INSTRUMENTOS DO TEMPO
Chico Xavier
EMMANUEL
UNIVERSO ESPÍRITA www.universoespirita.org.br
Lembra-te de que a Força divina
sabe ver nas profundezas e,
com o arado do tempo, tudo corrige, reajusta e eleva,
sem necessidade da nossa apreciação individual.
CAPÍTULO I
A ÁRVORE ÚTIL
Emmanuel
Vão e voltam viajores. Sucedem-se os dias ininterruptos.
A árvore útil permanece, à margem do caminho, atendendo, generosamente, aos que passam.
Mergulhando as raízes na terra, protege a fonte próxima, alentando os seres inferiores, que se arrastam no solo. Recolhendo o orvalho celeste, na fronde alta, atende aos pássaros felizes que cortam os céus.
Costuma descansar em seus braços a serpente venenosa. Na folhagem, as aves pacíficas tecem o ninho. A andorinha errante e exausta ganha força nova em seus galhos, enquanto o filhote mirrado ensaia o primeiro vôo.
O viadante repousa à sua sombra.
O botânico submete-a a estudos demorados e experiências laboriosas.
A agricultura apossa-se-lhe das sementes.
Pede o doente a substância medicamentosa. O faminto exige-lhe frutos.
Os jovens arrebatam-lhe as flores.
O podador reclama-lhe o fogo de inverno.
Não raro, seus ramos são conduzidos às câmaras mortuárias, onde chovem as lágrimas de dor ou aos adornos de praças festivas, onde vibram gargalhadas de ironia da multidão.
Em seu tronco respeitável, muitos servos do campo experimentam o gume afiado da foice ao deixar o rebolo.
Na ausência do homem, os animais grosseiros buscam-lhe os benefícios. A lesma percorre-lhe os galhos, o lobo goza-lhe o refúgio.
Seu trabalho, porém, não se circunscreve ao plano visível. Movimentando todas as suas possibilidades, o vegetal precioso esforça-se e respira, para que as criaturas respirem melhor, em atmosfera mais pura.
O mordomo da terra, no entanto, quase nunca vê o serviço integral, não lhe conhece os sacrifícios silenciosos e jamais relaciona a totalidade das dádivas recebidas.
Raramente, dá-lhes um punhado de adubo e nunca se informa, respeito à invasão dos vermes para defendê-la, convenientemente.
Conhecendo-lhe apenas o machado destruidor, se a colheita dos benefícios tangíveis oferece expressão menos abundante.
A árvore generosa, porém, continua produzindo e alimentando, servindo e espalhando o bem, nada esperando dos homens, mas confiando na garantia eterna de Deus.
Médiuns dedicados a Jesus, fixai a árvore útil como símbolo de vossas vidas!... Dilacerados e perseguidos, incompreendidos e humilhados, alimentando vermes e pássaros, auxiliando viajores felizes e infelizes, continuai em vosso ministério sublime de amor não obstante a indiferença do ingrato e o escárnio da foice, convencidos de que enquanto o machado do mundo vos ameaça, sustenta-vos na batalha do bem, o invisível manancial da Providência Divina.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.
CAPÍTULO II
ABENÇOEMOS SEMPRE
Emmanuel
Nunca estimular o mal onde o mal apareça, mas reconhecer que não adianta condenar-lhe as vítimas a pretexto de corrigi-las.
Enumeremos algumas razões em apoio da afirmativa:
Somos espíritos eternos atuando na sustentação do Universo e respondendo invariavelmente pelos próprios atos, em função do próprio aperfeiçoamento;
A condenação não trará o mínimo proveito à pessoa em desequilíbrio cujos conflitos e necessidades da vida íntima claramente desconhecemos;
Se um companheiro surge vinculado à delinqüência, a pancada verbal logrará unicamente aprofundar-lhe as chagas mentais da culpa;
Desejam-se auxiliar alguém confessadamente em erro, apontar esse alguém ao escárnio ou à censura dos outros, será tão-somente agravar-lhe as dificuldades e humilhações;
Maldizer é afastar e destruir, ao invés de unir e melhorar, acabando semelhante atitude por transformar-se no método infeliz de gerar obstáculos e deteriorar relações.
Com estes enunciados, não aspiramos a dizer que se deve aprovar tudo ou tudo aceitar, quando observamos o engano tentando sobrepor-se à realidade. Importante, porém, considerar que, entre nós, os espíritos em evolução na coletividade terrestre, não encontramos ainda aqueles que se fizeram absolutos no bem, tanto quanto não surpreendemos aqueles outros que hajam descido ao absoluto no mal.
Não existem criaturas nas quais não consigamos identificar o lado nobre, o ângulo mais claro, o tópico da esperança ou a boa parte.
Em todas as formações do mal, valorizemos os germes do bem e prestigiemos os restos do bem onde estiverem, abençoando sempre todas as criaturas, a fim de que possamos ganhar a paz na guerra dos problemas de cada dia, de vez que condenar será sempre o melhor processo de perder.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.
CAPÍTULO III
AFLIÇÕES
Emmanuel
Os aflitos classificam-se em variadas expressões.
Temos aqueles que choram por se sentirem inibidos para a extensão do mal...
Há quem se torture por não conseguir vingar-se.
Existem os que se declaram infelizes com a prosperidade do próximo e se enfurecem com a impossibilidade de lhes ultrapassar o progresso econômico ou espiritual
Aparecem aqueles que se afirmam desditosos por não poderem competir com o luxo de quem se confia à extravagância e à loucura.
Surgem muitos em lágrimas de inveja e despeito, à frente dos vizinhos, interessados na educação e na melhoria da vida.
Há quem se revolte contra as bênçãos do trabalho e vocifera em desfavor da ordem que lhe assegura as vantagens da disciplina.
Muitos exibem chagas de inconformação, ante o sofrimento que eles próprios improvisaram.
Há infinitos gêneros de aflição no vasto caminho da vida.
E, por isso, nem todos os aflitos podem ser aquinhoados com a glória da bem-aventurança.
A palavra do Cristo se dirige àqueles que fizeram da dor um instrumento para a elevação de si mesmos, assim como o artista se vale da pedra, a fim de burilar a obra prima de estatuária.
Acautela-te, se conservas alguma aflição particular.
A angústia, muitas vezes, pode ser antecâmara do desequilíbrio.
Converte o teu problema ou a tua mágoa em motivo de superação das próprias fraquezas, à maneira do lidador que aproveita o obstáculo para atingir os seus mais altos objetivos, e então terás convertido as inquietações do mundo em bem-aventuranças para a felicidade sem fim.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO IV
AJUDA-TE
Emmanuel
Rogando amparo ao Senhor, não olvides a prestação de amparo a ti mesmo.
Deus confere ao lavrador a luz do sol, a bênção da chuva e o fator do vento, mas não lhe dispensa o próprio suor, no trato da sementeira, para que a colheita lhe surja às mãos por recurso divino.
Concede ao artista o mármore bruto, o buril e a inspiração generosa; entretanto, não o exonera do próprio labor na consecução da obra prima.
Pedirás o concurso do Céu em teu benefício; entretanto, de que valeria a bênção do Alto, se te consagras, deliberadamente, ao menosprezo da própria vida?
O médico mais competente nada conseguirá na assistência ao enfermo que não deseja curar-se e o professor mais exímio nada alcançara do aluno que foge sistematicamente à lição.
Não basta rogar alguém auxílio para que se veja auxiliado com segurança.
É imprescindível o senso de responsabilidade de viver para que as vantagens da existência nos engrandeçam o espírito.
A oração será sempre o desejo expresso, exigindo esforço próprio, a fim de concretizar-se.
Lembremo-nos de que um edifício não se ergue do solo tão-somente pela beleza e pelo merecimento da planta.
A prece que nos exterioriza o anseio de progresso e de luz é o projeto louvável de nossa melhor esperança, mas se em verdade pretendemos chegar ao progresso e à luz, que anelamos ardentemente, é preciso nos disponhamos a lutar e sofrer, trabalhar e servir na construção de nosso ideal.
Ajudemo-nos cada dia para que o Céu nos ajude com o devido proveito, de vez que o Céu ajuda sempre mas nem sempre sabemos aquilo que procuramos para fixar em nosso caminho a incessante ajuda celestial.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.
CAPÍTULO V
ALGEMAS
Emmanuel
Indiscutivelmente, em todas as paisagens da Terra, observamos fardos e prisões que atormentam a vida...
Algemas de ódio, cristalizando a treva em torno das almas...
Algemas de egoísmo, enregelando corações...
Algemas de vingança, estabelecendo perturbações e discórdia...
Algemas do azedume, provocando amargura e enfermidade...
Algemas da ignorância, gerando chagas de penúria...
Na vida social, permanece a criatura encadeada a deveres que lhe martirizam a existência, tanto quanto no lar, antigos companheiros que ontem se acumpliciavam na crueldade, hoje se prendem uns aos outros em tremendos conflitos expiatórios...
Cada espírito renasce no berço com as algemas que forjou para si mesmo no passado próximo ou remoto, a fim de realizar a caminhada regeneradora através de lutas e problemas edificantes até o túmulo, para que o túmulo seja preciosa emancipação.
Recorda o Cristo, o grande libertador, e apresenta-lhe, cada dia, com o suor do próprio trabalho, os grilhões que porventura te releguem à inibição. E, seguindo-lhe os passos na senda de amor que serve e perdoa sempre, compreenderás que, se a Terra em muitos casos ainda é a penitenciária do sofrimento, podes romper os cárceres que te guardam na sombra, deles fazendo a escola do reajuste e a escada da ascensão desde hoje.
(Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier. Do livro “Instrumentos do Tempo”).
CAPÍTULO VI
AMA E SERVE
Emmanuel
A grandeza do amor repousa invariavelmente na conjugação do verbo servir.
Sem atividade incessante no bem, não conseguiremos derramar os valores do coração.
