

9. toques corporais durante os passes;

10. médiuns ofegantes na aplicação de passes;

11. sobre adornos, pulseiras, relógios e anéis durante os passes;

12. aplicação de passes em pacientes de costas;

13. recebimento de passes após tê-los oferecido para evitar desgastes;

14. passes a domicílio;

15. valor terapêutico da água fluidificada;

16. manifestação psicofônica durante o passe;

17. magnetismo;

18. fluidos espirituais-materiais;

19. fluidos espirituais;

20. fluidos dos passes circulam em torno da cabeça do seu aplicador;

21. desnecessidade de incorporação mediúnica na tarefa dos passes;

22. cacoetes psicológicos e gestos bruscos;


69. O que é o passe? Para ministrar um passe a pessoa deve estar mediunizada? Que você pensa do passe magnético?

Divaldo – O passe significa, no capítulo da troca de energias, o que a transfusão de sangue representa para a permuta das hemácias, ajudando o aparelho circulatório. O passe é essa doação de energias que nós colocamos ao alcance dos que se encontram com deficiências, de modo que eles possam ter seus centros vitais reestimulados e, em conseqüência disso, recobrem o equilíbrio ou a saúde, se for o caso.

O passe magnético tem uma técnica especial, conhecida por todos aqueles que leram alguma coisa sobre o mesmerismo. É transfusão da energia do doador, do agente.

O passe que nós aplicamos, nos Centros Espíritas, decorre da sintonia com os Espíritos Superiores, o que convém considerar sintonia mental, não uma vinculação para a incorporação.

O passe deve ser sempre dado em estado de lucidez e absoluta tranqüilidade, no qual o passista se encontre com saúde e com perfeito tirocínio, a fim de que possa atuar na condição de agente, não como paciente. Então, acreditamos que os passes praticados sob a ação de uma incorporação propiciam resultados menos valiosos, porque, enquanto o médium está em transe, ele sofre um desgaste. Aplicando passe, ele sofre outro desgaste, então experimenta uma despesa dupla.

Os espíritos, para ajudarem, principalmente no socorro pelo passe, não necessitam, compulsoriamente, de retirar o fluido do médium, nele incorporando. Podem manipular, extrair energia, sem o desgastar, não sendo, pois, necessário o transe.

70. Como definir o passe espiritual? Em que oportunidade ele se verifica?

Divaldo – O passe espiritual se verifica toda vez que vamos atuar junto a alguém que apresenta distúrbios de ordem mediúnica, perturbações espirituais. Quando utilizamos a técnica da aplicação longitudinal, há um intercâmbio magnético e, simultaneamente, medianímico, porque estamos sob a ação dos bons Espíritos.

Se sintonizamos convenientemente com os mentores, são eles que distribuem as nossas energias, eliminando o fluido deletério que reveste o enfermo e conseguindo envolvê-lo com energia salutar, a fim de que, nesse ínterim, o seu organismo realize o trabalho de defendê-lo do mal, e o espírito encarnado do médium, em equilíbrio, se encarregue de manter esse estado de saúde. Caso o paciente não se resolva sintonizar com os Benfeitores, ser-lhe-á inócua toda e qualquer interferência de outrem.

71. Os Espíritos poderão aplicar diretamente um passe e, neste caso, não poderíamos chamar essa intervenção de passe espiritual?

Divaldo – Comumente eles assim o fazem. Algumas vezes eles necessitam de maior dosagem de fluidos extraídos do organismo material das criaturas encarnadas e aplicam o passe misto, do espírito propriamente dito e das forças magnéticas do intermediário.[22]

72. Por que se costuma diminuir a claridade dos ambientes, onde se processam serviços de aplicação de passes?

Raul – A princípio, não há nenhuma necessidade essencial, da diminuição da luminosidade, para a aplicação dos recursos dos passes. Poderemos operá-los tanto à noite, quanto com o dia claro.

A providência de diminuir-se a claridade tem por objetivo evitar a dispersão da atenção das pessoas, além de facilitar a concentração, ao mesmo tempo em que temos que levar em conta que certos elementos constitutivos dos ectoplasmas, que costumam ser liberados pelos médiuns em quantidades as mais diversas, sofrem um processo de desagregação com a incidência da luz branca.

73. Para a aplicação do passe, o médium deve resfolegar, gemer, estalar os dedos, soprar ruidosamente, dar conselhos?

Divaldo – Todo e qualquer passe, como toda técnica espírita, se caracteriza pela elevação, pelo equilíbrio. Se uma pessoa cortês se esforça para ser gentil, na vida normal, por que, na hora das questões transcendentais, deverá permitir-se desequilíbrios? Se é um labor de paz, não há razão para que ocorram desarmonias ou se dêem conselhos mediúnicos.

Se se trata, porém, de aconselhamento, não se justificará que haja o passe. É necessário situar as coisas nos seus devidos lugares. A hora do passe é especial. Se se pretende adentrar em conselhos e orientações, tome-se de um bom livro e leia-se, porque não pode haver melhores diretrizes do que as que estão exaradas em O Evangelho Segundo o Espiritismo e nas obras subsidiárias da Doutrina Espírita.

74. É necessário lavar as mãos, após a aplicação de passes?

Raul – Não. Não há qualquer necessidade de que se lave as mãos depois da prática dos passes. Pelos passes não há. Entretanto, os médiuns aplicadores de passes podem ter vontade de lavar as mãos pelo simples hábito e, neste caso, nada há que os impeça.

