Saudação do Natal
Francisco Cândido Xavier
Espíritos Diversos
A Ceia Ecológica
Cornélio Pires
Conversas sobre conversas
Por trás de assunto sem lógica
Disse-me Ilídio: ”Amanhã
Vamos à ceia ecológica.
Você seguirá comigo?”
Pronto, assumi a promessa.
Ilídio é um bom amigo,
Mas que ceia será essa?
“Não deve seguir sozinho,”
Prosseguiu ele,
“Antes da ceia em caminho.”
No outro dia despertei
De ouvidos fenomenais
Estava escutando as pedras,
As plantas e os animais.
Ilídio veio buscar-me
E, no carro em que seguia,
Notei que outro era o rumo
Além da periferia.
Desdobrando-se o caminho,
Vimos nós um casarão...
O amigo esclareceu:
“É a casa do tio Adão.”
Avançamos e no vimos
Em meio de algumas roças
E notamos o barulho
De peões, carros, carroças...
Ilídio parou o carro e descemos,
Era um desfile esperado,
Animais vinham chegando
Seguindo por nosso lado.
Na frente vinha um cabrito
Gritando: “Morra o churrasco!...
Não desejo festa alguma,
Não quero ver o carrasco!...”
Num caminhão certa vaca
Mascava feno em restolho.
Dizia ao boi que a seguia:
“Meu velho, fique de olho!”
Ao lado vinham dois perus,
Um deles fala: “É demais”
E o outro: “Eu também bebi,
Da cachaça do Moraes”.
Num caminhão, a galinha,
Cercada de frangos novos,
Prosava para a festança...
“Já dei os meus belos ovos.”
Grande fêmea de um suíno,
Seguindo frágil leitoa,
Rogava: “Não maltratem minha
Filha, que é tão boa...”
Dois coelhos numa gaiola
Cochichavam, entre si:
“Não fosse a corda no pé,
Sairíamos daqui.”
Num planalto assaz pequeno
O aroma de um cajueiro;
Lá longe ia a parada
Dominando o espaço inteiro.
No páteo, o chefão chegou
E passou a esfaquear,
A turma toda apavorada
Pôs-se a gemer e a gritar.
Vendo o sangue, emocionei-me;
Não podia ver aquilo,
Queria voltar à casa,
A fim de ficar tranqüilo.
Fui a Ilídio e, com franqueza,
Não podia suportar,
Aquela cena de dor,
Queria a paz do meu lar.
Ilídio riu-se e falou:
“Cornélio, nunca supus
Que você fuja de festa
Para as obras de Jesus.”
E então, desorientado,
Fiquei sabendo, afinal,
Que a ceia da ecologia
Era a festa do Natal.
A Máquina Divina
Emmanuel
Meu amigo,
O corpo físico é a maquina divina que o Senhor nos empresta para a confecção de nossa felicidade na Terra.
Os vizinhos do bruto precipitam-na ao sorvedouro da animalidade.
Os maus empregam-na creando o sofrimento dos semelhantes.
Os egoístas valem-se dela para esgotarem a taça de prazeres fictícios.
Os orgulhosos isolam-na sem proveito.
Os vaidosos cobrem-na de adornos efêmeros para reclamarem o incenso da multidão.
Os intemperantes destroem-na.
Os levianos mobilizam-na para menosprezar o tempo.
Os tolos usam-na inconsideradamente, incentivando as sombras do mundo.
Os perversos movimentam-lhe as peças na consecução de desordens e crimes.
Os viciados de todos os matizes aproveitam-lhe o temporário concurso na manutenção da desventura de si mesmos.
Os indisciplinados acionam-lhe os valores estimulando o ruído inútil em atividades improdutivas.
O espírito prudente, todavia, recebe essa maquina valiosa e sublime para tecer, através do próprio esforço, com os fios da caridade e da fé, da verdade e da esperança, do amor e da sabedoria, a túnica de sua felicidade para sempre na Vida Eterna.
Achado
Cornélio Pires
O mal que nos faz sofrer
Com ataques que não tem
É sempre impulso de Deus
Chamando-nos para o bem.
Agradeço
Luiz de Oliveira
Agradeço o socorro que me deste
Quando caí do conforto do ninho...
Beijaste-me no lenço de alvo linho,
Mas regressaste, cedo, à Luz Celeste...