A própria natureza é um livro aberto nesse sentido.
Tudo, em torno de nós, é um cântico de trabalho em doações da Eterna Bondade que se evidencia no mundo, de mil modos diferentes em cada instante de nossa vida...
Por amar, em nome do Pai Misericordioso,
serve o sol, sustentando todas as criaturas;
serve o chão, nutrindo a sementeira;
serve a nuvem, criando a chuva benéfica;
serve o vento, a serviço de abençoadas fecundações;
serve a árvore, para que o bem-estar do homem
se consolide;
serve a flor, preparando a colheita;
serve a fonte, socorrendo a terra necessitada;
serve a pedra, garantindo a segurança do lar;
serve o pássaro, cooperando com o lavrador;
serve o mar, serve o rio, serve o adubo, serve o fogo...
Forças de Deus amparando a Humanidade ajudam em silêncio, sem retribuição e sem queixa...
Tudo porque o Divino Amor é devotamento, carinho, providência, abnegação...
Se desejas partilhar o concerto das bênçãos divinas, ama e serve, sem cogitar de ser amado e sem a expectação de ver-se servido...
Quem ama realmente nada pede, nada reclama, nada exige e nada procura senão a alegria do objeto amado, para que o amor se estenda, a multiplicar-se, soberano e sem fim.
Enquanto esperas o manto ilusório das considerações humanas, teu amor sofre a vizinhança da vaidade.
Enquanto aguardas a compreensão dos outros, o teu amor experimenta a inquietante aproximação do egoísmo...
Ama simplesmente.
Ajuda sem paga.
Dá sem reclamação.
Auxilia sem exigência.
E, servindo cada vez mais, serás um dia surpreendido, em pleno campo de trabalho, pelo Divino Servidor que te converterá com a sua luz em nova luz para a Terra e para os Céus.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO VII
ANTE A VIDA
Emmanuel
Não há lugar em que nos vejamos sem algum benefício a prestar ou alguma coisa a fazer.
Seja qual for a circunstância da estrada, aí encontramos a ocasião precisa para realizar o melhor.
Por isso mesmo, o tempo é o prodigioso indicador, descerrando-nos situações inesperadas ao dom de compreender e de auxiliar.
Ainda mesmo nas trilhas mais obscuras da prova ou da aflição, somos defrontados por ensejos valiosos e renovação e progresso.
Se te vês, diante de rotinas deterioradas, conquanto a rotina seja abençoada escola de formação espiritual, é necessário reflitas nas possibilidades novas que se te descortinam à existência.
Se obstáculos te surgem, amontoados na senda reconsidera as próprias atitudes e observa que haverá chegado o instante para mais algo aproveitamento de teus recursos, nos domínios da expressão de ti mesmo, ante a seara do mundo.
Imagina o que seria a experiência na Terra sem a lei da mudança.
Se a semente não fosse atirada à solidão, no seio da gleba, e se as árvores não renunciassem à posse dos próprios frutos, impossível seria acalentar a vida planetária. Se a infância não marchasse para a juventude e se a juventude não se dirigisse para a madureza, a evolução humana resultaria impraticável.
Quando te reconheças à bica do desespero ou do desânimo, ergue-te sobre os motivos de tristeza ou desalento e contempla os quadros da natureza em torno. Novos minutos se despencam do coração das horas em teu benefício, dezenas e centenas de criaturas aparecem por todos os flancos, a te endereçarem sorrisos de esperança, tarefas múltiplas te pedem devotamento e os dias sempre renovados te apontam o Céu, de horizonte a horizonte, como sendo imensa porta libertadora, a Sabedoria do Senhor te convida sem palavras a recomeçar e progredir, trabalhar e viver.
Extraída do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido
CAPÍTULO VIII
ANTE A VIDA ESPIRITUAL
Emmanuel
Descerrando o portal luminoso da Vida Mais Alta, os Espíritos Sábios e Generosos não entrariam em comunicação com o homem para induzi-lo à ociosidade ou à inconseqüência.
É indispensável te lembres disso para que a Doutrina do Amor não seja em tuas mãos chave à má fé ou brinquedo de que te arrependerás fatalmente amanhã.
Decerto, os instrutores desencarnados estender-te-ão braços amigos nas dificuldades e lutas, mas não te furtarão aos obstáculos, de vez que os óbices da senda são lições estimulantes e valiosas; auxiliar-te-ão ao socorro do corpo doente ou exausto, mas, acima de tudo, ensinar-te-ão a conservar a própria saúde para que não menosprezes o veículo que te acolhe, na Terra, por templo de redenção e trabalho; amparar-te-ão o espírito atormentado nas provas justas; contudo, não te subtrairão a cruz regeneradora, porque, antes do elixir da consolação, necessitas de ombros fortes para o desempenho dos deveres que o mundo te conferiu.
Recebe no intercâmbio espiritual a visita dos amigos que te ajudam, conscientes e respeitáveis, benevolentes e dignos, não como agentes na execução de teus desejos inferiores, mas sim como mensageiros veneráveis da Luz Divina, consagrados à formação de tua verdadeira felicidade.
Recorda que chegam ao teu círculo, acordando-te novas noções de responsabilidade e justiça e guiando-te para a Vida Superior...
E honrando-lhes a companhia com o devotamento à verdade e com a dedicação incessante ao bem, estarás preparando abençoado e precioso caminho ao próprio futuro, de vez que serás igualmente o desencarnado de amanhã, reclamando atenção e respeito, entendimento e carinho para a missão que te cabe realizar, nas tarefas que te cabem atender.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.
CAPÍTULO IX
ANTE O REINO DOS CÉUS
Emmanuel
Indubitavelmente, a palavra do Mestre, no comentário sobre a dificuldade dos ricos ante o Reino dos Céus, exprime incontestável realidade, porquanto a posse exagerada de bens terrestres é quase sempre a crucificação da alma em pesados madeiros de ouro.
Enquanto a pobreza de recursos materiais vive independente para a amizade e para a fé, para a confiança e para a compreensão, os detentores da fortuna amoedada vivem quase sempre prisioneiros da suspeita e da desilusão, nos tormentos da defensiva...
Mas, existem outros ricos do mundo com infinitos obstáculos no acesso ao paraíso da alegria e da paz.
Vejamos, por exemplo:
os ricos de exigências;
os ricos da cólera a se desvairarem nos conflitos das trevas;
os ricos de melindres pessoais que nunca conseguem elementos de tolerância, necessários à superação das próprias fraquezas;
os ricos da mentira que tecem a rede de sombras em que enleiam a própria alma;
os ricos de tristeza e desânimo, recolhidos à inutilidade em que se acolhem;
os ricos de reclamações e de queixas que atravessam o mundo, entre a insatisfação e a ociosidade;
os ricos de ignorância que se agarram à penúria de espírito;
os ricos de letras e artes que se encarceram em torres de marfim, para o culto ao próprio egoísmo;
os ricos de saúde e de possibilidades que imobilizam o coração na caixa do peito, aguardando que o dinheiro fácil lhes venha ao encontro, para o exercício da caridade;
os ricos de ódio;
os ricos de usura;
os ricos de medo da verdade e do bem;
e os ricos numerosos da vaidade que se trancafiam nas masmorras do próprio “eu”, exigindo que o Céu se converta em propriedade exclusiva dos seus caprichos individuais.
Enriqueçamo-nos de amor e sirvamos sempre.
O dinheiro pode ajudar muitíssimo, mas, só o coração aberto ao esplendor solar do bem pode amparar, libertar, erguer, salvar e aperfeiçoar para sempre.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO X
ANTE OS ADVERSÁRIOS
Emmanuel
Interpretemos nossos adversários por irmãos, quando não nos seja possível recebê-los por instrutores.
Quando o Senhor nos aconselhou a paz com os inimigos do nosso modo de ser, recomendou-nos certamente o olvido de todo o mal.
Às vezes, fustigando aqueles que nos ofendem, a pretexto de servirmos à verdade, quase sempre faltamos ao nosso dever de amor.
Nem todos podem enxergar a vida por nossos olhos ou aceitar o mapa da jornada terrestre, através da cartilha dos nossos pontos de vista.
E, não raro, em zurzindo os outros com o látego de nossa crítica ou intoxicando-os com o vinagre de nosso azedume, procederemos à maneira do lavrador que enlouquecesse, de improviso, espalhando cáusticos destruidores sobre a plantação nascente, necessitada de auxílio pela fragilidade natural.
Claro que o amor fraterno encontra mil modos diversos para fazer-se sentir, no reajuste das situações difíceis no caminho da vida e é justamente para a verdadeira solidariedade que devemos apelar em qualquer circunstância obscura do roteiro comum.
Se não apagamos o incêndio, atirando-lhe combustível, e se não podemos sanar feridas, alargando-lhes as bordas, a golpes de força, também não entraremos em harmonia com os nossos adversários por intermédio da violência.
Usemos o amor que o Mestre nos legou, se desejamos a paz na Vida Maior.
Compreendamos aos que nos ofendem.
Oremos pelos que nos perseguem ou caluniam.
Amparemos os que nos perturbam.
Sejamos o apoio dos companheiros mais fracos.
E o Divino Senhor da Vinha do Mundo, que nos aconselhou o livre crescimento do joio e do trigo, no campo da Terra, em momento oportuno, se fará revelar, amparando-nos e selecionando os nossos sentimentos, através do seu justo julgamento.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XI
APARÊNCIAS
Emmanuel
Não te percas na contemplação excessiva do plano exterior, aniquilando a gloriosa oportunidade de tua própria ascensão à Luz Divina.
Aquele que passa na estrada, exibindo pesada bagagem de ouro, provavelmente transporta um coração atormentado e infeliz.
Muitas vezes, quem estende os braços, implorando a esmola fácil, traz consigo a revolta e a dureza íntima, sob o farrapo humilhante.