75. Há necessidade do médium tocar ou encostar as mãos na pessoa que recebe o passe?

Divaldo – Desde que se trata de permuta de energias, deve-se mesmo, por medida de cautela e de zelo ao próprio bom nome e ao do Espiritismo, evitar tudo aquilo que possa comprometer, como toques físicos, abraços, etc.

76. Por que muitos médiuns ficam ofegantes, enquanto aplicam passes?

Raul – Isso se deve à deficiente orientação recebida pelo médium. Não sabe ele que a respiração nada tem a ver com a aplicação dos passes. São companheiros que imaginam sejam os exageros e invencionices os elementos capazes de assegurar grandeza e autenticidade do fenômeno.

Nos momentos dos passes, todo o recolhimento é importante. O silêncio para a oração profunda, silêncio do aplicador e silêncio por parte de quem recebe, facilitando a penetração nas ondas de harmonia que o passe propicia.

Evitando os gestos bruscos, totalmente desnecessários, e exercendo um controle sobre si mesmos, os aplicadores de passes observarão a necessidade do relax e da sintonia positiva e boa com os Espíritos que supervisionam tais atividades.

77. Os estalidos dos dedos ajudam, de algum modo, na aplicação dos passes?

Raul – Não. Tudo isso faz parte dos hábitos incorporados pelas pessoas que passam a admitir que seus trejeitos e tiques são parte da tarefa dos passes ou da mediunidade. Os estalidos e outros maneirismos com as mãos, indicando força ou energia, são perfeitamente dispensáveis, devendo o médium educar-se, procurando aperfeiçoar suas possibilidades de trabalho. Nenhum estalo, nenhuma fungação, nenhum toque corporal ou puxadas de dedos, de braços, de cabelos, têm quaisquer utilidades na prática dos passes. Deveremos, assim, evitá-los.

78. Na aplicação dos passes, há necessidade de que os médiuns passistas retirem de seus braços, de suas mãos os adornos, como pulseiras, relógios, anéis? Isso tem alguma implicação magnética ou é apenas para evitar ruídos e dar-lhes maior liberdade de ação?

Divaldo – Em nossa forma de ver, a eliminação dos adornos não tem uma implicação direta no efeito positivo ou negativo do passe. Devem ser retirados porque é mais cômodo e o seu chocalhar produz dispersão, comprometendo a concentração nos benefícios do momento.

79. Decorrerá algum problema do fato de se aplicar passes em alguém que esteja de costas?

Raul – Absolutamente. Se a circunstância obrigar a que se apliquem passes em alguém que esteja de costas, aplicá-los-emos com a mesma disposição, a mesma fé no auxílio que vem do Mais Alto, vibrando o melhor para o paciente.

80. Muitos que aplicam passes, logo após, sentam-se para recebê-los de outros a fim de se reabastecerem. Que pensar de tal prática?

Raul – Tal prática apenas indica o pouco entendimento que têm as pessoas com relação ao que fazem.

Quando aplicamos passes, antes de atirarmos as energias sobre o paciente, nos movimentos ritmados das mãos, ficamos envolvidos por essas energias, por essas vibrações que nos chegam dos Amigos Espirituais envolvidos nessa atividade, o que indica que, antes de atendermos aos outros, somos nós, a princípio, beneficiados e auxiliados para que possamos auxiliar, por nossa vez.

Tal prática incorre numa situação no mínimo estranha: o fato de que aquele que aplicar o passe por último estaria desfalcado, sem condições de ser atendido por outra pessoa.

81. Quando é admissível fazerem-se passes fora do Centro Espírita, isto é, fazerem-se passes a domicílio? Quais as conseqüências dessa prática para o médium?

Divaldo – Somente se devem aplicar passes a domicílio quando o paciente, de maneira nenhuma, pode ir aos locais reservados para o mister, que são o hospital espírita, a escola espírita ou o próprio Centro Espírita.

As conseqüências de um médium andar daqui para ali aplicando passes são muito graves, porque ele não pode pretender estar armado de defesas para se acautelar das influências que o aguardam em lugares onde a palavra superior não é ventilada, onde as regras de moral não são preservadas, e onde o bom comportamento não é mantido. Devemos, sim, atender a uma solicitação, vez que outra. Mas, se um paciente tem um problema orgânico muito grave, chama o médico e este faz o exame local, encaminhando-o ao hospital para os exames complementares, tais como as radiografias, os eletrocardiogramas, eletroencefalogramas e outros, o paciente vai, e por quê? Porque acredita no médico. Se, porém, não vai ao Centro Espírita é porque não acredita, por desprezo ou preconceito. Crê mais na falsa pudicícia do que na necessidade legítima.

82. A água fluidificada tem valor terapêutico?

Divaldo – A magnetização da água é uma providência tão antiga quanto a própria cultura humana. A chamada hidroterapia era conhecida dos povos mais esclarecidos. Sendo considerada uma substância simples, acredita-se que a água facilmente recebe energias magnéticas, fluídicas, e pode operar, no metabolismo desajustado, o seu reequilíbrio. Então, a água fluidificada ou magnetizada tem valor terapêutico.

83. Quando é necessária ou desaconselhável, durante o passe, a manifestação psicofônica?

Raul – Reconhecendo que o passe é a contribuição vibratória que nós poderemos doar em nome da caridade, desconhecemos a necessidade de comunicações psicofônicas durante o seu transcurso.

Encontramos em Allan Kardec, no livro A Gênese,[23] a informação de que nós poderemos estar submetidos a três tipos ou condições energéticas ou de ações fluídicas.