Venho rogar em teu lar de cipreste,
Em que foste bondade, alegria, carinho
E o apoio da fé na secura do agreste
Que serão luz e vida em meu caminho.
Estou no Além... Já procurei-te, em vão,
E seguirei, enfim, onde possa chamar-te,
Sempre com Deus em minha devoção...
Confio em ti, vida de minha vida,
Um dia, hei de encontrar-te, Mãe querida,
Pela saudade atroz do coração.
Ante os Viajores da Morte
Emmanuel
Se a morte visitou o circulo das tuas atividades pessoais, guarda uma atitude de reverência e de amor para com a memória do irmão que partiu.
Não lhe julgues a experiência e nem lhe critiques o roteiro que o sepulcro modificou.
Entre os véus asfixiantes do corpo, é sempre difícil e perigoso ajuizar quanto à conduta de alguém.
Não sabes que males aparentes na vida se transformaram em bens na realidade Eterna e ignoras os bens imaginários do caminho humano que se metamorfosearam em amargurar, alem da fronteira da cinza que o tumulo estabelece entre os que seguem e os que ficam...
Compadece-te e ampara sempre.
Não permitas que a tua saudade se converta em aflição sobre o espírito bem amado que te antecede os passos na grande viagem e nem admitas que a tua mágoa se transforme em espinheiro, na senda do adversário que tomba antes de ti.
Cultiva, na terra das tuas recordações acerca dos mortos que prosseguem sempre vivos, as bênçãos de tua compreensão e de tua bondade...
Todos eles escutam a mensagem silenciosa que lhes é endereçada do mundo... Todos recebem as rosas ou brasas que o irmão da retaguarda lhes atira ao nome...
Lembra-te sempre de que a tua jornada de regresso realizar-se-á hoje ou amanhã... E, hoje ou amanhã, encontrarás, além, os frutos de tua própria sementeira, de vez que na Terra ou noutros setores de trabalho universal, receberemos invariavelmente de acordo com as nossas próprias obras.
Assunto de Amor
Cornélio Pires
Na Terra, o amor paga imposto,
Como exige a Natureza:
- Por dois anos de alegria,
Paga quatro de tristeza.
No mundo, a união em dupla,
O epílogo é sempre assim:
Se o enfado chega aos dois,
O grande amor chega ao fim.
O beijo mais cativante,
Segundo conceitos sábios,
É um sonho maravilhoso
Que deve ficar nos lábios.
Auxilia enquanto é Hoje
Emmanuel
Recorda que, um dia, demandarás também o grande país da morte.
Sentirás o frio do tumulo a envolver-te o raciocínio, até que a luz te bafeje, triunfante, o espírito renovado.
Nem por isso, deixarás de ouvir as palavras que a boca humana pronuncie em tua memória e, em plena transformação, receberás o impacto de todos os pensamentos formulados na Terra a teu respeito.
Então, suspirarás pela benevolência do próximo para que as tuas boas intenções sejam tomadas em conta no julgamento de teus dias.
Sofrerás em teu coração a crítica e a malevolência, a mágoa e a acusação com que te envolvam o nome, tanto quanto regozijar-te-ás com as vibrações de carinho e com as preces de amor endereçadas ao teu espírito...
Reflete nessa lição do amanhã inevitável, fazendo-te agora mais humano e mais doce, em recordando os mortos que são mais vivos que tu mesmo, na Imortalidade Renascente.
Ainda mesmo no comentário em torno daqueles que se arrojaram às trevas, pensa nas boas obras que terão inutilmente desejado praticar durante a permanência no corpo e lembra-te da esperanças que lhes teceram no mundo os primeiros sonhos...
Medita nas lágrimas ocultas que choraram sem consolo, nas aflições e remorsos que lhes avergastaram a consciência, mas não te confies à cultura da reprovação e do ódio, destacando-lhes o lado obscuro e amargo da vida...
Procura enxergar o bem que os outros ainda não perceberam, auxilia onde muitos desistiram do perdão, auxilia onde tantos desertaram da caridade e estarás acendendo piedosa luz para teus próprios pés, à maneira de lâmpada suave e amiga com que te erguerás, desde hoje, muito acima da sombra espessa e triste da morte.
Engano
Cornélio Pires
Gelásio jogando buzos
Na Fazenda de Itaoca,
Comeu grande tanajura
Pensando que era pipoca.
