Compaixão
Chico Xavier
Emmanuel
Compaixão
I
Compadece-te da terra.
Ela produz o pão que te sustenta.
Não lhe poluas a grandeza,
Nem a deixes maltratada.
II
Compadece-te da mata.
Não lhe ateies fogo inútil.
Ela é a fábrica generosa
Do oxigênio que respiras.
III
Compadece-te da árvore
Ela te alimenta com seus frutos
Dos quais não se serve
E nunca se aproveita.
IV
Compadece-te da fonte
Não lhe atires pedra ou lama.
Ela te extingue a sede
Sem nada pedir em troca.
V
Compadece-te da erva.
Não lhe pises a vida.
Provavelmente amanhã
Dela virá o remédio que te cure.
VI
Compadece-te dos animais
Eles te auxiliam a viver.
A abelha faz o mel.
A vaca oferta o leite.
VII
Compadece-te da lavoura
Que te enriquece de grãos.
Ela se arregimenta
A fim de servir-te.
VIII
Compadece-te da estrada.
Não lhe cries obstáculos
Como sejam pedras ou espinhos.
Ela é companheira do trânsito que precisas.
IX
Compadece-te da própria família,
Ainda mesmo que encontres junto aos entes amados
Aqueles que não se afinam contigo.
A família é o grupo em que nascestes para auxiliar a ser auxiliado.
X
Compadece-te de tua habitação
Não a estragues.
Seja de mármore ou de taipa
É o recanto que Deus te concedeu para morar.
XI
Compadece-te da lâmpada
Na estrutura de bojo para a luz elétrica,
Na condição de tocha, lamparina, lampião ou vela
É recurso que te livra da escuridão.
XII
Compadece-te de teu corpo.
Não faças dele instrumento para qualquer abuso.
Ele é o engenho aperfeiçoado que te serve
Ao próprio Espírito para que te aprimores.
XIII
Compadece-te do jardim.
Não lhe tolhas as flores sem necessidade.
Elas te embelezam a casa
E te perfumam o ambiente.
XIV
Compadece-te do teu vizinho
Talvez não te seja amigo íntimo,
No entanto, conforme a necessidade
Agirá junto de ti, qual se te fosse um parente próximo.
XV
Compadece-te de teu pai.
Se souberes amá-lo.
Ser-te-á na Terra o melhor amigo.
Ama-o sempre. Ele te deu o corpo.
XVI
Compadece-te de tua mãe.
Ainda que ela não possa ser como desejarias,
Ei-la na condição de valente heroína
Pelas dificuldades e obstáculos que venceu para trazer-te à luz!
XVII
Compadece-te de teu filho.
Hoje ele é teu enlevo e tua esperança,
Amanhã será o fruto de teus ensinos
E o retrato de teus exemplos.
XVIII
Compadece-te de tua filha.
Por traumas de passadas existências
É possível que ela te dê problema e preocupação.
Abençoa-lhe a presença.
Ela vem de Deus.
XIX
Compadece-te dos jovens.
Muitos deles, por inexperiência ou ingenuidade, poderão entrar
Em perigosos enganos, reclamando-te paciência e tolerância.
De qualquer modo, recorda que a vida cuidará deles.
XX
Compadece-te de teus irmãos.
Perante a Divina Providência, todos somos irmãos.
Entretanto, temos aqueles da consangüinidade.
Justo sabermos viver em paz uns com os outros.
Se alguns deles, porém, fugirem à lealdade fraternal,
desculpa-lhes a fraqueza e entrega-os a Deus.
XXI
Compadece-te da criança.
Seja ela dessa ou daquela procedência,
Dá-lhe bondade, instrução e conforto.
No futuro, ele será o que lhe deres.
XXII
Compadece-te do amigo.
Guarda profunda estima por aqueles que te conquistou a amizade.
Em certo momento ele falhou para contigo;
Perdoa e esquece. Estamos muito longe da perfeição.
XXIII
Compadece-te do doente.
Provavelmente estará ele impaciente e nervoso.
Auxilia-o com entendimento e compreensão.
Não sabes se amanhã serás o enfermo com necessidades semelhantes.
XXIV
Compadece-te do estrangeiro.
Ele estará chegando de terras remotas,
Não sabe falar em teu idioma, nem te conhece os costumes.
Lembra-te, porém, que, diante de Deus, todos somos irmãos.
XXV
Compadece-te dos idosos.
Auxilia aos idosos, sejam teus parentes ou não.
Eles fizeram longa jornada no tempo
A fim de fazerem as experiências
Das quais te aproveitas.
XXVI
Compadece-te do chefe
Quem te mantém o trabalho para que não falte o pão de cada dia.
Espera a tua lealdade e o teu respeito.
Ainda mesmo quando errado merece a tua estima e consideração.
XXVII
Compadece-te do empregado.
Não lhe sobrecarregues com cargas e encargos superiores às suas forças.
Trata-o com atenção e dá-lhe instruções com bondade.
Ele te pede trabalho sem escravidão.
XXVIII
Compadece-te dos errados.
Guarda a certeza de que Deus te permite errar
A fim de que reconheças a tua fraqueza e imperfeição.
Nem todos os errados possuem consciência do que fazem.
Lembra-te dos momentos em que te desequilibras sem querer.
XXIX
Compadece-te dos bons.
Auxilia-os para que prossigam fiéis a eles mesmos.
Na comunidade humana não existem criaturas infalíveis.
Somente Jesus Cristo e alguns raros heróis da fé viveram sem cair.
XXX
Compadece-te dos maus.
Na Terra não existem os totalmente bons, nem os totalmente maus.
Os maus são vítimas de delírios, cuja origem eles próprios desconhecem.
Ante as faltas de qualquer delinqüente, seja ele quem for, compadece-te.