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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Natal de Sabina-Francisco Cândido Xavier

 

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O Natal de Sabina

Francisco Candido Xavier

Pelo Espírito

de Francisca Clotilde

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(Chico Xavier)

Conteúdo resumido

E uma carta viva de uma mãe chamada Sabina que relata as grandes lutas travadas no corpo físico e que foi ditado pelo espírito de Francisca Clotide.

Leitor amigo:

Francisca Clotilde não é apenas a irmã que veneramos no Mundo Espiritual.

E igualmente a mestra e amiga que nos conquistou pelo coração.

Colecionadora de informes, episódios, ocorrências e anotações, em tomo dos contatos de Jesus conosco, as criaturas da Terra, oferece-nos neste livro luminosa dádiva dos conhecimentos e lembranças que lhe enriquecem a vida. Mensagem de consolação e esperança que dispensa apresentação.

Confiamo-lo a você, dentro da emoção e da alegria com que recolhemos as instruções da generosa Autora, a quem devotamos amor e reconhecimento na maior expressão.

Creia.

Entregando-lhe este brinde da alma, agimos com o respeito e o carinho de quem transmite uma bênção.

MEIMEI

Uberaba, 19 de Março de 1973

Natal

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A cidade vibra.

Desde muito anoiteceu.

Ouvem-se vozes cantando:

"Hosanas!!... Jesus nasceu!..."

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Rodam carros apressados,

Muitos grupos vão a pé...

A alegria, em toda parte,

Traduz esperança e fé.

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Enfeites! Guirlandas! Lojas!...

Cores de todo matiz...

Quantas mães falando em Deus!...

Quanta criança feliz!...

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Estrelas lembram na Altura

Alampadários em flor,

Descendo em bandos à Terra

Para um festa de AMOR.

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Em meio de tanto brilho,

Quase de rastros no solo,

Sabina passa na rua

Com trapos a tiracolo.

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Andrajos cobrem-lhe o corpo;

Na face desconsolada

Traz ainda o pó viscoso

Do leito sobre a calçada.

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Abeira-se de uma casa,

Pede pão, diz que tem fome,

Afirma-se fatigada,

Há dois dias que não come...

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Um senhor enraivecido

Ataca de rosto em brasa:

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- "O hospício fica mais longe,

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Afaste-se desta casa..."

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Sabina toma outro rumo,

Pede bolo à padaria,

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Vem um rapaz e responde

Com manifesta ironia:

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"Não vê que está na cachaça?

Não nota que cambaleia?

Saia daqui, saia agora!...

Peça bolo na cadeia"....

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Sabina Ouve....

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A pobrezinha se arranca,

Procura, em travessa ao lado,

Antiga caixa de esgoto

Num recanto abandonado.

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Em torno, a cidade brilha,

Toda envolvida de luz!...

Deitada no chão de pedra,

Sabina pensa em

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JESUS

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Onde nascera Sabina?

Vivia, afinal, com quem?

Era inútil perguntar,

Ninguém sabia,

Ninguém...

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Lavava roupa em fazendas,

Capinava milharais;

Depois, ficara doente...

Ninguém a queria mais.

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Tivera um filho, o Antoninho,

Que lhe fora apoio à vida...

Morrera aos oito de idade,

Com febre e tosse comprida.

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Desde a morte do menino,

Fazia em tudo supor,

Abatida e desgrenhada,

Que enlouquecera de dor...

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Era triste, desleixada,

Andava, de déu em déu,

Se parava, era somente

A fim de fitar o Céu.

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Nessa noite de alegria,

Embora sem entendê-las,

Enfraquecida e cansada,

Sabina olhava as estrelas.

Parecia o firmamento

Um campo da primavera...

Onde estaria no alto

O filho que Deus lhe dera?

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Em lágrimas, recordava

O Natal de antigamente,

O barraco improvisado,

O bule de café quente...

Revia, a fel de saudade,

Os sorriso de Antoninho,

Ao despejar-lhe nas mãos

As dádivas do vizinho...

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Restava-lhe, unicamente,

Depois do filhinho morto,

Doença, frio, abandono,

Sofrimento, desconforto...

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Nisso, alguém lhe surge à frente,

Homem moço em largo manto,

Por tudo e em tudo irradia

Incomparável encanto.

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"Sabina - falou o estranho -

Em que pensa, triste assim?

Não vê que a cidade inteira

É um luminoso jardim?

Ela explica: - "Não, senhor,

Nada vejo, em derredor,

Quando é noite de Natal,

Meu sofrimento é maior..."

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"Que quer você? - Disse o jovem -

Dinheiro? Roupas de renda?

Um tanque para lavar,

Um milharal de fazenda?!..."

"Ah! senhor

- clamou a pobre,

Tremendo na ventania -

Se o Céu me escutasse agora,

Nada disso pediria...

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Como sempre, rogo em prece,

Enferma e só como estou,

O filho que Deus me deu

E a morte me arrebatou..."

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"Sua oração foi ouvida..."

Ele informa, face em luz.

"Quem ouço?..." indaga Sabina.

Ele diz: - "Eu sou Jesus!..."

Do manto dele um pequeno

Sai envolto em doce brilho...

Clama o garoto:

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- "Mamãe!..."

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Sabina grita: - "Ah! Meu filho!..."

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Encontro, surpresa, bênção,

júbilo imenso depois...

Sabina beijava o filho,

Jesus abraçava os dois!...

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Naquelas pedras de rua,

Que a luz do Céu banha e doura

Clarões pintavam em prata

Lembranças da Manjedoura.

Logo após, os três partiam

Ouvindo canções ditosas,

Em nave feita de estrelas

Emolduradas de rosas.

Em toda parte, as legendas

Que o mundo nunca esqueceu:

"Glória a Deus!... Paz sobre a Terra!...

Hosanas!... Jesus nasceu!..."

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No outro dia, cedo ainda,

Uma senhora na estrada,

De longe, enxerga Sabina

Como a dormir, recostada...

A dama quase supõe

Na pobre que conhecera

Um retrato da alegria

Numa escultura de cera.

Volta à casa... Traz um caldo,

Quer saber se a reconforta.

Chama Sabina, de leve,

Mas Sabina...

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estava morta.

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FIM