Conceito
Cornélio Pires
Conceito de velho amigo
Que morava em Cascadura:
“Todos teremos na vida
Aquilo que se procura.”
Criação
Cornélio Pires
Deus criou a selva, o mar,
O campo, o lago, o jardim
E fez do mundo um teatro
Que expõe novelas sem fim.
Impulso de Deus
Cornélio Pires
O mal que nos faz sofrer
Com ataques que não tem
É sempre impulso de Deus
Chamando-nos para o bem.
Na Glória do Bem
Emmanuel
Abre o teu coração à glória do bem, para que a glória do bem te clareie o caminho.
Qualquer criatura afeita à dominação pode, no mundo, enriquecer-se de ouro, mas somente aqueles que se entregam à inspiração da bondade conseguem enriquecer o ouro terrestre de alegria e de luz.
Todavia, para que possamos realizar semelhante operação, na química do Espírito, é imperioso que a fraternidade infatigável nos aconselhe, orientando-nos a jornada.
Por isso mesmo, na exaltação da solidariedade legítima, é preciso que nossa alma incorpore a si mesma, a humildade e o amor, para que os nossos gestos consigam frutescer em talentos de verdadeira felicidade.
A moeda, guardada no arquivo da usura, cria aflição e a intranqüilidade nas mãos que a sepultam no cofre do exclusivismo, mas aquela que se transforma na gota de leite para a criança faminta ou no remédio necessário ao doente, é benção de paz a multiplicar a esperança e a alegria no Tesouro Celeste.
Dá-te, assim, ao trabalho constante em que teu suor se converta na fortuna indispensável a quantos te partilham a marcha na certeza de que a vida vitoriosa é aquela que oferece curso livre aos valores da experiência, a fim de que a saúde e a higiene, a educação e o conforto, sejam patrimônio comum a todos os que nos cercam.
Lembra-te de que a lama cultivada produz pão que alimenta, e não olvides que o espinheiro, em pleno deserto, com a simples visita do orvalho se veste com a flor que perfuma.
Portanto, onde estiverdes, ampara e auxilia sempre, recordando Jesus que, sem uma pedra onde repousar a cabeça, deu-nos a todos o próprio coração em forma de renúncia, no serviço incessante, enriquecendo-nos para sempre diante da Vida Eterna.
Na Seara do Bem
Cornélio Pires
Trabalha, serve e auxilia,
Não importa quanto e quando...
Na Terra, em cada minuto,
Alguém está naufragando...
Na Senda Redentora
Emmanuel
Enquanto nos demoramos nas teias escuras da animalidade, costumamos centralizar a vida na concha envenenada do egoísmo, orientando-nos pelo cérebro, agindo pelo estômago e inspirando-nos pelo sexo...
A passagem na Terra significa, então, para nossa alma, o movimento feroz de caça e presa.
O cálculo é o nosso modo de ser.
A satisfação física é o nosso estimulo.
O prazer dos sentidos é a finalidade de nosso esforço.
Contudo, quando a luz do Evangelho se faz sentir em nosso coração, altera-se-nos a vida.
O amor passa a reger nossas mínimas expressões individuais.
Identificamos as nossas próprias feridas, catalogamos nossos próprios defeitos e inventariamos nossas próprias dificuldades.
A língua perde a volúpia criminosa da maledicência.
Os olhos olvidam a treva, em busca de sol que lhes descortine horizontes mais vastos.
Os ouvidos esquecem as serpes invisíveis do mal, a fim de se concentrarem nas sugestões do Bem.
E a cabeça procura o suave calor da fornalha da caridade, a fim de que as ilusões lhe não imponham o frio do desapontamento amargo, triste compensação de quantos reclamam da carne a felicidade que a carne não pode dar...
Chegada esta hora bendita de renovação de nosso próprio espírito, nossa existência se transforma numa pregação permanente aos que nos seguem os passos, de vez que a lâmpada acesa do ensinamento de Jesus, no imo da nossa alma, é astro irradiante a clarear a marcha da vida.
Não te gastes, portanto, desesperando-se em exigências descabidas, nem te percas no cipoal das queixas sem significação...
Procura o Cristo, em silencio, e grava as lições d’Ele nas paginas da tua luta de cada dia, e quem te acompanha saberá encontrar em tua conduta e em teus gestos o santificado caminho da redenção.