Não raro, o jovem que provoca a inveja de muitos se dirige para destino doloroso, fazendo-se credor de nossa simpatia em preces de intercessão.
Freqüentemente, aquele que te parece feliz, no círculo da prosperidade transitória, é um irmão desventurado, entre aflições morais que lhe constringem o Espírito.
Não julgues o rico por impiedoso, nem o pobre por humilde.
Não suponhas a Felicidade na beleza efêmera do corpo, nem admitas a virtude incorruptível onde se encontre a felicidade passageira.
Às vezes, a santificação permanece com aquele que se afigura pecador e a maldade se resguarda no imo de quem se oculta na máscara da pobreza e da angústia, no jogo das aparências.
Lembra-te de que a Força Divina sabe ver nas profundezas e, com o arado do tempo, tudo corrige, reajusta e eleva, sem necessidade de nossa apreciação individual.
Aproveitemos o campo da boa luta para a sementeira do bem, porque não responderemos pelos outros e sim por nós mesmos, quando a ordem superior da vida nos conduzir a exame necessário.
Não te prendas à sombra e, consciente de que receberemos, segundo as nossas próprias obras, procuremos, cada dia, a glória de servir, a fim de encontrarmos na imortalidade, fora das ilusões da carne, a Felicidade verdadeira e maior.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XII
APLIQUEMOS
Emmanuel
Não nos conformemos à pura condição de ouvintes, diante das verdades eternas.
Como classificar o aluno que estuda indefinidamente sem jamais aprender, ou o homem que desaprova sem experimentar?
Recordemos que tudo na vida é causa e efeito, ação e retribuição.
Quem descobre algo de importante para o bem, realmente, não foge a demonstrações.
Quem planta com segurança colhe o seu tempo.
Quem examina com atenção adquire conhecimento.
Quem analisa, com imparcialidade, alcança a luz da justiça.
Quem estima indicações valiosas, procura segui-las.
Quem ama auxilia sempre, agindo em favor da pessoa amada.
No círculo das idéias superiores, a lei não difere.
Se buscamos o “mais alto”, não desdenhemos subir.
Se pretendemos a sublimação, não nos cabe olvidar a disciplina.
Se desejamos o equilíbrio ou a reestruturação, é necessário fugir à desarmonia.
Se tentamos o convívio com as claridades da montanha, não podemos mergulhar o coração nas sombras do vale.
Se aspiramos à ressurreição, não menosprezaremos o ato de renovar.
Se sonhamos com a Esfera Maior, na largueza de projeto e ideais, é imprescindível voar do campo restrito do “eu” ao fulgor da vida universal.
As comparações simples lembra-nos as obrigações complexas, ante as leis que nos regem.
Sejamos dedicados ouvintes, procurando a posição dos bons executores das lições recolhidas, e cedo alcançaremos o prêmio do amor e da sabedoria que representam as duas faces da alegria eterna.
(De “Instrumentos do Tempo”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)
CAPÍTULO XIII
APRENDAMOS OBEDECER
Emmanuel
Recorda que a obediência é o alicerce da ordem, nos mais recuados círculos da natureza, e aprendamos a obedecer, se realmente nos propomos concretizar o ideal superior que abraçamos.
Obedece a árvore ao decreto divino que lhe prende a raiz ao solo e converte-se em gênio protetor, no caminho das criaturas.
Obedece a fonte à determinação de mover-se colada ao solo e transforma-se em corrente de forças fecundantes que favorecem no campo o perfume da flor e a alegria do pão.
Tudo o que representa utilidade à mesa da civilização encontra na obediência a sua razão de ser.
O animal obedece e domestica-se.
A semente obedece e produz.
Não olvides, que no Cristianismo é preciso confiar o coração ao Divino Artífice que é Jesus, para que a nossa existência lhe receba a santificante vontade.
Não vale procurar o Evangelho para dissipar-lhe os tesouros em manifestações palavrosas.
Sem dúvida, ensinar é capítulo importante do nosso trabalho, que não podemos e nem devemos olvidar.
Imperioso, porém, reconhecer que somente ensinaremos com segurança aprendendo, por nossa vez, na escola da disciplina, à frente do Cristo, submetendo nossa posição inferior ao sopro criativo de sua bondade e sabedoria.
Obedecendo a Jesus e conformando-nos à Verdade que Ele personaliza em seu exemplo de amor e luz, converter-nos-emos de beneficiários em aprendizes e de aprendizes em servidores fiéis da sua Doutrina de Redenção no curso do tempo incessante.
Aprendamos a viver sob o jugo do Senhor, dentro da nossa liberdade de escolher o próprio caminho, de vez que somente pelo cativeiro voluntário aos nossos deveres é que caminharemos para a nossa definitiva emancipação.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XIV
APRENDAMOS SERVINDO
Emmanuel
Onde estiveres, faze claridade em ti mesmo, para que a treva desça de nível.
Só a luz desintegrará na Terra as cristalizações da sombra, em que a ignorância e a penúria tecem ninho à inquietação e ao sofrimento.
Não te encarceres, porém, na feição unilateral do grande problema.
Educação, em boa síntese, é luz que circula vitoriosa do sentimento ao raciocínio, sustentando o equilíbrio entre o cérebro e o coração.
A ciência constrói a medicina.
A compreensão humana faz o médico.
As letras erguem o magistério.
A consagração ao ensino gera o professor.
A técnica estende os patrimônios da indústria.
O devotamento ao trabalho levanta os missionários do progresso.
A teologia plasma a religião.
As virtudes da fé realmente vividas erigem o pastor.
A universidade lavra diplomas.
A escola do exemplo, nos testemunhos de elevação dentro da luta cotidiana, forma os verdadeiros servidores do mundo.
Não prescindimos da instrução.
Mas não honraremos o pensamento claro e nobre sem o acrisolamento espiritual.
A idéia esclarece.
O sentimento cria.
A palavra edifica.
O exemplo arrasta.
É por isso que Jesus, exalando a sabedoria, não olvidou a prática do amor.
Aprendamos servindo.
Essa é a única fórmula capaz de reunir-nos ao Mestre que procuramos.
Muitos possuem ouro e prata...
Muitos detêm a cultura...
Muitos guardam a bondade...
Muitos dispõem do poder...
Mas se não sabem acender a luz em si próprios, riqueza e inteligência, afetividade e dominação, não lhes servem, por vezes, senão por vasto pedregulho no campo da experiência.
Entesoura no cérebro a ciência que te ilumine, mas inflama de amor o coração que te pulsa no peito, porque somente assim farás da própria vida a estrela de serviço e de fé, guiando-te a alma em triunfo para além das sombras que enxameiam nos vales da provação e da morte.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XV
APROVEITA
Emmanuel
O Divino Mestre, através de instrutores numerosos, fornece lições teóricas nos templos das variadas confissões religiosas, mas possibilita ensinamentos práticos, cada dia, para o engrandecimento da alma, na esfera da luta comum.
Cada circunstância da vida é recurso para o crescimento espiritual e cada criatura é página aberta ao exercício cotidiano.
O espírito mais elevado é oportunidade valiosa ao nosso curso de aprimoramento e sublimação.
Entretanto, reconhecendo-se que a passagem do sábio ou do santo é sempre rara ao nosso lado, aproveitemos o trabalho e a convivência do caminho vulgar para as tarefas da educação recíproca.
O doente é a nossa oportunidade de valorizar saúde.
O companheiro exageradamente agressivo é o ensejo de revelarmos a bondade de que somos discípulos ainda incipientes.
O sofredor é um apelo ao progresso de nossas qualidades potenciais.
A aflição é porta aberta à nossa capacidade de auxílio.
A ignorância é o meio favorável à extensão da luz que já nos cerca.
A dificuldade alheia é uma sugestão de fraternidade e carinho.
Quando formos surpreendidos pela violência,é chegada à hora de exteriorizarmos serenidade e equilíbrio.
Se estamos defrontados pela malícia, atingimos o instante justo da benevolência e da compreensão.
Incomodados pelos espinhos ou pelas pedras da estrada, não nos esqueçamos de que sobre os obstáculos dessa natureza devemos cultivar as flores do amor e da consolação.
Cada dia é ocasião de aprender e cada criatura que se aproxima de nós é a feliz oportunidade do progresso íntimo para a imortalidade.
Aproveita o ensejo e adianta-te na senda.
Ensinamento mal recebido é ensinamento repetido.
O tempo é também o grande caminho da alma.
Jesus é o Mestre.
E cada minuto pode ser o luminoso instante de aproveitar a lauta para a construção da nossa felicidade eterna.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.
CAPÍTULO XVI
ATENDAMOS
Emmanuel
Quando o Mestre ensinou que não se pode servir simultaneamente a Deus e a Mamon, não desejava, por certo, dividir as criaturas em dois campos opostos, nos quais os ricos e os pobres, os bons e os menos bons, os justos e menos justos da Terra, se guerreassem constantemente.
Encontrando um doente, que nos propomos aliviar ou curar, efetuamos imediata separação entre enfermo e enfermidade, atacando a moléstia e protegendo-lhe a vítima.
Ninguém cogita de eliminar socorrendo ou de matar medicando.
Por isso mesmo, em nos sentindo defrontados pelo avarento, saibamos afastá-lo da usura, despertando-o para a caridade.
Se somos chamados a cooperar no levantamento de alguém que se entregou ao desequilíbrio, ajudemo-lo a soerguer-se com a verdadeira confiança em si mesmo, devidamente restaurada.
Se o Mestre nos pede o concurso amigo, ao lado de um irmão delinquente, busquemos extirpar-lhe as chagas do remorso, restabelecendo-lhe as oportunidades de refazer-se e servir.
Há quem se isole da luta, a pretexto de cultivar a sublimação.
Entretanto, é sempre fácil satisfazer aos imperativos da virtude, onde não há tentações, e não é difícil atender à caridade onde a fartura se revele excessivamente.