Existe fluidificação eminentemente magnética, que são as energias do próprio sensitivo, nesse caso, tido como magnetizador. Ele se desgasta porque doa do seu próprio plasma, e a partir dessa doação sente-se cansado, esgotado. Um outro nível é o das energias espirituais-materiais ou psicofísicas, quando se dá a conjugação dos recursos do mundo espiritual com os elementos do médium; o indivíduo se coloca na posição de um vaso de cujos recursos os Benfeitores se utilizam. Eis quando caracterizamos o médium aplicador de passes ou passista: aquele em quem, segundo a instrução do Espírito André Luiz,[24] as energias circulam em torno da cabeça, como que assimilando os valores da sua mentalização, escoando-se através das mãos, para beneficiar o assistido.

Vemos que quanto mais o trabalhador se aprimora, se aperfeiçoa, mais se integra e se entrega ao ministério dos passes, sem cansaço; vai melhorando a si mesmo, pois, ao aplicar as energias socorristas, será primeiramente beneficiado com os fluidos dos Servidores do Além, que dele se utilizam.

Kardec ainda aponta o terceiro nível de energia que é o espiritual por excelência. Neste caso, não haverá nenhuma necessidade de um instrumento físico. Os espíritos projetam diretamente as energias sobre os necessitados.

Assim, vemos que mesmo no segundo nível, em que encontramos o médium aplicador de passes, sobre o qual agem as entidades para atender a terceiros, não há nenhuma necessidade de incorporação desses espíritos. Os Benfeitores, comumente, não incorporam para aplicar passes, o que não impede que, uma vez incorporados, os Benfeitores apliquem passes. São situações diferentes. Uma é o indivíduo receber espíritos para aplicar passes, o que muitas vezes esconde a sua insegurança, o seu atavismo não-espírita, os seus hábitos deseducados. Ele não crê que os espíritos dele possam se utilizar sem a necessidade da incorporação. Então, muitas vezes, por um processo de indução psicológica, o espírito projeta os seus fluidos e o médium age como se o estivesse incorporando. Não se dá conta de que não se trata de uma incorporação, mas de um envolvimento vibratório, que lhe faz arrepiar. Com isso, vamos perceber que, embora haja a atuação dos Benfeitores Espirituais no trabalho dos passes, não há nenhuma necessidade de que incorporemos espíritos para aplicá-los.

Há companheiros que ainda não foram educados para o trabalho do passe e apresentam uma atuação mais característica de distúrbio do que de ascendência mediúnica: os cacoetes psicológicos, a respiração ofegante, o retorcimento dos lábios, os gestos bruscos, estalidos de dedos, etc.; mas nada disso tem a ver, evidentemente, com a realidade dos fluidos, da sua natureza, do seu contato com os espíritos que se faz em nível mental.


Oitava parte
Alimentação

1. sobre a dieta alimentar dos médiuns;

2. sobre o uso de alcoólicos;

3. embriaguez e alcoolemia;

4. dieta vegetariana;

5. alimentação e moralidade;

6. alimentação e bom senso;

7. alimentação e caráter.


84. Como deve ser a dieta alimentar dos médiuns nos dias de trabalho mediúnico?

Raul – A dieta alimentar dos médiuns deverá constituir-se daquilo que lhes possa atender às necessidades sem descambar para os excessos ou tipos de alimentos que, por suas características, poderão provocar implicações digestivas, perturbando o trabalhador e, conseguintemente, os labores dos quais participe. Desse modo, torna-se viável uma alimentação normal, evitando-se os excessivos condimentos e gorduras que, independente das atividades mediúnicas, prejudicam bastante o funcionamento orgânico.

85. O uso de alguma bebida alcoólica costuma trazer inconvenientes para os médiuns?

Raul – Todo indivíduo que se encontra engajado nos labores mediúnicos, seja qual for a ocupação, deveria abdicar do uso dos alcoólicos em seu regime alimentar. Isto porque o álcool traz múltiplos inconvenientes para a estrutura da mente equilibrada, considerando-se sua toxidez e a rápida digestão de que é alvo, facilitando grandemente que o álcool entre na corrente sangüínea do indivíduo, de modo fácil, fazendo seu efeito característico.

Mesmo os inocentes aperitivos devem ser evitados, tendo-se em mente que o médium é médium as vinte e quatro horas do dia, todos os dias, desconhecendo o momento em que o Mundo Espiritual necessitará da sua cooperação. Além do mais, quando se ingere uma porção alcoólica, cerca de 30% são rapidamente eliminados pela sudorese e pela dejeção, mas cerca de 70% persistem por muito tempo no organismo, fazendo com que alguém que, por exemplo, haja-se utilizado de um aperitivo na hora do almoço, à hora da atividade doutrinária noturna não esteja embriagado, no sentido comum do termo, entretanto, estará alcoolizado por aquela porcentagem do produto que não foi liberada do seu organismo.

86. A alimentação vegetariana será a mais aconselhável para os médiuns em geral?

Raul – A questão da dieta alimentar é fundamentalmente de foro íntimo ou acatará a alguma necessidade de saúde, devidamente prescrita. Afora isto, para o médium verdadeiro não há a chamada alimentação ideal, embora recomende o bom senso que se utilize de uma alimentação que lhe não sobrecarregue o organismo, principalmente nos dias da reunião mediúnica, a fim de que não seja perturbado por qualquer processo de conturbada digestão que, com certeza, lhe traria diversos inconvenientes.

A alimentação não define, por si só, o potencial mediúnico dos médiuns, que deverão dar muito maior validade à sua vida moral do que à comida, obviamente.