Natal do Vencedor
Maria Dolores
O Homem plantou Ódio, tenda em tenda;
O Ódio fez um conflito em graves crises,
Exterminando aldeias infelizes,
Sem ninguém que as preserve ou que as defenda.
Chegam conquistadores... Nova senda:
Ódio e Guerra por todos os países...
Vem a Morte e lhes quebra as diretrizes,
Pondo, um a um, sob as cinzas da lenda...
Natal!... Promessa e luz de longas eras!...
È Jesus renovando as primaveras
Do amor puro, na Terra jamais visto...
Há um só vencedor, ao nosso lado,
Tão vivo agora, como no passado,
O alto Herói, Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Melhor Carpinteiro
Emmanuel
É aconselhável que a justiça fale pelo dinheiro, toda vez que o dinheiro seja relegado ao bando dos réus.
Possivelmente, malfeitores terão perpetrado crimes para agarra-lo; não se esqueça, porém, de que ele representa o reconforto e a segurança para milhões de pais-de-família, nas horas de mais torva necessidade.
Talvez para amontoá-lo, mercadores astutos fazem o comércio de entorpecentes, que escravizam espíritos invigilantes em costumes viciosos; mas ninguém olvide que ele constitue a inspiração para milhões de pessoas que procuram manejá-lo com sensatez.
Decerto que, a fim de explora-lo, traficantes da ilusão levantam casas de prazer inútil, em que tantos companheiros aniquilam o tempo e a vida; impossível, no entanto, desconhecer que ele auxilia a construir universidades e fabricas onde milhões de criaturas aprimoram a inteligência e engrandecem o trabalho.
Atraídos pelas facilidades que ele proporciona, aventureiros tentam induzi-lo aos labirintos da crueldade e da calúnia; razoável lembrar, contudo, que nele se expressa a alavanca providencial em que se escoram milhões de irmãos em dificuldades, para não descerem ao abismo do descrédito e da insolvência.
Avarentos infelizes tê-lo-ão trancado, transitoriamente, no intuito de furta-lo ao progresso; em momento algum, todavia, será licito ignorar-lhe a missão sublima nas mãos dos seareiros da fraternidade, erguendo lares, escolas, abrigos e hospitais, recolhendo crianças e mães desventuradas, amparando enfermos desvalidos, assegurando a divulgação da Luz Espiritual que dissipa as trevas da ignorância ou garantindo a defesa da verdade contra a mentira.
Comentando o Evangelho, segundo os princípios espíritas, não podemos esquecer que o Cristo respeitou os dois vinténs doados pela viúva humilde, em hora de fé.
Abençoemos o dinheiro e saibamos emprega-lo na edificação do bem geral, porque todo dinheiro que nos chegue ao caminho, sob a cobertura da paz de consciência, é um amigo que veio trabalhar por nossas mãos, em nome da confiança da vida e da Bondade de Deus.
Petição de Filha
Ana Monteiro
“De nada sabes, Mãe...” eis que eu dizia
A gritar palavrões, cerrando a porta...
Trocando-te doente e semi-morta
Por noites de ilusão e rebeldia.
Lembro-te trabalhando, qual que via,
No tanque de lavar, no apoio à horta...
Partiste para o Além... A dor me corta,
Entretanto, o prazer me consumia...
Fui rica, mas a morte em meu cansaço
Tudo arrasou em penúria e fracasso,
Falando-me em remorso e ingratidão...
Sinto-me só, embora socorrida,
Vem amparar-me, luz de minha vida,
Anjo querido de meu coração.
Prece pelo Natal
Emmanuel
Meus amigos, Deus nos conceda muita paz ao coração, renovando-nos as forças no trabalho de cada dia.
Associando-nos ao nosso irmão Arthur, desejamo-vos um Natal cheio de venturas de espírito.
Em oração de reconhecimento, lembramos que o vosso mundo está, como outrora, mergulhado em profunda noite, noite dolorosa e fria, em que há tantos corações maternos adoentados.
Mas nossa esperança volta-se para a manjedoura singela.
A estrela sublime ainda brilha no céu de nossas consciências, indicando o Berço Divino.
Essa estrela é o Evangelho.