Colaboremos com o Senhor, em sua Obra Divina, acendendo luz na sombra e oferecendo bem ao mal, a fim de convertermos a animalidade primitiva em Humanidade real.
Nada existe na Criação de Deus sem a “boa parte”.
Esforcemo-nos por desenvolver os menores princípios de elevação, que nos felicitem o caminho, buscando nas almas, por mais aparentemente transviadas ou infelizes, a “parte melhor” de que são portadoras e, embora movimentando os nossos recursos entre os grandes expoentes do erro e da indisciplina, estaremos realmente a serviço do Senhor que nos confiou, com o aprendizado da Terra, a nossa bendita oportunidade de aperfeiçoamento e elevação.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XVII
ATRAVÉS DA REENCARNAÇÃO
Emmanuel
Fora melhor que não existissem na Terra pedintes e mendigos, na expectativa do agasalho e do pão.
Se é justo deplorar o atraso moral do Planeta que ainda acalenta privação e necessidade, examinemos a nós mesmos, quando nos inclinamos para a ambição desvairada, e verificaremos que a penúria, através da reencarnação, é o ensinamento que nos corrige os excessos.
Fora melhor não víssemos mutilados e enfermos, suplicando alívio e remédio.
Se é compreensível lastimar as condições da estância física, que ainda expõe semelhantes quadros de sofrimento, observemos o pesado lastro de animalidade que conservamos no próprio ser e reconheceremos que, sem as doenças do corpo, através da reencarnação, seria quase impossível aprimorar as faculdades da alma.
Fora melhor não enxergássemos crianças infelizes, suscitando angústia no lar ou piedade na via pública.
Se é natural comover-nos, diante de problemas assim dolorosos, meditemos nos ódios e aversões, conflitos e contendas, que tantas vezes carregamos para além do sepulcro, transformando-nos, depois da morte, em espíritos vingativos e obsessores. E agradeceremos às leis Divinas que nos fazem abatidos e pequeninos, através da reencarnação, entregando-nos ao amparo e ao arbítrio daqueles mesmos irmãos a quem ferimos em outras épocas, a fim de que nós, carecentes de tudo na infância, até mesmo da comiseração maternal que nos limpe e conserve o organismo indefeso, venhamos, por fim, a aprender que a Eterna Sabedoria nos ergueu para o amor imperecível na Vida Triunfante.
Terra bendita! Terra que tanta vez malsinamos nos dias de infortúnio ou nos momentos de ignorância, nós te agradecemos as dores e as aflições que nos ofereces, por espólio de nossos próprios erros, e rogamos a Deus que nos fortaleça os propósitos de reajuste e aperfeiçoamento, para que, um dia, possamos retribuir-te, de algum modo, os benefícios que nos tens prodigalizado, por milênios de milênios, através da reencarnação!...
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XVIII
AUXILIA ENQUANTO É HOJE
Emmanuel
Recorda que, um dia, demandarás também o país da morte.
Sentirás o frio do túmulo a envolver-te o raciocínio, até que a luz te bafeje o espírito renovado.
Nem por isso, deixarás de ouvir as palavras que a boca humana pronuncie em tua memória e, em plena transformação, receberás o impacto de todos os pensamentos formulados na Terra a teu respeito.
Então, suspirarás pela benevolência do próximo para que tuas boas intenções sejam tomadas em conta no julgamento de teus dias.
Sofrerás em teu coração a crítica e malevolência, a mágoa e a acusação com que te envolvam o nome, tanto quanto regozijar-te-ás com as vibrações de carinho e com as preces de amor endereçadas ao teu espírito.
Reflete nessa lição do amanhã inevitável fazendo-te, agora, mais humano e mais doce, em recordando os mortos que são mais vivos que tu mesmo, na imortalidade renascente.
Ainda mesmo no comentário em torno daqueles que se arrojaram às trevas, pensa nas boas obras que terão inutilmente desejado praticar durante a permanência no corpo e lembra-te das esperanças que teceram no mundo os primeiros sonhos.
Meditas nas lágrimas ocultas que choraram sem consolo, nas aflições e remorsos que lhes vergastaram a consciência, mas, não te confies à reprovação do ódio, destacando-lhes o lado obscuro e amargo da vida.
Procura enxergar o bem que os outros ainda não perceberam. Auxilia onde muitos desistiram do perdão, ampara onde tantos desertaram da caridade e estarás acendendo piedosa luz para teus próprios pés à maneira de lâmpada suave e amiga, com que te erguerás, desde hoje, muito acima da sombra espessa e triste da morte.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.
CAPÍTULO XIX
AUXILIEMOS
Emmanuel
Aprende a usar a benção de amor que Jesus depositou em teu coração, sob a forma de conhecimento superior, a fim de que a Bondade Celeste não esteja brilhando em vão contigo.
Recorda que o Divino Médico não veio ao mundo para salvar os sãos.
Assim sendo:
não lances o fel envenenado da crítica sobre as úlceras do teu irmão atribulado;
não arrojes combustível ao incêndio que lavra no templo doméstico do teu vizinho em provação;
não sondes com o espinho de tua curiosidade malevolente a chaga que intoxica o corpo doente do próximo, e nem projetes pó e cinza de malícia sobre os olhos enfermos dos semelhantes, a pretexto de convidá-los à defensiva...
Aprendamos, sobretudo, a ajudar...
A praça pública vive sempre repleta de juizes e observadores sem comiseração.
Em toda parte, sobram aqueles que se sentem dispostos a discutir, confundir, desconfiar e apedrejar...
É por isso que Jesus em nos enriquecendo a existência com a claridade dos seus inolvidáveis ensinamentos, conferiu-nos, acima de tudo, a tarefa do amor que ampara, compreende, auxilia e salva sem reclamar...
Em qualquer situação a que fores conduzido, em tua luta de cada dia, recorda que o Mestre nos aguarda, em todos os ângulos do trabalho, para que lhe interpretemos a bondade e a compaixão.
Usa a luz para diminuir as trevas.
Mobiliza o conhecimento elevado para atenuar a ignorância.
Gasta o sentimento, amolecendo as pedras espirituais do caminho.
Usa o silêncio da humildade e da fé viva para que o ruído ensurdecedor do mal não te requisite, igualmente, à perturbação.
O Mestre não nos chamou para vergastar as vítimas do sofrimento, mas sim para encorajá-las no rumo da própria redenção.
É por isso que Ele, o Supremo Orientador do Mundo, em se consagrando à Humanidade, preferiu a cruz do próprio sacrifício como a cátedra sublime dos Seus Ensinamentos para o nosso ingresso à ressurreição imperecível.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier
CAPÍTULO XX
BEM-AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS
Emmanuel
Cultivar a misericórdia não é alçar exclamações de piedade inativa para o Céu, lastimando os males do próximo com a boca e guardando os braços em repouso, diante do sofrimento alheio que nos convoca ao auxílio, à fraternidade e à cooperação.
Aprendamos a cultuar a misericórdia do silêncio, perante os erros do vizinho, ou da ação benfeitora, ajudando àqueles que nos desajudam, amparando aos que nos descompreendem e estendendo mãos amigas aos perturbados, aos tristes e aos indiferentes.
Defrontado pelo rico, sê misericordioso para com ele, a fim de que o ouro não lhe enregele o coração.
À frente do necessitado, sê igualmente misericordioso, a fim de que a carência de recursos materiais não lhe induza o espírito à revolta e à maldade.
Se usares a misericórdia para com o teu companheiro, no lar ou na tenda de trabalho, a serenidade será um bálsamo a fluir de teu verbo e a extravazar-se de tua alma, erguendo a paz que ilumina e socorre a todos.
Quantas vezes nos fazemos autores da indisciplina e da insubmissão, da secura e da aspereza, em torno dos próprios passos, por falta de misericórdia em nossas palavras e em nossos pensamentos? Plantemo-la em nosso caminho, trabalhando, construindo e colaborando incessantemente com o bem, na certeza de que a compaixão não é remédio para os dias cor-de-rosa e sim para os momentos de tempestade e incompreensão.
Bem-aventurados os misericordiosos que lutam e sofrem, que se agitam e trabalham na materialização do bem comum, porque todos aqueles que fazem da piedade o serviço constante do amor encontram realmente as portas abertas para o Reino de Deus.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XXI
BENÇÃO DE LUZ
Emmanuel
Alegas, por vezes, que não encontras clima favorável às nobres realizações que demandas. Podes, entretanto, estabelecê-lo.
Basta que te disponhas ao cultivo da paz.
Onde te lancem queixas ao rosto, procura o caminho da esperança em que a paz se revele restaurando a harmonia.
Diante de alguém que se haja habituado à perturbação, refere-te à paz que reajusta a concórdia.
Se alguém te envolve em dificuldade, responde com o trabalho em paz, refazendo a serenidade em tua área de ação.
Surpreendendo situações em que surja a guerra nervosa pela troca de acusações, fala com respeito à paz, recuperando a tranqüilidade.
Procura acender uma luz de paz onde estejas, ou busca a trilha de acesso à paz onde caminhes, e não te apartarás da segurança indispensável ao teu próprio equilíbrio.
Esquece-te a ti mesmo pela paz dos outros e os outros te abençoarão com a paz, valorizando-te a vida.
Sempre que aspires a doar o melhor de ti aos que cercam, faze a cada um deles o donativo da paz e, com semelhante apoio, estarás distribuindo em amor a luz da bênção de Deus.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.
CAPÍTULO XXII
BUSQUEMOS MAIS LUZ
Emmanuel
Enquanto o aprendiz da sabedoria avança para diante, traçando senda iluminadas de acesso ao Infinito, o estudante vadio coagula as sombras, ao redor do degrau em que a vida o situa, demorando-se na estagnação da ignorância.
Recebe o corpo, por abençoado instrumento de elevação.