Algumas pessoas recomendam que não se comam carnes, nos dias de tarefa mediúnica, enquanto outras recomendam que não se deve tomar café ou chocolate, alegando problemas das toxinas, da cafeína, etc., esquecendo-se que deveremos manter uma alimentação mais frugal, a partir do período em que já não tenha tempo o organismo para uma digestão eficiente.

É mais compreensível, e me parece mais lógico, que a pessoa coma no almoço o seu bife, se for o caso, ou tome seu cafezinho pela manhã, do que passar todo o dia atormentada pela vontade desses alimentos, sem conseguir retirar da cabeça o seu uso, deixando de concentrar-se na tarefa, em razão da ansiedade para chegar em casa, após a reunião, e comer ou beber aquilo de que tem vontade.

Por outro lado, a resposta dos espíritos à questão 723 de O Livro dos Espíritos é bastante nítida a esse respeito, deixando o espírita bem à vontade para a necessária compreensão, até porque a alimentação vegetariana não indica nada sobre o caráter do vegetariano. Lembremo-nos que o “médium” Hitler era vegetariano e que o médium Francisco Cândido Xavier se alimenta com carne.


Nona parte
Estudos, Participação, Receituário

1. sobre a leitura espírita por parte dos espíritas;

2. desinteresse quase geral dos espíritas por leituras doutrinárias;

3. hipnose por indução de entidades inimigas;

4. sono durante a leitura de livros espíritas;

5. benefícios dos estudos para os médiuns;

6. elementos que atuam em vários Centros Espíritas a um só tempo;

7. participação em sessões mediúnicas espíritas e de umbanda;

8. resultados umbandistas e espíritas no afastamento de espíritos perturbadores;

9. sobre denominação de “receita homeopática” ou “orientação espiritual homeopática”;

10. sobre a melhor orientação a seguir entre a homeopática e a alopática;

11. não confundir sessão mediúnica com consultório médico.


87. O espírita, médium ou não, deve ler livros espíritas?

Divaldo – Seria o mesmo que perguntar-se se o médico deve parar de estudar ou de ler livros sobre Medicina.

88. Apesar de necessário, por que notamos na maioria dos espíritas o desinteresse pela leitura de livros espíritas? Uns alegam que dá sono, outros que lhes dá dor de cabeça, etc. Por que acontece isso?

Divaldo – Porque o fato de alguém tornar-se espírita não quer dizer que haja melhorado de imediato. A pessoa que não tem o hábito de ler pode tornar-se o que quiser, porém, continuará sem interesse pela cultura.

O sono normalmente decorre da falta de hábito da leitura, excepcionalmente quando a pessoa está em processo obsessivo, durante o qual as entidades inimigas operam por meio de hipnose, para impedirem àquele que está sob o seu guante que se esclareça, que se ilumine, e, conseqüentemente, se liberte. Mas, não em todos os casos. Na grande maioria, as pessoas cochilam na hora da leitura porque não se interessam e não fazem o esforço necessário para se manterem lúcidas, como também cochilam durante a sessão, por não estarem achando-a interessante; mas permanecem na maior atividade, quando vão ao cinema, ou ficam diante da televisão até altas horas, quando os programas lhes agradam. Assim, não respeitam a Doutrina que abraçaram.

89. Que benefícios trazem os estudos evangélico-doutrinários para o médium?

Raul – O benefício de, dando-lhe a instrução-conhecimento, propiciar-lhe a instrução-educação. É através do estudo, mormente do Evangelho e das obras basilares da Doutrina Espírita, que o médium se irá apercebendo de quem ele é, por que ele é médium, quais as suas responsabilidades diante da mediunidade, por que o indivíduo chega à Terra com a tarefa da paranormalidade para exercitar. Quando adentra O Evangelho Segundo o Espiritismo, vai estudar “Dai de graça o que de graça recebeis”; se pergunta aos espíritos por que Deus concede a mediunidade a indivíduos que ele sabe que poderão falhar, as Entidades Benfeitoras da Terra redargúem que “pelo mesmo motivo que ele dá bons olhos a gatunos”. Exatamente por isso o estudo espírita para o médium vai lhe dando os porquês, vai elucidando-o, a fim de que não aja porque os outros agem, não faça simplesmente porque o dirigente mandou que fizesse, mas para que tenha aquela fé raciocinada, a fé-convicção, aquela fé-certeza, na coerência de quem faz porque sabe o que deve fazer.

90. O que podemos pensar da atitude de muitos que, à guisa de cooperarem com vários Centros Espíritas, na segunda-feira, freqüentam um trabalho num determinado Centro; na terça estão num trabalho mediúnico, noutro Centro; na quarta-feira num terceiro, e assim sucessivamente?

Divaldo – Há um ditado que diz: “quem muito abarca, pouco aperta”. Quem pretende fazer tudo, faz sempre mal todas as coisas. Por que essa pretensão de ajudar a todos?

Se cada um cumprir com seu dever, com dedicação, no local em que o Senhor o colocou, estará realizando um trabalho nobilitante. A presunção de atender a todos é, de certo modo, uma forma de auto-suficiência, pois quem assim age acredita que não estando em algum lugar, as coisas ali não irão bem. E, quando desencarnar? Então é melhor vincular-se a um grupo de pessoas que lhe sejam simpáticas, para que as reuniões sérias, de que trata O Livro dos Médiuns de Allan kardec, possam produzir os frutos necessários e desejados.

91. Há inconveniente em que um médium que participe de sessão mediúnica espírita e que se afirme espírita freqüente trabalhos mediúnicos de Umbanda?

Divaldo – Seria o mesmo que a pessoa atuar num campo de luta e, imediatamente, tomar posição noutro, sem o esclarecimento correspondente.