Sua claridade nos conduzirá à simplicidade de nosso próprio mundo interior, a fim que aí se opere o Novo Nascimento de Cristo.
Na Manjedoura antiga nasceu o Salvador, na Manjedoura íntima deve surgir o Mestre.
Sejamos seus discípulos em espírito e verdade.
Outrora, celebramos o acontecimento com os hinos de louvor. Celebremo-lo, agora, com o devotamento e a compreensão de cada dia.
Deus nos proteja sempre.
Previsões para 1990
Euryclides Formiga
Nunca fui de astrologia
Mas de atenção calma e atenta,
Faço algumas previsões
Para o ano de Noventa.
Deus nos dê trabalho e paz,
No tempo que se inicia,
Na união de que dispomos,
Em cânticos de alegria.
Veremos o desemprego
Em rixas e sofrimentos.
Não por falta de serviço,
Por falta de vencimentos.
A imprensa fará barulho,
Comentando as regalias,
Muita gente clamará
No corte das mordomias.
Os problemas serão muitos,
Todos nós sabemos disto,
Mas teremos segurança
Na benção de amor do Cristo.
O amor livre crescerá
Nos modos justificados;
Em toda parte, ouviremos
Cochichos de namorados.
Os nossos avós e pais
Lembram afagos antigos,
Nossos amados idosos
Nunca serão esquecidos.
Natalidade terá
Aumento e números loucos,
Muitas crianças nascendo,
Casamentos serão poucos.
O conflito entre as Nações
Permanece em grossa bruma;
Da guerra e rumor de guerra
Não se sabe cousa alguma.
As questões salariais
Surgirão em causas leves,
Os processos mais estranhos
Suscitarão várias greves.
Apesar da luta imensa
De que a Terra está marcada,
Pela fé que cultivamos
A paz será conservada.
E todos nós cantaremos
Sob a luz do céu de anil,
Trabalhando com Jesus
No progresso do Brasil.
Saudação de Natal
Cornélio Pires
Amigo, Deus lhe conceda
Um Natal de Paz Divina
Ao sol da nossa Doutrina,
Nas bênçãos do Amor Cristão.
Que a mensagem do Evangelho
Seja a luz que nos sustente!
Busquemos alegremente
A glória da redenção.
Sexo
Cornélio Pires
Conceito de velho amigo
Que morava em Cascadura:
“Todos teremos na vida
Aquilo que se procura.”
Sigamos com Deus
Emmanuel
Perdidos no vale das sombras, padecíamos dolorosa cegueira espiritual, quando o Vidente Divino veio até nós, fazendo claridade em nosso caminho para Deus.
O amor e o sacrifício, no trabalho do bem aos semelhantes, foram a senha de seu apostolado.
Não obstante nossos desvios e enfermidades, apesar das trevas em que nos mergulhávamos, não nos considerou imprestáveis para a continuação do Reino Celeste na Terra. Estendeu-nos mãos salvadoras e abriu-nos sublime campo de atividade renovadora.
Por que não imitarmos o exemplo do Mestre, diante dos companheiros temporariamente privados da luz?
O cego não é invalido, nem inútil. É nosso irmão aguardando concurso fraterno, a fim de habilitar-se para mais amplo serviço ao Senhor, à humanidade e a si mesmo.
Ampará-lo é simplesmente dever.
Auxiliemo-lo, assim, a vencer na jornada sombria, seguindo os passos d’Aquele que nos declarou há quase vinte séculos: “Eu sou a luz do mundo- quem me segue não anda em trevas.”
Tentações
Emmanuel
O êxito dos falsos profetas, em nossa vida, surge na proporção de falsidade que ainda abrigamos em nosso próprio espírito.
O ouro tenta o homem mas não move o interesse do corvo. Os detritos atraem o corvo mas apenas provocam a repugnância do homem.
Somos tentados invariavelmente de acordo com a nossa própria natureza.
A perturbação não lançaria raízes no solo de nossa alma, se aí não encontrasse terreno adequado.
Não nos libertaremos, assim, das forças enganadoras que nos cercam, sem a nossa própria libertação dos interesses inferiores.
O ouvido que oferece asilo à calúnia, é cultor da maledicência.
A boca que se detém na resposta ao insulto, naturalmente estima a produção verbal de crueldade e sarcasmo.
Quem muito se especializa na contemplação do charco, traz o pântano dentro de si.