Através dele, se queres, é possível amealhar os valores da espiritualidade vitoriosa, alcançar a paz íntima, recolher as bênçãos do Céu e refletir a Divina Vontade, enriquecendo-te, cada vez mais, pela extensão crescente de tuas faculdades, no engrandecimento da vida.
Busquemos mais luz.
Quando o Mestre nos recomendou nos fizéssemos crianças, perante a Lei, não se propunha reter-nos na ingenuidade ou na incultura. Buscava criar em nós o estado imprescindível de receptividade, à frente da vida, para reajustarmos os fios do próprio destino sobre as bases divinas da verdadeira sublimação.
Homem algum possui consigo recurso bastante para redimir o mundo, mas todos nós guardamos conosco possibilidades suficientes para a regeneração de nós mesmos.
Não te esqueças da hora que passa, convocando-te às construções do Espírito. Nosso único patrimônio real é aquele que se constitui de nossas obras. E tudo aquilo que nos rodeia na encarnação terrestre, seja riqueza ou indigência, dor ou felicidade, plenitude ou escassez, no círculo das circunstâncias a que o renascimento nos arroja, não passa de material didático, objetivando a nossa educação ou aprimoramento moral para a vida eterna.
Não te descures do tempo a força aparentemente inerte, susceptível de oferecer-nos os meios necessários para a ação edificante.
Com os dias, algo produzimos.
Enquanto o lavrador diligente prepara colheitas de prosperidade e alegria, aquele que cruza os braços, à frente do arado, forma cristalizações de indiferença que induzem à escassez.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XXIII
CARIDADE DO ESQUECIMENTO
Emmanuel
Não olvides a caridade do esquecimento de todo mal.
Nela reside a força progressiva do bem.
Dissabores revividos são espinhos bem cultivados.
Diariamente, é possível exercê-la, porque o cipoal dos desgostos de toda sorte nasce também de sementes minúsculas.
A benefício da paz, não te fixes nas pequenas desarmonias que te rodeiam.
Esquece o erro do vizinho.
O mau temperamento do próximo.
A irritação do companheiro.
A ingratidão da parentela.
A intriga sutil.
A palavra maldosa.
A frase contundente.
A resposta impensada dos outros.
A saudação não respondida.
A ilusão dos que te seguem.
A irreflexão de alguns ou de muitos.
A ignorância do associado de luta.
A atitude do irmão, em desacordo com a tua.
A opinião diferente da que adotas.
A cicatriz ou a ferida dos semelhantes.
A infelicidade do companheiro inseguro.
A observação injuriosa que procura ferir-te a dignidade pessoal.
A incompreensão do meio a que serves.
A dificuldade e o obstáculo que se apresentam por abençoadas provas à tua fortaleza moral ou à tua boa vontade.
Lembra-te do auxílio simples do esquecimento da sombra que se interpõe entre o nosso espírito e a realidade.
Abre o coração à Luz e adianta-te, olvidando as trevas da jornada.
Quem recebe a dádiva da luta na condição de um tesouro por engrandecer e aperfeiçoar, realmente encontrou para a própria felicidade, o verdadeiro caminho do Céu.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.
CAPÍTULO XXIV
CHAMADOS E ESCOLHIDOS
Emmanuel
Estejamos convencidos de que ainda nos achamos a longa distância do convívio com os eleitos da glória celeste;
entretanto,
pelo chamamento da fé viva que hoje nos trás ao conhecimento superior, guardemos a certeza de que já somos os escolhidos:
para a regeneração de nós mesmos;
para o esquecimento de todas as faltas do próximo, de modo a recapitular com rigor as nossas próprias imperfeições redimindo-as.
para o perdão incondicional, em todas as circunstâncias da vida;
para a atividade infatigável na confraternização verdadeira;
para auxiliar os que erram
para ensinar aos mais ignorantes que nós mesmos;
para suportar o sacrifício, no amparo aos que sofrem, ainda sem a força da fé renovadora que já nos robustece o espírito;
para servir, além de nossas próprias obrigações, sem direito à recompensa;
para compreender os nossos irmãos de jornada evolutiva, sem exigir que nos entendam;
para apagar as fogueiras do ódio e da incompreensão, ao preço de nossa própria renúncia;
para estender a caridade sem ruído, como quem sabe que ajudar aos outros é enriquecer a própria existência;
para persistir nas boas obras sem reclamações e sem desfalecimentos, em todos os ângulos do caminho;
para negar a nossa antiga vaidade e tomar, sobre os próprios ombros,cada dia, a cruz abençoada e redentora de nossos deveres, marchando, com humildade e alegria, ao encontro da vida sublime...
A indicação honrosa nos felicita.
Nossa presença nos estudos do Evangelho expressa o apelo que flui do Céu no rumo de nossas consciências.
Chamados para a luz e escolhidos para o trabalho.
Eis a nossa posição real nas benções do “hoje”.
E se quisermos aceitar a escolha com que fomos distinguidos, estejamos certos igualmente de que em breve “amanhã” comungaremos felizes com o nosso Mestre e Senhor.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.
CAPÍTULO XXV
CHAMAMENTOS
Emmanuel
Aguça os ouvidos e assinalarás os múltiplos chamados do Senhor ao testemunho de serviço, em teu próprio aperfeiçoamento, cada dia.
Os apelos do Céu ressoam por toda parte, sem palavras, sem abalo, sem ruído...
Repara: – é a dureza de coração que te convida ao exercício da piedade;
é a dor que te pede reconforto balsamizante;
é a calúnia que te reclama o esforço heróico do perdão com absoluto esquecimento do mal;
é a sombra que espera por tua lâmpada acesa na inspiração do bem;
é o cipoal da discórdia que te aguarda a bênção de harmonia...
Não olvides que o Senhor apeia para a tua bondade e para a tua compreensão, para a tua paciência
e para a tua capacidade de servir, em todos os ângulos do caminho...
Aqui é uma esperança frustrada, ali é um desafio do sofrimento que, em nome d’Ele, te pedem confiança e conformação...
A voz do Mestre vibra no santuário doméstico, na oficina em que te confias à conquista do pão, no templo de tua fé religiosa, na via pública...
Fala-te de mil modos diferentes nos amigos, nos parentes, nos companheiros e nos desconhecidos que cruzam com teus passos pela primeira vez!
Levanta-te cada manhã e prepara a acústica da própria alma, a fim de lhe registrares as sugestões e não te esqueças de que se souberes escutar o Divino Mentor nos diversos chamamentos de cada hora – chamamentos à ação digna, à sublimação dos sentimentos, ao dever bem cumprido e à atitude da reta consciência – em breve, te elegerás escolhido para o concerto dos servidores divinos na Glória Superior.
Em verdade, o Dono da Vinha convida os operários da sementeira e da seara, indistintamente para o trabalho comum; entretanto, o esforço e o devotamento, a boa vontade e o sacrifício do cooperador são as forças que o destacam para a eleição a que deve e pode erguer-se.
Muitos chamados e poucos escolhidos! – proclamou o Divino Mestre. É que todas as criaturas estão na Terra, chamadas à construção da luz, mas só aquelas que se consagram às próprias obrigações, na execução dos divinos desígnios, podem atingir a vitória dos que persistem no bem até o fim.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XXVI
CRÊ E VIVE
Emmanuel
Certa feita, comparou o Senhor a edificação do reino do Céu ao serviço sublime da germinação de uma semente minúscula.
Abafado na terra que isola e asfixia, o princípio da vida rompe os envoltórios pesados que o circundam e, elevando-se pouco a pouco, na direção da luz, cresce e frondeja, floresce e frutifica para o enriquecimento da vida e da paisagem.
Se recebeste a semente do Evangelho no solo do coração, não sufoques semelhante benção entre os pedregulhos da desatenção ou da inutilidade.
É imprescindível que a dádiva do Senhor no vaso de tua existência se desenvolva no rumo da claridade do amor, alongando-se em dons de alegria e paz, em benefício de todos os que te cercam...
Não te condenes à estagnação no túmulo caiado da impiedade, trajada de frases brilhantes; não sentencies o conhecimento superior à morte na indiferença; não catalogues a convicção religiosa no museu dos dogmas e das inquirições infindáveis, onde o tempo te imobilizará, pouco a pouco, no sepulcro de frias e antigas desilusões...
Descrucifica o Cristo que ainda jaz crucificado em nossa semicaridade e obscurecido em nossa semiconfiança.
Dá vigor e existência ao Mestre que recebeste no templo da alma!
Crê e vive!
Crê e aperfeiçoa-te!
Crê e eleva-te, elevando os que te rodeiam!
Conduze a esperança onde a fé esmoreceu, faze brilhar a alegria onde a penúria abriu o manto imenso de sofrimento e escuridão...
Jesus é vida, amor, atividade redentora, bênção de todos os dias.
Descrucifiquemos o Divino Amigo que ainda permanece atado ao madeiro espinhoso de nossas incompreensões e negações e, tomando a abençoada cruz que realmente é nossa no desempenho dos nossos deveres de cada dia, alcançaremos felizes a luz de nossa própria ressurreição.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.
CAPÍTULO XXVII
CULTO CRISTÃO NO LAR
Emmanuel
O culto do Evangelho no lar não é uma inovação. É uma necessidade em toda parte, onde o cristianismo lança raízes de aperfeiçoamento e sublimação.
A Boa Nova seguiu da manjedoura para as praças públicas e avançou da casa humilde de Simão Pedro para a glorificação de Pentecostes.
A palavra do Senhor soou, primeiramente, sob o tato simples de Nazaré e, certo, se fará ouvir, de novo, por nosso intermédio, antes de tudo, no circulo dos nossos familiares e afeiçoados, com os quais devemos atender as obrigações que nos competem no tempo.
Quando o ensinamento do Mestre vibra entre as quatro paredes de um templo doméstico, os pequeninos sacrifícios tecem a felicidade comum.