Jesus foi muito claro ao afirmar que a casa dividida rui e que ninguém serve bem a dois senhores. Já é tempo de a pessoa saber o que deseja, dedicando-se àquilo que acha conveniente. O Apocalipse [25] fala a respeito das pessoas mornas; assim, é melhor ser frio ou ardente. O morno é alguém que não está com ninguém, mas, sim, com as suas conveniências.

92. No afastamento dos espíritos perturbadores, a Umbanda consegue melhor resultado do que uma sessão mediúnica espírita?

Divaldo – Só se for pelo pavor. Mas não remove a causa, porque o espírito que foge apavorado não liberta a sua vítima da dívida, que a ambos vincula.

93. Qual a denominação correta: receita homeopática ou orientação espiritual homeopática?

Divaldo – Não devemos trazer para o Espiritismo o que pertence aos outros ramos do conhecimento. Não deveremos pretender transformar a sessão mediúnica em novo consultório médico. Digamos, então, orientação espiritual; se veio o nome de um remédio, que o bom senso recomenda seja aplicado, é uma exceção, mas não deveremos ter um compromisso especial para constranger um espírito a dar homeopatia ou alopatia.

Certa feita, em uma das nossas orientações espirituais, veio o seguinte: “O meu irmão necessita de ler O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo número 15”. Eu tive a curiosidade de saber o que era, e fui olhar. “Fora da Caridade não há Salvação”. O paciente era um sovina; a doença dele era desamor. Então, a “homeopatia” que ele precisava era uma séria advertência, e não remédio comum.

94. Qual a orientação adequada a seguir, a homeopatia ou a alopatia?

Divaldo – A melhor orientação a seguir é convocar o paciente a melhorar-se de dentro para fora e levar ao médico o problema da sua saúde orgânica.


Décima parte
Escolhos da Mediunidade

1. distinção entre animismo e mistificação;

2. processos regressivos;

3. mistificação do desencarnado;

4. mistificação do encarnado;

5. associação dos fraudadores encarnados com os desencarnados;

6. mistificação sofrida por Chico Xavier e suas razões;

7. problemas psiquiátricos e obsessões;

8. epilepsias e aproximações espirituais obsessoras;

9. necessidade de orientações doutrinárias seguras;

10. estudo e experiência auxiliam a distinguir o que seja mediunidade e o que seja expressão psicopatológica;

11. sobre a freqüência de obsidiados nos trabalhos mediúnicos;

12. necessidade da presença dos obsidiados, em tratamento, nas sessões de estudos e aclaramento espíritas.


95. Qual a diferença entre animismo e mistificação?

Raul – Encontramos em O Livro dos Médiuns, mais exatamente no capítulo 19º, item 223 (1ª a 5ª, Allan Kardec discutindo e apresentando uma questão muito importante e muito grave, que é a circunstância em que o espírito do próprio percipiente, do próprio médium, no estado de excitação de variada ordem, transmite a sua mensagem.

Nos processos de regressões, de múltiplas procedências, a alma do encarnado se expressa, chora suas angústias, deplora suas mágoas guardadas na intimidade, ou apresenta suas virtudes e conquistas, suas grandezas, também guardadas no íntimo. Esse fenômeno em que o próprio espírito do médium se expressa, com qualquer tipo de bagagem, nós o chamaremos de “anímico”, conforme Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns. E aqueles outros fenômenos através dos quais entidades espirituais se manifestem por meio de médiuns, e dizem ser personalidades que verdadeiramente não foram na Terra, esses denominaremos de “mistificação”.

Allan Kardec teve a oportunidade de estudar em O Livro dos Médiuns, na parte em que apresenta as dissertações mediúnicas (capítulo 31º), diversas mensagens, das quais ele, depois de tê-las analisado, anota que jamais poderiam proceder de Vicente de Paula, de Maria de Nazaré e de outros tantos espíritos respeitados e considerados pela Humanidade. É o caso em que certas entidades banais dão nomes de vultos que gozam ou que gozaram no mundo de respeitosa projeção.

Mas, temos ainda um outro tipo de mistificação, que é a mistificação do indivíduo, do médium, quando, por motivos diversos, não sendo portador de faculdades mediúnicas, ou ainda que seja, mas não sendo dotado da capacidade de comunicar, de permitir a comunicação de tal e qual espírito, ele a forja, com interesses os mais estranhos. Aí encontramos a mistificação por parte do suposto médium.

É importante, porém, que nos lembremos de que todas as nossas ações, como se reporta O Livro dos Espíritos, são conduzidas pelos espíritos. Normalmente são eles que nos dirigem, conforme o item 459, da citada obra. Logo, quando se começa a fraudar, a mistificar por quaisquer interesses, no início é o próprio indivíduo com a sua mente doente, mas, a partir daí, passa a atrelar-se a entidades mistificadoras, submetido, então, à influência espiritual. A princípio, a criatura é mistificadora sem ser propriamente médium. Depois advém a “sociedade” de forças, surgindo o engodo. No primeiro impulso era fruto do encarnado, depois os espíritos complementam.

Foi perguntado a Chico Xavier, e publicado no livro No Mundo de Chico Xavier,[26] se alguma vez ele teria sido alvo de mistificação da parte de espíritos. Ele disse que sim. E quando foi inquirido sobre qual a razão pela qual Emmanuel lhe permitira essa vivência de algum espírito comunicar-se e dizer-se quem não era, ele afirmou que aquilo se destinava a que ele visse que não estava invulnerável à insuflação negativa.