Quem se consagra sistematicamente à fuga do próprio dever, aceita a comunhão com criaturas indisciplinadas como se convivesse com mártires e heróis.
Quem apenas possui visão para a crítica, encontra prazer com os censores inveterados e com os incuráveis pessimistas que somente identificam a treva ao redor dos próprios passos.
Tenhamos cautela em nós mesmos, a fim de que a nossa defensiva contra a mentira e contra a ilusão funcione, eficiente.
Não seríamos procurados pelos adversários da Luz se não cultivássemos a sombra.
Jamais ouviríamos o apelo às nossas vaidades se não vivêssemos reclamando o envenenado licor da lisonja ao nosso próprio “eu” enfermiço.
Procuremos as situações e os acontecimentos, as criaturas e as cousas pelo bem que possam produzir, nunca pelo estímulo ao nosso personalismo desregrado, e os problemas da tentação degradante estarão resolvidos em nossa marcha.
“A árvore é conhecida pelos frutos” ensina o Senhor, e seremos queridos e admirados pelos espíritos que nos rodeiam através de nossos próprios pensamentos e através de nossas próprias obras.
Sejamos fiéis ao Senhor, na prática do amor puro, em qualquer confissão religiosa a que nos afeiçoemos e as forças infiéis à verdade não encontrarão base em nossa vida, de vez que a Vontade Divina, e não o nosso capricho, será então a luz santificadora de nosso próprios corações.
Trilogia da Vida
Cornélio Pires
A criatura com fome
Coloca o estomago em luta...
O consolo fala, fala,
Mas o ventre não escuta.
Um rico e grande avarento
Guardou fortunas luzentes,
Deixando enorme banquete
Para a gula dos parentes.
Caridade praticada
De todos os bens que investe,
Tem os juros da alegria
No câmbio do Lar Celeste.
Tristezas
Emmanuel
Uma tristeza existe com legitimidade inconteste, aquela que decorre do arrependimento por faltas cometidas, essa, porém, que não deve perdurar em nós senão pelo estreito tempo necessário ao auto-exame, análogo àquele de que se utiliza um estabelecimento de crédito quando cerra temporariamente as portas para balanço. Mesmo aí, é imprescindível soerguer a coragem, confiar e trabalhar, acumulando valores novos para a conquista de perene alegria.
Indiscutivelmente, a existência na Terra assemelha-se ao aprendizado na escola e ninguém se lembrará, em sã consciência, de transformar um educandário em estância de embriaguez.
À frente de semelhante verdade, urge observar igualmente que um instituto de ensino não é precipício aberto às farpas do desespero.
Daí o imperativo de buscarmos a essência do otimismo que transparece das mais difíceis situações.
Estamos, sim, por agora, no quadro das consciências endividadas, com a obrigação de sofrer para resgatar no presente os erros do passado, mas somos criaturas do Criador dispondo de infinitos recursos para melhoria e sublimação do porvir.
Padecemos enfermidades, consoante as desarmonias que nos desajustam o espírito, no entanto, sabemos hoje que doença é o processo com que a vida recupera a saúde.
Lamentamos a distancia que nos separa das entidades angélicas, todavia, na atualidade, já nos acomodamos com a prece, rogando ao Senhor nos apóie contra as nossas próprias fraquezas, para que não desçamos à condição de malfeitores indiferentes.
Toleramos duros embates no atrito natural uns com os outros, seja para vencer as diferenças de nível evolutivo ou para acertar contas herdadas de outras reencarnações, contudo, basta-nos o exercício da fraternidade real com base nos bons exemplos para liquidar débitos e sanar desequilíbrios que nos ensombram os corações.
Decididos a arrostar com os encargos que esposamos ante o Cristo, em solicitando acesso às Esferas Superiores, seguimos realização afora defrontados por empecilhos de toda espécie, entretanto, ser-nos-á razão de profundo consolo reconhecer que não comparecemos, um dia, perante o Mestre, sem as marcas da cruz, que Ele nos ensinou e recomendou carregar se quiséssemos demandar-Lhe o convívio.
Tristeza não se harmoniza com quem serve no bem comum, porque o bem de todos pode ser comparado à luz do Sol que renasce diariamente das trevas da noite, a fim de estimular e construir o Mundo Melhor, através do esforço persistente de cada dia.