A observação impensada é ouvida sem revolta.
A calunia é isolada no algodão do silêncio.
A enfermidade é recebida com calma.
O erro alheio obtém compaixão.
A maldade não encontra brechas para insinuar-se.
E ai, dentro desse paraíso que alguns já estão edificando, a beneficio deles e dos outros, o estimulo é cântico de solidariedade incessante, a bondade é uma fonte inexaurível de paz e entendimento, a gentileza é inspiração de todas as horas, o sorriso é a senha de cada um e a palavra permanece revestida de luz, vinculada ao amor que o Amigo Celeste nos legou.
Somente depois da experiência evangélica do lar, o coração está realmente habilitado para distribuir o pão divino da Boa Nova, junto da multidão, embora devamos o esclarecimento amigo e o conselho santificante aos companheiros da ramagem humana em todas as circunstâncias.
Não olvidemos os impositivos da aplicação com o Cristo, no santuário familiar, onde nos cabe o exemplo da paciência, compreensão, fraternidade, serviço, fé e bom animo, sob o reinado legitimo do amor, porque, estudando a Palavra do Céu em quatro Evangelhos, que constituem o Testamento da Luz, somos cada um de nós, o quinto Evangelho inacabado, mas vivo e atuante, que estamos escrevendo com os próprios testemunhos, a fim de que a nossa vida seja uma revelação de Jesus, aberta ao olhar e a apreciação de todos, sem necessidade de utilizarmos muitas palavras na advertência ou na pregação.
Extraída do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XXVIII
CULTO INDIVIDUAL DO EVANGELHO
Emmanuel
Nem sempre encontrarás a colaboração precisa ao Culto do Evangelho no templo familiar.
Por vezes, será necessário esperar o amadurecimento dos companheiros que se mostram semelhantes à folhagem viçosa nas robustas frondes da vida, incapazes de perceber a glória da frutificação no futuro.
Ainda assim, procura a intimidade do Mestre e, sozinho embora, sintoniza-te com Ele, através da leitura divina.
Realmente, por agora, és parte integrante do grupo consangüíneo, mas, no fundo, és o irmão da Humanidade inteira, com obrigações de seguir para a frente.
Todos somos peregrinos da eternidade, em trânsito para a vida superior.
Cada situação no círculo das formas, em que experimentamos e somos experimentados, é simples posição provisória.
Lembra-te de que o dia será a inevitável arena do testemunho e, ao longo das horas, encontrarás mil alvitres diferentes.
É a cólera pretendendo insinuar-se através do teu campo emotivo.
É a dor que tentará subtrair-te o ânimo.
É a ventania das provas, buscando apagar-te a fé vacilante e humilde.
É o verbo desvairado que te visitará nas bocas alheias, concitando-te a esquecer as melhores conquistas espirituais.
É a revolta que projetará fel sobre a tua esperança.
È a insubmissão do próprio “eu” que te criará dificuldades inúmeras.
É a vaidade que te repetirá velhas fantasias acerca de tua superioridade inexistente.
É o orgulho que te apartará da fraternidade legítima.
É a preguiça que te fará acreditar no poder da enfermidade sobre a saúde e do desalento improdutivo sobre a alegria edificante
É a maldade que te inclinará a palavra ao julgamento leviano ou apressado, no intuito de arrojar-te às trevas.
Recorda semelhantes inimigos que nos desafiam constantemente, na luta sem quartel da evolução e do aperfeiçoamento, e, no culto individual da Boa-Nova, grava em ti mesmo as observações do Mestre Divino, anotando-lhe os conselhos e avisos e tomando as armas da compreensão e do bem para lutar dignamente, cada dia, na abençoada conquista do futuro glorificado e sem fim.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XXIX
ESPERA SERVINDO
Emmanuel
Na hora em que a vida te exija renovação, não admitas a rebeldia entre as sugestões que ofertem conselho.
Espera servindo.
Os mensageiros da Vida Maior, que se te fizeram tutores e avalistas nos recursos que despendes, jamais te abandonaram. Por vezes, a fim de te recuperarem as forças, de modo a que não desperdices oportunidade e trabalho, são compelidos a providências em teu benefício, nem sempre agradáveis no imediatismo da experiência terrestre.
Em muitos episódios do caminho a percorrer nos campos do tempo, permitem que a enfermidade te incomode por dias determinados, para que atravesses incólume certas fases da estrada, inçadas de tentação susceptíveis de te arrojarem a processos obsessivos; impõem-te contratempos em viagem, premunindo-te contra desastre iminente; não te favorecem a obtenção das posses que ambicionas, defendendo-te contra abusos prováveis que te fariam perder valiosos ensejos de sublimação e progresso; não te suprimem os problemas domésticos de maneira a que observes com segurança onde os pontos a corrigir nas dificuldades caseiras; não te forram contra o grande prejuízo para que não tombes sob perdas fatais; não te concedem este ou aquele entretenimento para que te afastes, a tempo, de riscos que, de imediato, não vês; não te retiram das obrigações consideradas de sacrifício para te livrarem do perigo de queda em assuntos de delinqüência, e, muitas vezes, te separam deste ou daquele apoio afetivo, a fim de que os pesados tributos da paixão não te estraguem a vida.
Nos dias nublados de mudança e desencanto, recorda que o auxílio da Vida Superior está chegando às tuas áreas de atividade e expectativa.
Não respondas ao Céu com o barulho da aflição.
Ruído e desequilíbrio impedem o amparo do amor e a mensagem da paz.
Espera servindo.
Na luz da esperança e pelas bênçãos do teu próprio serviço, Deus te socorrerá.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XXX
GRATIDÃO E ROGATIVA
Emmanuel
Senhor! ...
Ensina-nos a agradecer os bens que temos recebido de Tua Infinita Bondade, sem desconsiderar os supostos males com que a Tua Misericordiosa Justiça nos consolida os bens que já possuímos.
Agradecemos a presença dos amigos que nos ampliam os recursos de modo a nos garantir o próprio reconforto, tanto quanto o concurso dos irmãos que nos auxiliam a despendê-los, seja pelos canais do trabalho ou perante a luz da beneficência; dos que nos amparam a vida e daqueles outros que nos rogam apoio, exercitando-nos nas obras de assistência e solidariedade pelas quais jornadeamos para a aquisição do Amor a que nos destinas; dos benfeitores que nos administram aulas de educação e dos companheiros que se nos fazem examinadores do grau da paciência e tolerância em que estagiamos presentemente...
Agradecemos a bênção dos associados de trabalho e de ideal que nos reconfortam e a escora dos adversários, cujo policiamento nos disciplina; o amparo dos irmãos que nos animam a seguir para a frente e o incentivo daqueles outros que nos ajudam a encontrar as melhoras de que carecemos, através da crítica construtiva...
Senhor!...
Não nos entregues ao suposto bem que se converta em mal, nem nos permita menosprezar o suposto mal que nos conduza ao bem. E sejam quais forem as provas a que formos chamados, ajuda-nos a reconhecer que a tua sabedoria misericordiosa reina sobre nós e que acima da nossas tribulações e obstáculos, dificuldades e lágrimas, estamos todos reunidos em teu coração, incessantemente sustentados em teu amor para sempre.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier
CAPÍTULO XXXI
GUERRA VIVA
Emmanuel
Em verdade, a civilização do Ocidente já conseguiu abolir, no campo de seus hábitos mais arraigados, a praga social do duelo, através da qual homens válidos se atiravam inutilmente à morte...
Espadas e armas de fogo de velhos salões aristocráticos jazem relegadas ao abandono e ao silêncio dos museus, mas o homem que rixava com o próximo, no pretérito distante, buscando pretextos para aniquilar-lhe a vida, prossegue alimentando em si mesmo a cultura de projeteis mentais, vivos e mortíferos, com que interfere no programa santificante do Cristo, perturbando o caminho dos semelhantes ou exterminando a si mesmo.
Não mais a contenda ostensiva na praça pública, mas a desarmonia destruidora no coração.
Cada inteligência é um fulcro da vida, arrojando de si mesma forças intangíveis que geram todos os processos de assimilação e desassimilação, em nossa estrada comum.
E em todos os setores, vemos o companheiro terrestre despendendo energias que lhe guerreiam a própria existência e lhe consomem a própria felicidade.
Elevada percentagem das moléstias indefiníveis nasce do desequilíbrio espiritual a que se rendem as criaturas.
Os sanatórios e as estações de repouso assemelham-se a praias de socorro, onde aportam inevitavelmente os milhares de náufragos do mundo social sem o Cristo em que o homem se perde à maneira de viajor sem direção.
Em quase todas as instituições e em quase todos os lares, vemos a atividade ruinosa dos projeteis do pensamento desvairado.
Raios de orgulho e vaidade, criando complexos de culpa.
Raios de ódio, estabelecendo perturbações de conseqüências imprevisíveis.
Raios de inconformação, consolidando processos de angústia.
Raios de tristeza estéril, estabelecendo enfermidades obscuras.
Raios de cólera, induzindo à delinqüência.
Raios de egoísmo, formando trincheiras de separatividade e sofrimento.
Raios de preguiça, coagulando as melhores oportunidades de trabalho e abrindo o caos, à frente das promessas e dos votos brilhantes.
Raios de crueldade, congelando a ignorância e a penúria, em desfavor da Humanidade, a quem devemos o nosso preito incessante de serviço e de amor.
Busquemos Jesus, cuja supervisão divina pode realmente consagrar dentro de nós o governo sadio do equilíbrio e da sublimação.
Sem o Mestre da Cruz não aprenderemos o caminho que nos cabe trilhar, e sem a Cruz do Mestre será de todo impraticável a nossa verdadeira ressurreição.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XXXII
INSTRUMENTOS DO TEMPO
Emmanuel
Leitor amigo
Convidados a estudar os ensinos do Cristo, à luz da Doutrina Espírita, com os instrumentos do tempo, fomos impulsionados a reconhecer que os instrumentos do tempo são as palavras.