Jesus Cristo teve ensejo de dizer que, se possível fosse, essas entidades, os falsos profetas, enganariam aos próprios eleitos. De nossa parte, costumamos nos indagar: “E nós que ainda somos apenas candidatos?”

96. Dentro dos quadros da psiquiatria, como psicopatia, esquizofrenia, etc., quais as características que poderiam se enquadrar dentro das obsessões?

Raul – Reconhecemos, com os ensinamentos da Doutrina Espírita, que todos aqueles portadores das esquizofrenias, psicopatologias variadas, dentro de um processo cármico, são entidades normalmente vinculadas a graves débitos, a dívidas de delitos sociais, e, conforme nos achamos dentro desse quadro de compromissos, essas psicopatologias de multiplicada denominação assumem intensidade maior ou menor.

Conforme orienta o instrutor Calderaro ao Espírito André Luiz, no livro No Mundo Maior,[27] ao estudar a problemática do cérebro, esses companheiros esquizofrênicos entram em “crises” quando, no processo natural e inconsciente de rememoração, se vinculam ao seu passado, quando delinqüiram, através de um processo de associação, de assimilação fluídica.

Nos casos de epilepsias, tudo nos leva a crer que as entidades credoras, em se aproximando do devedor, diretamente ou por meio de seu pensamento, promovem como que um acordamento da culpa, e ele mergulha, então, no chamado transe epiléptico. Nesse particular do transe, por ação de espíritos, encontramos correspondentes com o processo mediúnico, porque não deixam de ser, esses indivíduos, médiuns enfermos, desequilibrados, apresentando, por isso, uma expressão mediúnica atormentada, doente. Convenhamos que o exame da Doutrina Espírita, com relação a esses diversos casos, nos dará gradativamente as dimensões para que saibamos avaliar, analisar os problemas de enfermidades psicopatológicas, tais como as que acompanham a esquizofrenia, que é esse conjunto de tormentos, de perturbações, de doenças, que verdadeiramente não têm uma etiologia definida.

Nos casos de patologia psicológica ou psiquiátrica, deveremos nos valer dos conhecimentos específicos na área médica, para que não coloquemos pessoas doentes nas atividades mediúnicas, o que seria um desastre. Muitas pessoas se mostram com diversas síndromes e sintomas de problemas psíquicos, quando a invigilância e o desconhecimento espírita de alguns os leva a afirmar que é mediunidade e levar a criatura para o exercício mediúnico. Esses graves equívocos determinarão graves ocorrências.

O nosso Divaldo, oportunamente, narrou-nos um episódio por ele conhecido, a respeito de um cidadão que sofrendo de intensas e continuadas cefaléias foi “orientado” por alguém irresponsável a “desenvolver-se”, porque era médium, e que nisso encontraria a cura esperada.

Buscados núcleos de mediunismo sem orientação cristã, feitos os “trabalhos”, etc., o problema não cedeu, ao contrário, agravou-se. Após frustradas tentativas lá e cá, o moço foi levado a uma instituição séria, onde o servidor da mediunidade que o atendeu constatou, pela informação dos Benfeitores Espirituais, que a família deveria providenciar atendimento médico para o rapaz. Feito o eletroencefalograma, verificou-se uma tumoração cerebral já sem possibilidade de cura, devido ao estado adiantado do problema.

Muitas vezes estamos atrelados a enfermidades espirituais que oferecem respostas somáticas, que estão ligadas a dramas profundos e graves, que não podem ser atendidos como se fossem mediunidade, numa leviandade que não se permite, em se tratando de Entidade Espírita. Noutros campos, registramos nos hospitais psiquiátricos diversos médiuns em aturdimento, obsidiados que poderiam ser devidamente tratados com a terapia evangélico-espírita, para depois abraçarem a tarefa mediúnica.

Então, é necessário que estudemos e assimilemos os conceitos e lições da Doutrina Espírita, conhecendo a prática do bom senso, para que saibamos distinguir aquilo que é mediunidade, precisando de educação, daquilo que seja enfermidade psicopatológica, a exigir tratamento médico.

97. Na terapia da desobsessão, é bom que o obsidiado freqüente trabalhos mediúnicos?

Divaldo – O ideal será que ele não participe dos trabalhos mediúnicos. Se estiver no estado em que registra as idéias sadias e as perturbadoras, o trabalho mediúnico pode ser-lhe seriamente pernicioso. Porque, se o obsessor incorporar, poderá ameaçá-lo diretamente, criando nele condicionamento que depois vai explorar de espírito a espírito. Como a necessidade não é do corpo físico do enfermo, ele pode estar em qualquer lugar e os Mentores trarão as entidades perturbadoras.

Por outro lato, ele não deve faltar às sessões de esclarecimento doutrinário, para que aprenda a libertar-se das agressões dos espíritos maus e, ao mesmo tempo, crie condições para agir com equilíbrio por si mesmo.


Décima primeira parte
Usos e Costumes

1. utilidade dos Cursos de formação de médiuns;

2. estudos mediúnicos como parte dos estudos do Espiritismo;

3. diplomas e carteiras na formação de médiuns;

4. sobre o uso de roupas especiais para a prática mediúnica;

5. cores das roupas e sua interferência na qualidade dos fenômenos;

6. origens e inconvenientes do uso de velas, banhos, pontos traçados e defumações no exercício mediúnico;

7. fatores atávicos e sociológico-antropológicos;

8. antropologia religiosa dos povos de Angola, Cabinda e outros;

9. cultos animistas de antigos escravos na cultura religiosa do catolicismo brasileiro;

10. pedidos de missas e velas por parte de desencarnados sob velhos atavismos;

11. não validade das fórmulas exteriores;

12. pensamento de Michael Quoist sobre a busca de Deus;

13. sentido educativo do “amai-vos e instruí-vos”;

14. hábitos de estudo e do exercício do amor, para a libertação de atavismos desnecessários;

15. distintivos materiais para classificação hierárquica de médiuns;

16. oferendas materiais (comidas e objetos) para desencarnados;

17. objetivos espíritas de espiritualização;

18. forma ideal de oferendas aos desencarnados.