Calaram-se civilizações no desdobrar dos séculos e processos de vivência humana evoluíram em todos os planos; entretanto, o verbo é a engrenagem do relacionamento espiritual na Terra, sempre o mesmo, pleno de revelações e prodígios na renovação do Mundo e da Vida.
Por isso mesmo, possuímos conceitos, os mais diversos, ao redor de assuntos determinados que as palavras definem por si, na simples enunciação mecânica que lhes é própria:
Palavras-construções e palavras-pedras.
Palavras-luzes e palavras-embalagens.
Palavras-sementes e palavras-charruas.
Palavras-bençãos e palavras-mensagens.
Palavras-explicações e palavras-estruturas.
Palavras-medicamentos e palavras-bisturis.
Palavras-lâminas e palavras-auxílios.
Palavras-sinais e palavras-advertências.
Palavras-melodias e palavras-protestos.
Palavras-esperanças e palavras-terminações.
As páginas deste livro são instrumentos do tempo, esculturando as elucidações da verdade para o caminho de progresso e aperfeiçoamento que fomos trazidos a percorrer.
Semelhantes agentes codificadores da realidade, a fim de que nos informemos quanto aos programas e problemas que competem a cada um de nós, são as palavras que alinhamos por fios de comunicação no intercâmbio de idéias e anotações que aspiramos a alcançar.
Entregando-te, pois, este volume despretensioso, agradece ao Senhor as ferramentas de que dispomos para os nossos entendimentos recíprocos, ao mesmo tempo em que rogamos a Ele, nosso Senhor e Mestre, nos ilumine e nos abençoe.
Emmanuel
(Uberaba, 3 de outubro de 1974)
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.
CAPÍTULO XXXIII
MISERICÓRDIA
Emmanuel
Não aguardes a queda espetacular do próximo, nos despenhadeiros do crime ou do sofrimento, para exercer o dom da misericórdia que o Senhor cultivou em nossa fé.
Mais vale o amparo previdente na preservação do equilíbrio, que o remédio de efeito problemático no reajuste.
Não desperdices teus minutos, na expectação inoperante, exclamando à frente dos problemas difíceis:
-Amanhã farei alguma coisa.
-Depois, tentarei realizar.
-Um dia chegará...
-Quando a oportunidade surgir...
Ataca, hoje mesmo, o serviço da fraternidade, para que a compaixão não seja em teu espírito um ornamento inútil.
Sê misericordioso para com os que te cercam.
Inicia a obra de benemerência, em tua própria casa, distribuindo algumas palavras de incentivo com quem te comunga o cálice de luta.
Ajuda aos mentores de teu caminho com algum sorriso de compreensão, restaura a coragem na alma da esposa, restabelece o bom ânimo do companheiro, auxilia os irmãos, usando a chave milagrosa do carinho, e não te esqueças do apoio que os corações juvenis reclamam de tua boa vontade e de tua experiência que o Cristo enriqueceu.
Há mil meios de praticar a misericórdia a cada dia.
Não olvides o silêncio para a calúnia, a bondade para com todos, a gentileza incessante, a frase amiga que reconforta, a roupa que se fez inútil para o corpo, suscetível de ser aproveitada pelo irmão mais necessitado, o pão dividido, a prece em comum, a conversação edificante, o gesto espontâneo de solidariedade...
Ninguém é tão pobre que não possa dar alguma coisa aos semelhantes, e aquele que se compadece e ajuda cede ao próximo algo de si mesmo.
Não te detenhas, portanto.
Não admitas que a incerteza ou o temor te imobilizem o passo.
Vale-te das horas e auxilia sempre, sem ostentação de virtude, sem reclamação, sem alarde, e a vida entesourará as tuas migalhas de amor, delas formando a tua riqueza imperecível na bem-aventurança espiritual.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.
CAPÍTULO XXXIV
NO ATO DE PEDIR
Emmanuel
Em formulando rogativas ao Céu, não olvides que a oração, como súplica, tanto quanto ocorre a edificações comezinhas da experiência humana, pode ser dividida em três processos essenciais: desejo, esforço e realização.
O desejo é a aspiração ardente.
O esforço é o trabalho.
A realização é a resposta da vida.
O arquiteto concebe um edifício, mas se não mobiliza os recursos precisos à construção, não logra concretizar o projeto.
O oleiro idealiza o vaso nobre, entretanto, se foge ao contacto com o barro obscuro que lhe propiciará a obra prima, em vão tê-la-á estruturado na visão mental.
O lavrador sonha com a messe rica e farta, contudo, se abandona a enxada à ferrugem, quando a gleba lhe solicita suor na sementeira, debalde esperará pela colheita que se lhe desvanecerá no espírito por ilusão distanciada e inútil...
Não te circunscrevas ao ato de suplicar...
Felicidade e esperança, alegria e amor, cooperação e simpatia, são talentos substanciais que nos reclamam sacrifício para frutescerem no campo da vida.
Indispensável plantar o bem nos mínimos atos de cada dia, nas mais insignificantes situações e entre os mais ínfimos seres, se nos propomos colher o bem, na forma de saúde e bom ânimo, ventura e segurança, contentamento e fé viva.
Recorda que o próprio Cristo, em desejando a redenção da Humanidade, não se limitou ao êxtase das preces inoperantes no Céu.
Oferecendo-se em nosso auxílio, veio até nós e sofreu a extrema renúncia, para legar-nos os tesouros eternos da vida.
Na oração em que te diriges à Providência Divina implorando algo, não te esqueças de que algo deves fazer para que algo obtenhas.
Sobretudo, ajuda indistintamente, porque o ser-viço ao próximo é a oração mais completa a garantir--nos o crédito necessário aos sentimentos e raciocínios, às idéias e às palavras, que, alicerçados no bem puro e simples, se convertem, com a bênção de Deus, para nós e para os outros em sublime realidade, hoje e amanhã.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XXXV
NO CORPO
Emmanuel
Há quem menospreze o corpo, alegando com isso honorificar a alma; no entanto, isso é o mesmo que combater a escola, sob o estranho pretexto de beneficiar o aprendiz.
Leve observação, porém, nos fará lembrar a importância da vida física.
Diz-se, muitas vezes, que o corpo é adversário do espírito; contudo, é no corpo que dispomos daquele bendito anestésico do esquecimento temporário, com que a cirurgia da vida, nos hospitais do tempo, nos suprime as chagas morais instaladas por nós mesmos, no campo íntimo; nele, reencontramos os desafetos de passadas reencarnações, nas teias da consangüinidade ou nas obrigações do grupo de serviço para a quitação necessária de nossos débitos, perante a lei que nos governa os destinos; com ele, entesouramos, pouco a pouco, os valores da evolução e da cultura; auxiliados por ele, perdemos os derradeiros resquícios de herança animal, que carregamos por força da longa vivência nos reinos inferiores da Criação, a fim de que nos elevemos aos topes da inteligência; integrados nele, é que somos pacientemente burilados pelos instrumentos da Natureza, ante a glória espiritual que a todos nos aguarda, no Infinito, na condição de filhos de Deus; e, finalmente, é ainda no corpo que somos defrontados pelos grandes amores, a começar pela abnegação dos anjos maternais da Terra, que nos presidem o estágio no plano físico, habilitando-nos para aquisição dos mais altos títulos da escola da experiência.
Meditemos em tudo isso e saibamos ver no corpo a harpa sublime em que a sabedoria do Senhor nos ensina, século a século, existência a existência e dia por dia, a bendita ciência do crescimento e da ascensão para a Vida Imortal.
Extraída do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XXXVI
O MINUTO
Emmanuel
Dádiva divina, repete-se infinitamente em nossa estrada.
Usando-a, é possível a realização de surpreendentes milagres em nossa vida.
Pede-nos tão-somente trabalho, boa vontade e diligência no bem, para trazer-nos sublimes edificações...
A sementeira do êxito.
O reajuste da própria alma.
O regresso ao caminho de luz.
O tesouro do entendimento.
A fortuna da sabedoria.
A plantação da amizade.
O progresso nas boas obras.
A conquista da simpatia.
A aquisição do concurso fraterno.
A bênção do dever bem cumprido.
Todo o engrandecimento de nossa vida começa na insignificância aparente de um minuto.
Considera a graça do Tempo que o Senhor te concedeu para a luta santificante na Terra e ajuda-te a ti mesmo, aplicando-a em tua própria felicidade.
Cada minuto é uma semente de amor que podes cultivar ou uma abençoada luz que pode acender para o grande futuro.
O Tempo, ao Comando Divino, marcha com regularidade, renovando e aperfeiçoando todas as criaturas e todas as coisas.
Não permaneças na retaguarda.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.
CAPÍTULO XXXVII
PALAVRAS AOS COMPANHEIROS
Emmanuel
Meu amigo, aprende a semear a luz no solo dos corações, conduzindo o arado milagroso do amor, para que as sombras da ignorância abandonem a Terra para sempre.
Quando o pântano e o espinheiro te ameaçarem a marcha, quando a pedrada infeliz da discórdia ou o golpe imprevisto da incompreensão te ferirem o devotamento, usa a bondade que Jesus te concedeu e avança, trabalhando...
Alguém projetou o fel da calúnia sobre o teu nome?
Esquece e caminha.
Muitas vezes, o coração do amigo é ainda frágil e cede ao primeiro impulso da arrasadora ventania do mal.
Alguém escarnece de teu esforço?
Despreocupa-te e age fraternalmente.
Não é possível improvisar em alguns minutos o entendimento justo com respeito às coisas sagradas que nos felicitam o espírito.
Alguém começou a cooperar contigo e desertou da sementeira?
Silencia e adianta-te.
Nem todos sabem perseverar no sacrifício pessoal pela vitória do bem, dia a dia, na esteira dos anos incessantes.