98. Quanto aos variados cursos de formação de médiuns, espalhados por toda parte, são úteis, de fato, para os indivíduos?

Raul – Sempre que nos reunimos com o objetivo de estudar o Espiritismo, encontramos razões para alegrias imensas.

O Espiritismo é um filão notável, aclarando a nossa visão, desenvolvendo-nos o intelecto e ajustando-nos às experiências amadurecedoras.

O que nos deve chamar a atenção, a fim de que nos precatemos, é o fato de entendermos os cursos de formação de médiuns como curso formal, com graduações e notas, provas e formaturas. Isto porque o sentido do curso, se desenvolvido nessas bases, fará entender ao cursando, ou aluno, que, quando ele o concluir estará formado. Então, terá que ser médium a qualquer custo, podendo surgir fortes predisposições à mistificação ou excitações que levem o indivíduo às bordas dos fenômenos anímicos, pela ansiedade de dar comunicações.

Os estudos espíritas devem ser descontraídos e agradáveis, permitindo trocas de experiências, facultando o crescimento geral. O estudo da mediunidade, por outro lado, não passa do estudo de uma parte do conhecimento espírita, devendo ser feito, por isto, associado aos demais temas da Doutrina Espírita.

99. E sobre os cursos de formação de médiuns que distribuem carteiras e diplomas aos seus concluintes?

Raul – Embora respeitemos as intenções de qualquer pessoa, dizemos que nessas atitudes nada existe do pensamento do Espiritismo, cujas propostas são de trabalho e renovação, sem atavios, sem ilusões, sem competições com os estabelecimentos e concepções das instituições do mundo, ainda quando respeitáveis na pauta dos valores terrenos.

100. Alguma necessidade particular existe para que se recomende aos médiuns o uso de aventais, jalecos ou outras roupas especiais, nos trabalhos mediúnicos do Espiritismo?

Raul – À luz do pensamento espírita, nenhuma necessidade existe para o uso de roupas especiais, ou vestes de quaisquer naturezas, nos cometimentos mediúnicos espíritas, que possam designar símbolos ou paramentação inadequada aos eventos doutrinários. Até porque, perante a expressão de Jesus, trazendo-nos a imagem do “túmulo caiado por fora escondendo putrefação na intimidade”, notamos a importância de cada um alimpar-se por dentro, tecendo, com os esforços da sua transformação moral, a anelada “túnica nupcial”, a que Jesus se referiu na parábola do festim de bodas.

101. As cores das roupas que os médiuns estejam usando interferem na qualidade do fenômeno mediúnico?

Raul – Em nada interferem as cores de uso externo do médium na qualidade dos fenômenos mediúnicos. Interagem, isto sim, as “cores” de dentro, o caráter, o modo de ser e de viver de cada um.

102. Observando-se, ainda, no exercício mediúnico, o uso de velas, banhos, pontos traçados, defumadores, gostaríamos de saber as causas e origens, bem como os inconvenientes de tais práticas.

Divaldo – Há dois fatores atávicos. O fator ancestral religioso, herança das doutrinas ortodoxas que estabeleceram no culto a preservação de luzes para a adoração espiritual, e o fator sociológico-antropológico, especialmente nas Américas, já que, de certo modo, somos legatários das tradições africanas. A própria antropologia religiosa dos povos de Angola, Cabinda e de outros que vieram para cá desenvolveu em forma de automatismo um animismo-mediúnico como meio de intercâmbio com o mundo espiritual. No Brasil, em particular, somos herdeiros inevitáveis dos cultos animistas, que os antigos escravos das gerações passadas introduziram em nossa formação religiosa, associando-se ao culto externo do catolicismo, que a partir do século IV introduziu o uso de velas, incensos, flores, vestuários das tradições pagãs. É inevitável que muitos espíritos, “que são as almas dos homens”, e que estavam acostumados a tais tradições desses cultos religiosos, retornem do além-túmulo fazendo essas recomendações absurdas quanto a uma aparente necessidade de manifestações externas, solicitando que se mandem celebrar missas, que se acendam velas, que se queimem defumadores, que se traga o turíbulo para o incenso, em razão da crença fundada na eficiência dessas fórmulas.

A Allan Kardec não passou despercebida essa questão, tanto assim que ele a introduziu em O Livro dos Espíritos, quando abordou o tema “fetichismo”, demonstrando que os Espíritos Superiores e os espíritos, na sua generalidade, desprezam e ridiculizam as fórmulas externas de nenhuma validade para a promoção moral do ser. Também há o atavismo religioso, que mantém, na sua liturgia, a presença indispensável desse culto exterior.

O Espiritismo é a doutrina da integração da criatura com o Criador, através da sua liberdade com responsabilidade, da sua conscientização de deveres, a fim de que possa fruir de paz, de esperança e de felicidade. Qualquer manifestação de culto externo, por desnecessária, é de segunda ordem, não merecendo maior consideração, no que tange à educação mediúnica.

A educação mediúnica exige, em primeiro plano, o conhecimento pelo estudo da mediunidade. A seguir, a educação moral e, como conseqüência, o exercício e a vivência da conduta cristã. Cristã, porque é o amor na sua expressão mais elevada, quando o indivíduo se encontra consigo próprio.

Michael Quoist, sacerdote francês, tem um pensamento que se adapta à questão. Diz ele, em outras palavras: “Eu Te procurei e fugi do mundo para entrar em contato Contigo, abandonei-me a mim e a meus irmãos, mas não Te encontrei; quando me voltei para a ação da caridade ali me deparei Contigo, com o meu próximo, comigo mesmo, assim encontrando-nos os três.” É necessária a educação intelecto-moral que está implícita na resposta do Espírito da Verdade: – “Espíritas! amai-vos. Espíritas! instruí-vos.” Instruir, no século XIX, tinha a abrangência do moderno verbo educar, que é adquirir hábitos e conhecimentos. Através dos hábitos salutares do estudo e do exercício do amor, o médium se libera de quaisquer atavismos para fazer-se ponte entre ele, a criatura, e o Criador, sob a inspiração dos Espíritos Superiores.

103. Os distintivos são importantes para a classificação das condições dos médiuns nas reuniões mediúnicas?

Raul – Conforme estamos asseverando, com base nos ensinamentos do Espiritismo, quaisquer exterioridades ou excentricidades, nos usos ou nas práticas, que tentem nivelar o labor espírita com as escalas de valores mundanos, não compartilham do posicionamento espírita.

Todo e qualquer distintivo material para médiuns colaborará para a exaltação da personalidade, predispondo-o a vários perigos.

O que deverá distinguir os lidadores do intercâmbio mediúnico será a sua fidelidade aos compromissos abraçados e sua luta por ser um instrumento mais útil às Falanges do Bem, aperfeiçoando-se a cada dia, para alcançar a vitória sobre si mesmo e sobre os tormentos do mundo.

104. É justo que, nas reuniões mediúnicas ou fora delas, se façam oferendas materiais, objetos ou alimentos, no intuito de atender aos caprichos ou aplacar as necessidades que os espíritos denunciem?

Raul – A ação espírita junto aos irmãos desencarnados deverá acatar sempre os objetivos espíritas, que são os da espiritualização das criaturas.

Nossas oferendas aos espíritos serão, por isso mesmo, em nível vibracional: nossas orações, que representam emissões de energias da alma em alta freqüência; nossas boas ações diárias, que a eles dedicamos como emissão de carinho e fraternidade, que são, também, fluidos impregnados de nobres qualidades.

As entidades que solicitam ou exigem coisas ou comidas e bebidas, reportando-se a seus gostos ou necessidades, são, indubitavelmente, companheiros desencarnados ainda em grande atraso moral e os indivíduos que os atendem nessas transações mundanas passam a se lhes associar, num circuito de interdependência de funestas conseqüências. A espíritos ofertemos tão só as coisas do espírito.

FIM

Notas:


[1] Lucas, 10: 25.

[2] Marcos, 9: 11.

[3] Marcos, 5: 7.

[4] Marcos, 8: 27.

[5] João, 18: 23.

[6] Marcos, 10: 51.

[7] Paulo (I Coríntios, 12: 1 a 11).

[8] Jesus (João, 5: 14).

[9] Francisco Cândido Xavier, Paz e Renovação, diversos espíritos, capítulo 34, 4ª edição, CEC, Uberaba-MG, 1979.

[10] Referência ao Simpósio sobre Mediunidade realizado pela Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte – MG e pela Associação Espírita Célia Xavier, da mesma cidade, nos dias 16 e 17 de junho de 1984, com a participação de Divaldo Franco e Raul Teixeira.

[11] Francisco Cândido Xavier, Seara dos Médiuns, Emmanuel, capítulo 38, 2ª edição, FEB, Rio de Janeiro – RJ, 1973.

[12] Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo 24º, item 12, 92ª edição, FEB, Brasília – DF, 1986.

[13] Divaldo P. Franco, Párias em Redenção, Victor Hugo, 2ª ed, FEB, Rio de Janeiro – RJ, 1976

[14] Divaldo P. Franco, Painéis da obsessão, Manoel Philomeno de Miranda, 1º edição, LEAL, Salvador-BA, 1983.

[15] Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo 29º, item 331, 53ª edição, FEB, Brasilia-DF, 1986.

[16] Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo 4º, item 74 (5º e 14º), 53ª edição, FEB, Brasília – DF, 1986.

[17] Allan Kardec, O Livro dos Médiuns capítulo 29º, itens 324 e 331, 53ª ed. FEB, Brasília – DF, 1986.

[18] Água Régia, substância altamente corrosiva.

[19] Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo 24º, item 267 (1º a 26º), 53ª ed. FEB, Brasília – DF, 1986.

[20] Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo 16º, item 198, 53ª edição, FEB, Brasília – DF, 1986.

[21] Ver questão nº 2.

[22] Allan Kardec, A Gênese, capítulo 14º, item 33, 29ª ed. FEB – Brasília – DF, 1986.

[23] Allan Kardec, A Gênese, capítulo 14º, item 33, 29ª edição, FEB, Brasília – DF 1986.

[24] Francisco Cândido Xavier, Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz, Capítulo 17º (página 165), 8ª edição, FEB, Rio de Janeiro – RJ. 1976.

[25] João (Apocalipse, 3: 15,16).

[26] Francisco Cândido Xavier, No Mundo de Chico Xavier, Elias Barbosa, itens 35, 36 e 37, 5ª edição, IDE, Araras – SP, 1983.

[27] Francisco Cândido Xavier, No Mundo Maior, André Luiz, 12ª edição, FEB, Brasília – DF, 1984.