Alguém te menoscaba a tarefa, subestimando-te o desinteresse pelas posses humanas e o carinho pela divina revelação?
Olvida e segue.
É preciso aprender e sofrer com a luta terrestre para reconhecer o conteúdo de ilusão que transborda das fantasias da carne que passa breve.
Alguém te acusa gratuitamente?
Perdoa e movimenta-te na direção do porvir.
Há muito ódio e muita discórdia envenenando as almas, e a maldade lança trevas sobre a fronte dos melhores colaboradores do progresso.
Em todas as aflições da romagem, se souberes ver, enxergarás a ignorância oprimindo, vergastando, destruindo...
É necessário acender a lâmpada sublime da piedade, avançando sempre.
Observa o chão lodacento e inculto, provocando a inquietação e o pavor, quando observado precipício a dentro...
Mas se arremessares a semente pequenina no leito tenebroso, em breve a terra endurecida e nua se cobrirá de verdura e perfume, flores e frutos.
Assim é o campo humano.
Em toda parte há erosão da miséria e charcos de dor.
Não te detenhas, porém.
Lança a tua semente de fraternidade e sabedoria, auxílio e compreensão, e a ignorância cederá terreno ao teu ideal de ajudar e servir, multiplicando-se as bênçãos de tua lavoura de amor, a beneficio da Humanidade inteira.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAPÍTULO XXXVIII
PERANTE OS CAÍDOS
Emmanuel
Tão fácil relegar ao infortúnio os nossos irmãos caídos!... Muitos passam por aqueles que foram acidentados em terríveis enganos e nada encontram a fim de oferecer-lhes, senão frases como estas: "eu bem disse", "avisei muito"...
No entanto, por trás da queda de nosso amigo menos feliz estão as lutas da resistência, que só a Justiça divina pode medir.
Este foi impelido à delinqüência e faz-se conhecido agora por uma ficha no cadastro policial; mas, até que se lhe consumasse a ruína, quanto abandono e quanta penúria terá arrastado na existência, talvez desde os mais recuados dias da infância!... Aquele se arrojou aos precipícios da revolta e do desânimo, abraçando o delírio da embriaguez; contudo, até que tombasse no descrédito de si mesmo, quantos dias e quantas noites de aflição terá atravessado, a estorcegar-se sob o guante da tentação para não cair!.. Aquela entrou pelas vias da insensatez e acomodou-se
No poço da infelicidade que cavou para si própria; todavia, em quantos espinheiros de necessidade e perturbação ter-se-á ferido, até que a loucura se lhe instalasse no cérebro atormentado!... Aquele outro desertou de tarefas e compromissos em cuja execução empenhara a vitória da própria alma e resvalou para experiências menos dignas, comprometendo os fundamentos da própria vida; no entanto, quantas tribulações terá agüentado e quantas lágrimas vertido, até que a razão se lhe entenebrecesse, abrindo caminho à irresponsabilidade e à demência!...
Diante dos companheiros apontados à censura, jamais condenes! Pensa nas trilhas de provação e tristeza que perlustram até que os pés se lhes esmorecessem, vacilantes, na jornada difícil! Reflete nas correntes de fogo invisível que lhes terão requeimado a mente, até que cedessem às compulsões terríveis das trevas!...
Então, e só então, sentirás a necessidade de pensar no bem, falar no bem, procurar o bem e realizar unicamente o bem, compreendendo, por fim, a amorosa afirmação de Jesus: "Eu não vim à Terra para curar os sãos".
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.
CAPÍTULO XXXIX
QUEIXAS NÃO
Emmanuel
A vida é uma escola.
Por mais difícil o processo educativo a que nos vejamos submetidos, saibamos valorizar o tempo, agradecendo e trabalhando ao invés de reclamar ou ferir.
Todos somos chamados a estudar e aprender, prestigiando as oportunidades e as horas.
Imagina quanta atividade ser-nos-á possível desenvolver em trinta minutos.
Despendendo semelhante cota de tempo, conseguimos facilmente reconfortar corações aflitos, estender apoio aos que sofrem mais que nós mesmos, reerguer esperanças caídas e efetuar prestações de serviço, à feição de viveiros de paz e luz.
Por mais constrangedoras as circunstâncias que nos cerquem, nunca nos lamentemos.
Ao contrário disso, apliquemo-nos, quanto se nos faça possível, à concretização do bem de todos.
Nessa diretriz, entretanto, é indispensável se nos amplie a visão.
Compreender mais, para servir melhor.
Os motivos para inquietação surgem freqüentemente no cotidiano, mas, se lhes penetramos o objetivo, saberemos acolhê-los, de imediato, por ensinos da vida em nosso favor.
A desarmonia sugere a necessidade de entendimento.
O obstáculo leciona confiança.
A solidão fornece aulas de auto-análise.
O fracasso administra experiência.
Imperioso discernir, a fim de que nos reconheçamos na condição de alunos, em todos os lances e dificuldades do caminho que nos foi apontado ao trânsito comum.
Cada dia é uma fração de recursos que podemos empregar em aprendizado e melhoria por fora, para enriquecimento e sublimação por dentro de nós.
Ante aqueles que já despertaram nas responsabilidades próprias, não existe ocasião para queixas.
Todas as horas são instrumentos que favorecem a execução das tarefas que fomos induzidos ou claramente requisitados a realizar no campo do bem.
Empenhemo-nos em lutar pela própria elevação.
Ninguém está excluído.
Quantos se afastam de semelhante imposição da existência caem facilmente na reclamação ou na rebeldia, encontrando em si mesmos o infortúnio dos que param de agir e servir.
Inexperientes ainda, acomodam-se com a ociosidade e com a sombra, esquecendo-se, porém, de que unicamente aqueles que dormem sobre colchões de rosas são os que sabem dramatizar a agressão dos espinhos.
(De “Instrumentos do Tempo”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)
CAPÍTULO XL
SELO DO AMOR
Emmanuel
Pelo caminho da ascensão espiritual, denominado "cada dia", encontrarás variados recursos de aprimoramento, a cada passo.
É o trabalho que te espera a noção de responsabilidade no devotamento ao dever.
É a oportunidade de praticar o bem, incessantemente.
É o companheiro da parentela consangüínea que te não compreende ainda e, junto do qual, podes exercer o ministério do auxílio e do perdão.
É o adversário que te combate os propósito de melhoria com quem a luta te possibilita a hora de paciência e aprendizado.
É a tentação sedutora, que nasce das profundezas de teu próprio ser, em cujo clima é possível desenvolver a tua resistência para a aquisição de novo poder moral.
É o espinho que te fere ou a pedra que te maltrata, que se fazem benfeitores de tua jornada, por te descerrarem o santuário da prece e da humildade, se a tua mente vive acordada à luz do Senhor.
É a dificuldade que, muitas vezes, te surpreende nos lábios dos mais queridos, constrangendo-se à consolidação de virtudes imprecisas.
Segue adiante, amando, crendo, esperando e servindo sempre.
Cada obstáculo e cada amargura guardam raízes no processo educativo de nossa própria regeneração.
Cada ensinamento tem o seu lugar, a sua hora e a sua finalidade.
Aproveita semelhantes bênçãos, de conformidade com os padrões de Jesus que passou entre nós fazendo o bem, que nos ama desde o princípio e que permanecerá conosco, até o fim dos séculos.
Dirás, talvez, diante de nosso apelo: - "Não compreendo, não me lembro, não posso..."
O Senhor, entretanto, não nos impõe fardos que não possamos suportar, não nos endereça problemas que não estejamos aptos a resolver e jamais esqueçamos que a reencarnação traz o selo do amor divino, em benemérito esquecimento, enriquecendo-nos de bênçãos de reaproximação, fraternidade e serviço, a fim de executarmos, sem percalços invencíveis, o trabalho de nossa própria redenção.
(Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier. Do livro “Instrumentos do Tempo”)
CAPÍTULO XLI
VOLTARÁS AMANHÃ
Emmanuel
Não repouses na gleba de possibilidades que o Divino Amor te confiou no coração da Ter
Voltarás amanhã para colher o que hoje semeias.
Ninguém te pede milagres de santidade num dia.
A árvore vigorosa não cresceu de improviso.
A cidade em que renasceste não se levantou de repente.
Tudo se desenvolve, minuto a minuto...
A vida impõe-te “agora” as conseqüências do “antes”.
Somos hoje no espaço e no tempo, a projeção do que fomos...
Se a dor é a tua mestra constante, agradece-lhe o serviço e aprende a lição. Ela é o recurso invisível com que a Bondade do Senhor te arrebata ao labirinto das sombras de ti mesmo.
Se recebeste alguma facilidade para atravessar, com êxito, a escura região terrestre, não te confies à preguiça ou à vaidade, para que o sofrimento não seja convidado a desintegrar a gelada neblina em que te sepultarás sem perceber.
Não te esqueças.
A oportunidade passa, mas a luta adiada volta sempre.
Amanhã reencontrar-te-ás contigo mesmo, na paisagem que o mundo te oferece, nos ideais que esposas, nos trabalhos confiados à tua mão ou na pessoa do próximo que honras ou menosprezas...
Cumpramos, agora, os nossos iluminados deveres à face da Lei. Convertamos nossa experiência pessoal em serviço a todos, transformando as horas, que Deus nos empresta, em bênçãos de utilidade, beleza, graça e harmonia e o futuro constituir-se-á para nossa alma em abençoado e celeste caminho de ascensão.
Não critiques destruindo.
Não julgues o mal por mal.
Não firas a ninguém.
Não revides os golpes da sombra para que te não demores nas malhas da treva.
Não retribuas ofensa por ofensa, amargura por amargura, incompreensão por incompreensão.
Ama, auxilia e passa, e, quando regressares à Terra, amanhã, o mundo receberá teus pés, em chuva de bênçãos.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.